domingo, 31 de maio de 2009

Íntimo e pessoal com Agnetha Fältskog

Agnetha Fältskog não é fácil de se pegar para uma entrevista. A imprensa do mundo inteiro pode concordar com isso. Recentemente a imprensa mundial se acumulou do lado de fora de sua casa em Lidingö após o divórcio. Implorou para obter uma entrevista, mas nada adiantou. Agnetha queria ficar sozinha.

Ela não acha que tenha muito a dizer. Mas ela também é uma pessoa naturalmente tímida, o que faz ela evitar jornalistas que freqüentemente fazem perguntas não muito importantes, diz ela.

Então porque ela concordou em me dar uma entrevista eu não sei. Talvez eu apenas tenha feito o convite a ela no momento certo.

Pela primeira vez ela fala sobre sua infância, sua educação, como ela foi descoberta, como o ABBA nasceu, amor e divórcio. Sua própria maneira de se expressar mostra uma pessoa insegura e curiosa que é. Ela esteve passando por uma crise difícil, mas agora vê a luz no fim do túnel. Então a imagem de um ser humano muito vivo que é atormentado pela culpa e quer ficar na sua emerge.

Há uma história que não foi incluída nesta entrevista. Posso falar aqui. Ela fala muito sobre o que uma modesta Agnetha Fältskog é:

Agnetha e eu decidimos ao telefone pelo encontro em um restaurante chinês em Estocolmo. Algum lugar em que cruzássemos nossos fios. Acabei no China Garden em Karlavägen, enquanto Agnetha estava à espera no China Park em Birger Jarlsgatan. Também levei meia hora para perceber a confusão. Durante esse tempo Agnetha ligou para minha casa e perguntou à minha esposa porque eu não havia aparecido. Minha esposa disse que eu havia saído há muito tempo e que normalmente sou muito pontual.

- Eu pensei que ele houvesse esquecido de mim, disse Agnetha. Mas tudo bem, eu vou esperar um pouco mais.

Esquecer uma celebridade mundialmente famosa! Esquecer um jantar com Agnetha Fältskog! Fiquei espantado quando ouvi sobre sua reação. Não me atrevi a pensar que ela ainda estaria lá. Mas ela estava - quando cheguei correndo, sem fôlego. Eu poderia nomear pelo menos 50 outras celebridades que teriam deixado o restaurante após cinco minutos se o jornalista não aparecesse. Mas é assim que ela é, Agnetha Fältskog. Na medida o que poderia se esperar de uma diva.


Você tem passado por crises em sua vida privada. Como você lida quando algo assim acontece?
- Eu tenho alguma segurança em mim. Quando ocorre um problema eu só quero ir para a casa dos meus pais. Estou muito feliz que ainda estejam por perto. Eu penso muito neles, e na minha infância. Foi aí que tudo começou, não foi? Eu cresci em Jönköping. Meu pai é um administrador na companhia de eletricidade, a minha mãe é caixa em Konsum (uma loja de alimentos), mas quando eu e minha irmã éramos mais jovens ela ficou em casa conosco durante vários anos.

Como era em casa?
- Não era exatamente uma casa tranqüila. Todos falavam uns com os outros. Papai - um verdadeiro palhaço - era algo como um pai divertido para toda a cidade. Ele escrevia shows de Ano Novo e tocava piano. Mamãe também é musical. No início desenvolvi um gosto pela diversão. Quando eu era adolescente viajava com uma orquestra de dança e cantava, escrevi minhas próprias músicas que foram bem sucedidas. Eu tinha muita liberdade. Mas é claro que eu tinha que ser responsável. Eu tinha que ser pontual e não ficar fora por muito tempo. Ao mesmo tempo, trabalhava em um escritório. Eu era a garota no quadro de distribuição. Isto não me dava muito, apenas uma sensação de ser estrangeira. Quando o telefone não estava tocando eu estava pensando sobre o que fazer da minha vida. Eu era uma sonhadora e fantasiava muito, mas ao mesmo tempo eu percebi que eu tinha que ter uma educação. Mas a música entrou no caminho. Um namorado acabou comigo e eu escrevi uma canção romântica chamada "Jag Var Så Kär" (Eu estava tão apaixonada).

E então a aventura começou?
- A esposa do líder da banda conhecido como cantor de rock Little Gerhard (Karl Gerhard Lundqvist) em Estocolmo. A orquestra decidiu enviar-lhe uma fita com algumas músicas. Nós realmente queríamos fazer uma gravação. Eu recebi uma resposta pessoal, que foi positiva. Eu não podia acreditar nisso no início. Era assim que eu estava convencida que eu nunca iria significar nada. Isto resultou em uma gravação no estúdio Philips em Estocolmo, mas não com a "minha" orquestra. Meu pai veio comigo e segurou a minha mão. Eu estava mais nervosa do que nunca. Eu estava tremendo e minha boca estava seca. Nós gravamos e lançamos dois singles, o que era invulgar para uma estreante. O meu ídolo naquele tempo era Connie Francis. Eles disseram que soei parecida com ela. "Jag Var Så Kär" se tornou um sucesso. A aventura havia começado.

Como foi formado o ABBA?
- ABBA foi formado por amor, você poderia dizer. Björn e eu estávamos apaixonados. E assim foi com Benny e Anni-Frid. Estávamos todos apaixonados e animados especialmente quando trabalhávamos juntos. Nos tornamos mundialmente famosos, mas isso não significa nada para nós. Nós somos suecos e suecos estão firmemente plantados no chão. Björn e eu vivemos juntos por três anos, então nos casamos. Estávamos casados há sete anos quando nos divorciamos. Isto não terminou abruptamente. Foi um longo processo. Mas o ABBA não tem nada a ver com isso. Teríamos nos divorciado mesmo se não trabalhássemos juntos. Nós nos desenvolvemos em direções diferentes e os problemas começaram. Eu senti como se não tivesse toda liberdade no casamento, bloqueada. Nós apenas nos abatemos por amor e nos aborrecemos um com outro até que decidimos viver separados.

Por quê?
- Há algo estranho quando estamos casados. Você dedica todo seu tempo ao seu parceiro e você esquece de seus amigos. Depois de um tempo você se sente bloqueado e se pergunta o que aconteceu. Você ainda não cresceu como pessoa e começa a entrar em pânico. Posso fazer isso comigo, vou destruir isso pelos meus filhos? O que eu quero fazer com a minha vida? É a grama verde do outro lado? Sua consciência assombra você, assim como seus medos do futuro.
- Quando Björn e eu chegamos a esse nível procuramos um psicólogo, assim como você vai ao médico se estiver fisicamente doente. Nada de estranho nisso. Mas os tablóides fizeram um grande barulho pelo fato de termos ido ver um psicólogo e insinuaram que eu estava tendo um caso com ele. Era apenas mais uma mentira ali?
- Um divórcio é algo terrível de se passar. Mas é ainda pior ser submetido às mentiras dos tablóides em artigos onde eles apresentam isso como verdade. Você fica impotente. Não ajuda se você recorrer a eles para que lhe deixem em paz. Existem algumas revistas que escrevem exatamente o que querem e que usam para aumentar as vendas.

Então agora você tem crises de convivência com o ABBA?
- Uma vez que decidimos pela separação isto naturalmente levou a uma reunião no ABBA. O que um divórcio significaria para o ABBA? Ficamos todos de acordo que não significaria nada. Nós continuaríamos indo como de costume e estamos fazendo isso há seis meses. E trabalhamos muito bem.

Quando o ABBA se dividirá?
- Se o ABBA se dividir não será por causa de assuntos amorosos internos, seria porque Björn e Benny não querem mais escrever músicas. É preciso muito esforço, eles trabalham isolados por semanas toda vez que escrevem algo novo. É apenas razoável que a inspiração desapareça eventualmente.

Como é que você passa o seu tempo livre?
- Eu passo todo meu tempo livre com os meus filhos. Linda tem 6 anos, Christian tem 1. Nós jogamos, caminhamos, vamos à Skansen, ouvimos música. As crianças são o mais importante na minha vida. É importante dormir bem. Isso nem sempre acontece quando você tem filhos pequenos. Se eu dormir apenas por quatro horas o dia seguinte fica completamente arruinado pra mim.

Você tem recebido muitas cartas (dos fãs)?
- Muitas cartas chegam, não poucas do exterior, depois do nosso divórcio. Os remetentes estão chateados com o que aconteceu, eles querem conforto e ajuda. Acho surpreendente que tantas pessoas possam ficar tão envolvidas só porque eu sou uma cantora. Alguns deles perguntam se nós vamos voltar a ficar juntos. Nós nos machucamos muito um a outro, por isso muitas coisas foram ditas. Porque estamos tão descuidados com o amor? Dessa forma, é possível viver sem amor? Não, eu não posso.

O que disse Stikkan Anderson quando começou a ouvir falar sobre o seu divórcio?
- Stikkan ficou realmente triste quando eu disse a ele que estava decidido. Ele ficou também preocupado com o ABBA, mas foi mais triste para mim e Björn.

E como pensa hoje?
- Pergunto-me quão atrativo uma mãe solteira de dois filhos realmente é? Eu não acho que seja muito fácil. Questiono toda minha existência. Mas dentro de minha música, eu sou forte. Mas eu não escrevo mais letras. A razão para isso pode ser que eu acho que a própria vida é como uma letra.

Você está feliz agora?
- Tem sido dito nos jornais que estou feliz após o divórcio, que eu estou alegre e ativa no movimento dos direitos das mulheres. Isso não é verdade. Eu li esse artigo antes de ser publicado e o aprovei. Mas eu tenho um ponto fraco: Eu quero agradar a todos. É por isso que não pedi-lhes pra remover isso.
- Felicidade, o que é isso? Posso acordar de manhã me sentindo muito animada... E à noite eu posso estar me preparando para enforcar-me. A felicidade só existe no momento. A felicidade é escrever música. Às vezes fico com uma melodia presa na minha cabeça depois que vou para a cama. Então eu me levanto e sento ao piano. Mas normalmente estas melodias não correspondem. A música que é boa o suficiente eu tenho que chegar a ela. É um trabalho duro. Mas isto é uma espécie de felicidade entretano. Também é difícil encontrar inspiração já que quase nunca ouço qualquer música boa. Se eu ligo o rádio fico decepcionada. Eles parecem conversar mais.

Você se sente desconcentrada?
- Periodicamente eu me sinto muito desconcentrada. Nunca tenho tempo suficiente para a minha própria música. O ABBA toma a maior parte do meu tempo, e as crianças. Às vezes tenho pensado em ficar em casa. Mas eu também quero fazer outra coisa, caso contrário cuidar das crianças iria me absorver. E eu tenho sorte de ter uma babá, uma amiga realmente, que me ajuda com as crianças, ela está conosco há um ano e meio.

Você está ativa dentro do movimento dos direitos das mulheres?
- Não tenho nada a ver com isso e realmente não entendo o que ele significa. A libertação das mulhres é uma coisa boa. Mas isso não deve ser exagerado. Não temos bastante igualdade agora? Se eu entendo o movimento dos direitos das mulheres corretamente eles querem independência total. E tal coisa não existe. Todos dependemos uns dos outros.

Você acredita no amor - apesar de tudo?
- Sim. O amor entre o homem e a mulher e entre as pessoas.

Os rapazes devem estar perseguindo você.
- Agora - após o divórcio - os rapazes estão me perseguindo. Recebo flores e bilhetes. Mas eu sou muito cautelosa e não vou cair facilmente. Viver junto é muito complicado. Se eu me apaixonar novamente vou ter muito cuidado com esse amor. Ao mesmo tempo sei que é impossível encontrar um esquema perfeito para a sua vida amorosa. Crises vão aparecer eventualmente. A razão é que você nunca conhece realmente a outra pessoa e que a rotina diária dentro de um casamento contém uma grande quantidade de armadilhas.

Um contrato de casamento - que é isto pra você?
- Contratos de casamento são irrealistas. Você não se senta e marca as boas e más qualidades do outro em um formulário antes de você se casar. Um casamento é como um pedaço de papel em branco, que pode ser preenchido com escritos.

Você está interessada no poder?
- Através do sucesso você ganha poder. Mas eu não estou interessada em uma posição de destaque. Isto exige um esforço da minha parte quando as pessoas me vêem como uma estrela, quando elas podem interagir comigo naturalmente. Eu percebo que elas ficam tensas, por isso fico tensa. Embora eu ache que tenho aprendido a tornar isso mais fácil para elas. Eu própria não me impressiono com ninguém. Eu sou uma pessoa que é movida pelas emoções, eu ajo e julgo os outros muito como me sinto. Eu tenho tentado superar o fracasso do meu casamento por uma longo tempo. Estou trabalhando em mim agora, E nesse processo eu tenho desenvolvido uma percepção em que consigo ver se alguém passou por um divórcio. Isto deixa marcas irreversíveis, está na atmosfera em volta dessa pessoa.

O que você quer alcançar com a sua intuição?
- Geralmente a uso para sentir se uma canção será um sucesso ou não. Mas também sou o tipo de pessoa que pode desistir e dar a volta de uma pista de vôo. - Quanto mais eu vôo, mais ansiosa fico. Eu acho isso desafiar poderes maiores e eu sempre faço uma oração pouco antes do início do desembarque. Eu preferiria ficar no chão. Mas temos que viajar bastante ao redor do mundo. Eu gosto disso, por enquanto. A essa altura eu quero ir pra casa para os filhos, a cozinha, o jeans, o espaguete à bolonhesa. Eu prefiro a vida simples à vida no luxo, tenho dificuldade para me sentir como uma milionária. A maior parte do nosso dinheiro está investido em imóveis e em outros coisas e então os impostos são imensos - por isso nunca vemos realmente o dinheiro.

Você ainda mora na vila?
- Eu prentendo ficar na casa em Lindigö para onde eu e as crianças nos mudamos quando decidimos nos separar. Sua localização é um pouco visível, mas vou buscar ajuda para conseguir uma barreira para evitar que as pessoas a procurem.

E a ilha do ABBA - o que vai acontecer com ela?
- Eu vou deixar a ilha do ABBA no arquipélago de Estocolmo por bem. Mas os outros vão continuar a estar lá como antes. A ilha nunca realmente significou muito pra mim. É bom estar lá quando o tempo está bom. Mas isso nem sempre acontece e depois você só se sente isolado. Você tem que depender de barcos para chegar lá e voltar e eu só dirijo até à ponte. Eu apenas não posso aprender como colocar o barco...

Por Jackie Lindberg

(Entrevista publicada na revista VeckoRevyn em 29 de maio de 1979)

sexta-feira, 29 de maio de 2009

A missão espiritual do ABBA

Em 1997, a revista holandesa Paravisie publicou este artigo com uma visão muito incomum sobre o ABBA, para dizer ao menos isso. Lembrando que esta revista fala sobre fenômenos sobrenaturais (entre outros), por isso é muito excepcional que eles tenham dado atenção para um grupo pop.

Embora ABBA esteja muito mais em foco ultimamente, um misterioso livro chegou ao nosso conhecimento, em que é alegado que ABBA está em contato com extraterrestres e tem uma missão espiritual para cumprir na terra. Foi ou é o grupo pop de maior sucesso desde os Beatles e tem uma grande influência mais do que muitos teriam pensado ser possível?

No fã-clube holandês do ABBA, que ainda tem alguns milhares de membros, a espiritualidade é um ponto quente no momento. O motivo é um livro dos escritores alemães Görd Kaa e Sasa Merts: "ABBA, Die Besucher (ABBA, Os Visitantes)", que foi publicado antes em 1985, mas só recentemente chamou a atenção de todos. No livro, os autores afirmam que o grupo está tendo ligações estreitas com extraterrestres e tem uma missão espiritual para cumprir na terra. E mesmo alegou ser possível que os membros do grupo sejam alienígenas. Görd Kaa recebeu vários impulsos (outros chamam isto de visões), nos quais ele foi encarregado de escrever o livro. "Parecem canções de amor, mas essa é a parte difícil: há uma mensagem escondida lá dentro." As letras foram analisadas e, entre outras coisas, se fala de ABBA-religião, ABBA-amor e ABBA-estilo de vida. Especialmente na Alemanha, este movimento está começando a ganhar mais e mais seguidores, mas na Holanda as pessoas estão levando estas coisas a sério também.

Especialmente a cantora do ABBA Annifrid Lyngstad, mais conhecida como Frida, parece ser o centro da quase interminável imaginação. Além do fato dela ainda cantar ocasionalmente, ela usa seu tempo como porta-voz do movimento ambiental sueco, e recentemente chocou a nação sueca ao aparecer na televisão com um balde cheio de minhocas, como um exemplo de reciclagem de lixo natural. Embora o ABBA tenha parado de gravar por algum tempo agora, é dito que os seus "trabalhos espirituais" continuam em seus projetos pessoais. Mas o livro alemão só vai até 1985 e não está mais à venda. Por este motivo seus exemplares estão espalhados entre os fãs. Ninguém jamais ouviu falar de seus autores novamente e tentamos entrar em contato com eles através do seu fã clube alemão mas ainda não conseguimos nada. É por isso que um grupo de fãs de Berlim, sendo um deles Thomas Zimmermann (30), atualizou o livro em 1996. "O livro de letras do ABBA é uma espécie de Bíblia para mim. Tive muitas discussões sobre isso com meu pai católico. Ele pensa que é blasfêmia fazer essas comparações. E ele realmente se perde quando eu digo-lhe que a palavra ABBA está também na Bíblia. Lá ela significa 'pai'. Mas para mim, uma coisa não exclui necessariamente a outra. Eu busco inspiração na Bíblia cristã, mas ainda mais no livro de letras do ABBA. Ele abrange tudo. Elas tratam sobre a vida cotidiana e fornecem ferramentas para encarar a vida de uma forma positiva: 'Something good in everything I see' (Algo bom em tudo o que eu vejo) de I Have a Dream. E tudo a partir de um ponto de vista individual. É simplesmente a nova era. E a coisa boa é que isto transcende a todas as religiões e visões de mundo, porque não há condenação em nenhuma das letras. E é tudo muito descontraído. Nas letras não há uma ligação maior do que em 'Take A Chance On Me' e 'Voulez-Vous'. Todo mundo é capaz de interpretar as letras a sua própria maneira."

"Nas canções, as ferramentas são dadas para melhorar sua própria situação. E muitas vezes, elas trabalham nisso nas canções posteriores, é claro que sob a forma de canções de amor como 'I Wonder'. Há algum tempo tive que tomar uma decisão radical na minha vida. Quero pegar este novo trabalho e deixar tudo pra trás me mudando para o outro extremo da Alemanha? Ou será que não quero? Instintivamente, eu escutei essa canção. A resposta estava ali para ser encontrada: "Oh não, eu vou ser forte, uma chance em uma vida, sim eu vou pegá-la, isto não pode dar errado. Eu não sou um covarde ". Não pode dar errado. ABBA dá poderes positivos. Eu decidi sair e não lamentar isto por um momento. Ouvi dizer que outros fãs tiveram experiências idênticas. Uma música como 'Move On' está cheia de mensagens também. A vida é uma viagem através do tempo e do espaço. Nós somos comandados não para ficar aí, porque o ritmo da vida é um ciclo. Anteriormente, já foi salientado em 'Waterloo': o livro de história sobre a prateleira sempre se repete."

Mas qual é a parte extraterrestre em tudo isto? Thomas: "Em primeiro lugar, existem as visões que muitas pessoas tiveram. É também perceptível no próprio ABBA. A sua aparência, as capas de seus álbuns, as suas letras. Mas é tudo muito sutil. Em segundo lugar, quando você olha para certas fotografias de perto, especialmente Frida, você não pode chegar a outra conclusão que não seja a de que o seu majestoso carisma deve vir do espaço exterior. Mas as letras são repletas de referências aos extraterrestres, forças cósmicas. Como em "I’m A Marionette". Esta afirma literalmente: Como se eu tivesse que sair do espaço."

No livro, a música "Eagle" é citada como um exemplo distinto. As letras tratam de "eles" que vêm de longe, de saber as respostas para tudo, falam estranhamente, mas entendam "eu" (= ABBA). Segundo os autores, a importância da canção "The Visitors" torna-se evidente devido ao fato de que o livro também é entitulado "Die Besucher". Na faixa-título do último álbum completo do ABBA, o verdadeiro encontro com extraterrestres é acreditado como descrito. A canção trata da emoção, mas também do medo de que "eles" toquem a campainha. Há partes sobre "reuniões secretas". E "agora eles virão para me pegar".

ABBA teria sido abduzido por OVNI's? Isso é o que os autores do livro estão se perguntando. ABBA deveria estar bem preparado para a chegada dos extraterrestres, mas ainda tinha medo de finalmente obter as respostas para tantas perguntas. Isto faz o colapso da sua existência terrena: "O meu mundo inteiro está caindo, enlouquecendo. Eu sinto que estou caindo'. De acordo com Zimmerman a música seria a trilha sonora ideal para o melhor filme de ficção científica. "Não só por causa das suas letras, mas a música em si é uma história diferente também. A voz de Frida soa extraterrena nesta canção." O fato de que a voz de Frida foi modificada por um harmonizador eletrônico (sampler) para esta canção, não convence Thomas do contrário. "Isso pode ser verdade, mas em muitas outras gravações os harmonizadores estão sendo usados, e que realmente não fazem uma voz soar como esta. Então o harmonizador vem de um UFO, ou da própria Frida."

De acordo com o livro, as sutis referências ao cosmos e ao espaço são ainda claras no selo da gravadora sueca que colhe os frutos do sucesso do ABBA: Polar Music. Inicialmente era um globo e mais tarde, a definição da fase da segunda turnê mundial do ABBA: três pirâmides foram impressas no rótulo. "Especialmente a pirâmide é um símbolo de energia cósmica em muitos movimentos espirituais", diz o livro. "Além disso, a capa do álbum "Voulez-Vous" utiliza uma pirâmide, com uma foto de Agnetha e Frida usando cintos futuristas enfeitados com delicados corpos celestes, ou melhor, pequenas estrelas."

Muitos fãs do alemão "ABBA-UFO club" estão tendo sessões de meditação com a música do ABBA e pretendem chegar a um certo estado de êxtase. "Nós sentamos juntos, colocamos alguma música do ABBA e abrimos nossas almas utilizando técnicas de ioga", diz Thomas. "Então ficamos com uma sensação maravilhosa. ABBA melhora o humor de qualquer maneira, mas nessas sessões você realmente tem a sensação de que está entrando em contato com o cosmos. É como chegar a uma freqüência maior. Você entra em uma outra dimensão. Especialmente músicas como "I've Been Waiting For You", "Move On", "I Let The Music Speak" e "The Visitors" são perfeitas pra isso. Mas também no álbum solo em sueco lançado por Frida no ano passado, chamado "Djupa Andetag", está repleto de músicas para chegar a esse estado de êxtase. Especialmente "Älska Mig Alltid", "Aven En Blomma"' e a celestial "Lugna Vatten" são muito elevadas."

Anita Nootenboom, presidente do fã-clube holandês do ABBA acha tudo isso uma bobagem. "Essas pessoas na Alemanha estão realmente desorientadas. E agora vejo que um grupo de fãs na Holanda também está começando a enlouquecer, estou ficando preocupada. Quando eu ver que pessoas estão fazendo estes grupos de meditação ou começando a praticar yoga em nosso próximo dia do fã-clube em abril, eu vou colocá-los pra fora. Eu não quero ter nada com isso." Gerard Hesen (32) de Venlo, ABBA-fã desde o primeiro dia, tem dúvidas também, mas tem a mente um pouco mais aberta. "A coisa extraterrestre é um passo muito longo pra mim. Também tenho minhas reservas quanto a isso. Penso que o livro alemão é muito interessante. Eu o li seis vezes, mas principalmente para ver como eles analisaram completamente essas letras. Eu não tenho problemas com as pessoas meditando no dia do fã-clube. Realmente isso não me incomoda. Eu apenas não vou participar disso."

Segundo os autores do livro, os membros do ABBA possivelmente nem mesmo estão conscientes de sua missão. Mas qual foi a reação quando Agnetha e Frida foram confrontadas com o livro? Frida fez uma piada sobre isso. "Não já disse a vocês que vim de Marte?" e não quis mais falar sobre isso. É notável que os autores não tenham observado que Frida gravou uma canção solo em 1975 chamada "Liv På Mars" (Vida em Marte). Agnetha disse apenas duas palavras sobre o livro: "Que interessante!" Gerard Hesen diz que a reação das duas senhoras é muito sensata. "Elas deixaram isso no ar. Se elas disessem que na verdade têm uma missão e estão em contato com extraterrestres, as pessoas não as levariam mais a sério e seriam ridicularizadas. Mas se houvessem negado firmemente e descartado o livro como puro disparate, o mito estaria criado. E isso não faria para sua estrela brilhante nenhum favor."

Ainda assim, recentemente Björn achou que era a hora de revelar algo sobre a canção "The Visitors". Durante anos ele se recusou firmemente a dizer quem eram os visitantes. Insistir não ajudava em nada. Mas quando as histórias dos encontros extraterrestres chegaram aos seus ouvidos, ele disse sobre esta canção: "The Visitors trata dos dissidentes em ditaduras que são apanhados pelos serviços secretos, como por exemplo os dissidentes na União Soviética comunista.” Mas os fãs alemães que acreditam no livro extraterrestre acham que essa explicação é muito convulsiva e muito apressada para ser acreditada. Björn não quis falar sobre UFO's também. Ele apenas disse: "Eu já ouvi essas histórias, mas eu acho que é melhor não dizer nada sobre isso tudo."

Na Alemanha e ao seu redor, a euforia atingiu seu pico recentemente quando notícias apareceram em jornais afirmando que o ABBA iria reunir-se novamente para gravar outro álbum. "O seu trabalho ainda não está terminado. Tem que haver um outro álbum. Especialmente depois de todos esses projetos solo, as forças têm de ser combinadas novamente", Thomas pensa. "Que isso é possível já foi provado, porque depois do primeiro álbum solo da Frida em Inglês "Something's Going On" e do single da Agnetha "Never Again", ABBA estava de volta ao estúdio para gravar as canções "The Day Before You Came", "Under Attack", "Just Like That" e "I Am The City". Depois disso, acabou. Mas agora... com o passar do tempo da separação dos membros todos se desenvolveram tremendamente. Se você combinar isso, o resultado será o mais fantástico álbum de todos os tempos."

A decepção não poderia ser maior quando a gravadora Mono Music em Estocolmo respondeu que não se falava em uma reunião dos quatro. "As notícias na imprensa foram baseadas em um mal entendido. Futuramente, a hipótese não é descartada, mas não há definitivamente planos concretos pra isso. E é muito questionável se isso vai acontecer", diz Görel Hanser, porta-voz do ABBA na Suécia. Os fãs encontram esperanças no fato de que o grupo nunca acabou oficialmente, devido aos vários interesses comerciais. Para ajudar nessas questões, os fãs na Alemanha já começaram a meditar para liberar poderes cósmicos que trarão o ABBA junto de volta novamente. Se isso vai ajudar... o tempo dirá.


(Fonte: ABBA Articles - Publicado na revista holandesa Paravisie, em fevereiro de 1997)


domingo, 24 de maio de 2009

I Stand Alone: o fim de uma era

Lançado em novembro de 1987, "I Stand Alone" foi o terceiro e último álbum de Agnetha Fältskog em inglês antes do longo silêncio rompido apenas 17 anos depois com o seu bem sucedido álbum "My Colouring Book" em 2004. Foi também o seu primeiro álbum em inglês na gravadora WEA, precedido por um álbum infantil gravado no início do mesmo ano juntamente com seu filho Christian Ulvaeus. Em 1988 Agnetha abandonaria definitivamente a carreira como cantora para dedicar-se exclusivamente à família e finalmente ter uma vida comum como sempre quis, sem as pressões da fama e da mídia Porém essa decisão custou-lhe rótulos depreciativos e injustos (reclusa por exemplo) felizmente superados hoje por suas constantes aparições públicas e por seu último álbum solo lançado há cinco anos, que no entanto não significou um retorno, mas um presente para os fãs que sentiam falta de sua voz. Com "I Stand Alone" findou-se uma era de sucessos, alegrias e também dores. Hoje Agnetha opta pela vida em família e entre amigos e por cultivar valores verdadeiros em si mesma.

"I Stand Alone" foi produzido por Peter Cetera, ex-vocalista e guitarrista da banda americana de rock Chicago. Ele fez um dueto com Agnetha na faixa "I Wasn't the One (Who Said Goodbye)", (#93 na Billboard Hot 100 e #19 na Adult Contemporary nos Estados Unidos). O co-produtor do álbum foi Bruce Gaitsch, com quem Agnetha estava tendo um relacionamento na época. O estilo musical do álbum foi muito diferente do som europeu dos dois álbuns anteriores de Fältskog, e refletia a influência da costa oeste americana dos produtores. O álbum se tornou o LP mais vendido na Suécia em 1988, onde permaneceu em primeiro lugar por oito semanas. Ele também atingiu o Top 20 na Noruega e na Bélgica e o #22 na Holanda, mas foi menos sucedido em outros locais, só atingindo #47 na Alemanha Ocidental, #72 no Reino Unido, #93 no Japão e #96 na Austrália. Para a capa do álbum e entrevistas, Agnetha Fältskog apareceu com um "novo" cabelo loiro picotado. Ela fez um visita muito rara a Los Angeles de avião para gravar o álbum. Após ter sido concluído, ela não mais voaria novamente, devido ao seu muito divulgado medo de voar. Ela, no entanto, admite que o vôo valeu a pena. A seguir duas entrevistas realizadas na época do lançamento do álbum e por último a crítica de uma revista holandesa.

***


Agnetha Fältskog por Alberto Tolot

Em breve veremos uma nova Agnetha em capas de álbuns, pôsteres e revistas. Ela foi para Los Angeles e gravou um novo álbum, vocês sabem. Ao mesmo tempo ela foi fotografada pelo mundialmente famoso Alberto Tolot.

Escrito por Peter Blom

Está tudo calmo em torno de Agnetha Fältskog por um tempo. Mas nessa aparente calma muita coisa está acontecendo. Primeiro um álbum com canções infantis foi lançado e logo chegou a hora de um novo LP solo. Este álbum é um produto da colaboração entre Agnetha e outro dos maiores ídolos dos anos 70 - o antigo vocalista da banda de rock Chicago, Peter Cetera. Tivemos o privilégio de se sentar para um bate-papo com Agnetha sobre a música e seu novo estilo, assinado por Alberto Tolot, o "fotógrafo estrela" italiano.

Já se passaram mais de dois anos desde que seu último LP foi lançado. Agora de repente há dois ao mesmo tempo, por que essa súbita atividade?
-Apenas aconteceu desse jeito. Eu não sou o tipo de pessoa que se pressiona até à morte para lançar um novo álbum em intervalos regulares. Há algumas pessoas que lançam álbuns muito freqüentemente, mas eu acho que assim há grandes chances de você se cansar do artista. Sei que há sempre oportunidades aparecendo. O álbum infantil foi planejado por um longo tempo e em seguida a possibilidade de gravar este álbum aconteceu com Peter Cetera.

O que você faz entre os álbuns?
-Para gravar um álbum leva um longo tempo, especialmente se você está ajudando a produzi-lo. Pode demorar um ano a partir de quando a idéia aparece até o álbum ser concluído. Depois há também outras coisas pra fazer, especialmente se você, como eu, tem dois filhos. Portanto não é como se eu estivesse ociosa.


Como foi que a idéia para esse álbum com Peter Cetera nasceu?
-Tudo começou quando nos encontramos na grande festa de gala da ONU das crianças aqui em Estocolmo, onde cantei uma música com Ola Håkansson. Houve uma apresentação também de Peter Cetera, que eu antes já respeitava muito, tanto como compositor quanto como cantor. E ele gostou muito do que nós (ABBA) fizemos anteriormente. Imediatamente ficamos à vontade e espontaneamente falamos sobre fazer algo juntos no futuro.

E isso aconteceu muito mais rápido do que você esperava, hum...?
-Sim, nos mantemos em contato através da gravadora e durante a primavera Peter ficou mais e mais interessado e começou a escolher canções que achava que se encaixavam pra mim. Então quando nos reunimos neste verão, ele tinha cerca de 50 sugestões que ouvimos até o fim.

Quem escreveu as canções?
-Quando finalmente começamos a trabalhar no álbum no verão passado, nós experimentamos muitas músicas. Quando o álbum ficou pronto, nós havíamos finalizado em dez canções, em vez das 15 músicas que tínhamos no início. Peter escreveu uma delas junto com Bruce Gaitsch e há ainda uma série de outros compositores americanos.

O que você achou de gravar um álbum nos Estados Unidos?
-Foi uma experiência incrível. Todo mundo - Peter, o co-produtor Bruce Gaitsch, o engenheiro e os músicos do estúdio - foi realmente fantástico trabalhar com eles. Eu não sabia disso antes mas logo percebi que estávamos trabalhando com as melhores pessoas que haviam ali. E eles elogiaram-me que foi divertido. Nós realmente nos conectamos uns aos outros.

Então isso significa que você vai se concentrar em uma nova carreira internacional?
-Não, não mais do que antigamente.

Você ainda irá se chamar Agnetha Fältskog, mesmo nos Estados Unidos?
-Sim, tem havido alguns acalorados debates sobre isso mas eu realmente lutei por isso, que o álbum deveria trazer Fältskog na capa ainda que talvez seja um pouco difícil para algumas pessoas pronunciarem.

Você irá fazer alguns vídeos para o álbum?
-Sim, eu quero fazer pelo menos dois ou três, principalmente para o mercado americano. Mas agora estamos planejando um especial de TV que eventualmente será exibido na Europa algum tempo depois do Ano Novo ou logo depois.

Tanto a música quanto a imagem parecem ser um pouco mais fortes que antes...?
-Bem, não sei... Mas sim, eu acho que você pode dizer isso. Eu não gosto de comparar álbuns, mas eu acho que este é um dos melhores dos meus anteriores. Sinto o álbum inteiro muito forte.

Canções favoritas?
-O dueto "I Wasn't The One (Who Said Goodbye)", e há também uma canção muito positiva que é chamada "Let It Shine", mas eu realmente gosto de todas elas.

As letras são muito românticas como de costume. Quem são as pessoas que ouvem a sua música, quem é que você quer que a ouça?
-Quando se trata de música, cerca de 90% é sobre o amor e emoções. Eu não tenho um certo grupo de pessoas em mente quando eu gravo uma canção. Há provavelmente jovens e pessoas maduras ouvindo a minha música.

A música é importante para você hoje como era há dez anos atrás?
-Sim, eu escuto muitas músicas. Posso não comprar muitos discos, mas eu ouço o rádio e confiro as paradas de sucesso e assim por diante. Eu penso que existe muito da boa música. Especialmente música sueca. As gravações em sueco de grupos e artistas tem um som muito moderno e internacional hoje. Acho que isso é excitante.

Quando você diz excitante... essas novas fotos de você também têm um visual novo e excitante.
-Sim, a sessão de fotos foi também uma experiência e tanto. Nós chegamos no estúdio à hora do almoço e eles não estavam prontos para começar a tirar fotos até cerca de 4 da tarde, após maquiagem, roupa etc... Quando eu primeiro olhei para mim no espelho pensei que estava horrível e quase saí de lá. Mas logo eles começaram a fazer as fotos, eu vi que o resultado ficou bom.

E mais uma vez você estava trabalhado com os melhores, certo?
-Sim, o fotógrafo estava calmo e agradável e o cabeleireiro teve muitas idéias interessantes. Ele cortou o cabelo no estilo Madonna e eu tive um momento duro para convencê-lo a não cortar meu cabelo mais do que um centímetro do corte.

Assim você ficou satisfeita com o resultado?
-Sim, principalmente porque eles conseguiram fazer fotos que ficaram em harmonia com a música no álbum.


Nota de rodapé: O italiano Alberto Tolot é um dos mais requisitados fotógrafos em Los Angeles agora. Anteriormente ele fotografou para revistas internacionais de moda e capas de álbuns para Madonna, Duran Duran, Jody Watley etc. Cerca de dez (ou mais) pessoas participaram da sessão de fotos com Agnetha Fältskog: fotógrafo, estilistas, maquiadores e assistentes.

Fotógrafo: Alberto Tolot. Roupas de Arjan, Los Angeles. Estilista: Cesare Zucca. Cabelo: Peter Savic. Maquiagem: Gary
Berkowitz para Cloutier, Los Angeles.

(Publicado na revista Click em outubro de 1987)

***

Esta é uma tradução de uma entrevista com Agnetha para o jornal sueco Expressen após os críticos darem ao seu álbum "I Stand Alone" o mais alto grau, 5 vespas de 5. A vespa é como um logotipo para o Expressen.

Cinco vespas, Agnetha

- Eu sei que fiz algo bom e estou muito satisfeita

Por Eva Gussarsson

Cinco vespas para o "I Stand Alone" de Agnetha Fältskog.
- Isto é muito divertido. Acho que não faço parte daqueles que recebem críticas ruins, mas as coisas nunca foram tão bem assim, ela diz.

E não foi apenas Måns Ivarsson quem gostou do novo álbum de Agnetha Fältskog. Ela está muito satisfeita consigo mesma.
- Eu não posso pensar nos tipos de reações que haverão, mas eu sei que fiz algo bom e estou muito satisfeita, diz ela.

Depois de dez anos com o ABBA e vários como artista solo, ela ainda se preocupa com as críticas.
- Eu me importo o suficiente para que eu fique feliz quando recebo boas críticas. E se eu receber críticas ruins, eu tenho que levar isso numa boa.

"I Stand Alone" é de alguma forma um retorno para Agnetha Fältskog. Mas você também pode dizer o mesmo sobre seus dois álbuns solo anteriores. Houve anos de silêncio entre cada álbum. E haverá silêncio no futuro também. Porque isto não é um retorno que fará Agnetha Fältskog dar um passo para trás na ribalta.
- Não, eu não pretendo isso. Não se você quer dizer viajar e fazer shows. Me concentrar na TV, vídeo e rádio em vez disso, diz ela.
- Não haverá uma turnê e não vou viajar.

Então Agnetha Fältskog continua a viver a sua vida normalmente, pacífica, serena e anonimamente, apenas do jeito que ela quer. Mas às vezes ela sente falta da vida agitada, pelo menos uma parte dela.
- Muitas vezes você tem um bela trajetória quando estão juntos na estrada. Tenho saudades disso e dos músicos. Desta vez gravamos com americanos e eu perdi nossos velhos músicos, aqueles que trabalharam comigo na Suécia, ela diz.

Mas você não sente falta do público?
- Há uma certo contato (com o público) quando você se apresenta na TV e coisas desse tipo.

Não é apenas Agnetha Fältskog quem recebe elogios por "I Stand Alone". Måns Ivarsson também elogia o produtor Peter Cetera. Você irá colaborar com ele novamente?
- No momento nós não temos contato, ele está trabalhando em seu próprio LP agora. É muito difícil dizer se vamos trabalhar juntos novamente. Ele tem sua própria carreira. Mas foi algo divertido e ambos estamos muito satisfeitos, e isso nos levou a uma grande amizade.

Você tem uma canção favorita no álbum?
- É difícil escolher uma, isto muda o tempo todo. Primeiro foi o dueto "I Wasn’t The One", depois foi "Let It Shine" e exatamente agora é "I Stand Alone". A longo prazo, essa é a melhor.

O que vai acontecer agora, com você e com este álbum?
- Esta semana terei entrevistas no rádio e vou aparecer no "Jacobs Stege" (programa de TV sueco) este sábado. Na próxima semana ou na semana depois disso, vamos fazer um vídeo para o single "The Last Time". Uma equipe inglesa o fará, mas será filmado na Suécia. Em janeiro faremos mais dois vídeos.
- O álbum será lançado na Escandinávia agora e internacionalmente em Janeiro.

Então não haverá uma turnê?
- Não, eu não vou viajar. Eu poderia, mas eu me limito quando isto acontece.

(Publicado no jornal Expressen em novembro de 1987)

***

O recente CD de Agnetha "I Stand Alone": nova prova da sua musicalidade

Um artigo de uma revista holandesa de 1988, promovendo o então praticamente novo formato em CD.

Agnetha Fältskog tinha quinze anos quando se apresentou pela primeira vez com um banda. Dois anos depois, ela gravou seu primeiro single: "Jag var så kar", que imediatamente se tornou seu primeiro sucesso no top 10. Devido a esse sucesso, ela se tornou "a grande promessa da Suécia para o futuro". Entre 1968 e 1975 ela detém essa promessa e evolui para super vocalista com ABBA, um grupo que obteve fama mundial.

Não é de admirar, pois cem milhões de amantes do pop compraram sucessos do ABBA, que se tornou história no pop há seis anos. Mas - para citar Wim Sonneveld - Agnetha não poderia parar de cantar sozinha e agora ela volta com um novo álbum "I Stand Alone", em que notavelmente ela não compôs nenhuma canção sozinha. Sobre isso, ela diz: "Eu defino padrões muito elevados para as músicas que eu gravo e considerando o curto tempo para a preparação deste projeto, optei por canções de outras pessoas em vez de composições próprias que ainda não estariam satisfatórias. Além disso, estas canções capturaram fortemente minha imaginação."

Este novo álbum, produzido em colaboração com Peter Cetera, um fã do ABBA que sempre quis gravar algo junto com ela, tem o estilo característico de Cetera e própria maneira de Agnetha cantar. Ambos os estilos são altamente compatíveis e sem dúvida deu um salto de qualidade conquistado pela encantadora loira Agnetha, que depois de vinte anos de sucesso está longe de deixar a cena pop. Algo que provavelmente não é amplamente conhecido é que Agnetha nesse período gravou cerca de onze álbuns solo ao longo dos anos. Esta nova contribuição "I Stand Alone" é seu terceiro projeto solo após o ABBA se dissolver. Além disso, é o seu segundo projeto para a WEA. E a WEA acha que todos os esforços têm sido feitos para transformá-lo em um sucesso; o super produtor Peter Cetera, ex-Chicago e também um bem sucedido artista solo; o estúdio de gravação de David Foster mais conveniente em Malibu, e uma seqüência de compositores tais como Albert Hammond, Peter Brown e a dupla Cetera/Gaitsch. O primeiro single acaba de ser lançado e se chama "The Last Time".

A revelação definitiva do ABBA aconteceu em 1974 com "Waterloo", a canção vencedora do Eurovision Song Contest que iniciou a era ABBA para Agnetha, Frida, Björn e Benny. A subseqüente cadeia de singles de sucesso de alta qualidade transformou o grupo em um dos mais bem sucedidos embaixadores da música pop da Suécia. Agnetha prosseguiu neste caminho depois da cisão do ABBA em 1983 com o álbum "Wrap Your Arms Around Me", em 1985 com "Eyes of a Woman" e em 1987 um álbum infantil em sueco que ela gravou juntamente com seu filho Christian. E agora "I Stand Alone", que é uma prova da musicalidade e sucesso de Agnetha também como uma artista solo.

(Fonte: ABBA Articles - Publicado na revista CD Magazine em 1988)




quinta-feira, 21 de maio de 2009

A História de Chiquitita

Desde o seu lançamento original em 1979, Chiquitita tem sido reconhecida como um dos maiores sucessos do ABBA. Mas se o destino quisesse de outra forma, Chiquitita hoje poderia ser conhecida como - Rosalita.

Se não fosse por Summer Night City

Era início de dezembro de 1978 e as sessões do novo álbum do ABBA se não eram exatamente desastrosas, pelo menos não estavam tão bem como seria de esperar. As sessões para o álbum que acabaria por se tornar “Voulez-Vous” haviam começado em março, ganhou velocidade em abril e em seguida o grupo mudou-se para o novíssimo Polar Music Studios, em junho. Até então, todo o trabalho havia rendido um único lançamento, em setembro: "Summer Night City". Mas o grupo não estava totalmente satisfeito com o resultado desse single e, embora certamente ele não houvesse sido um fracasso, foi um pouco menos bem sucedido em termos internacionais do que o ABBA estava esperando dos seus singles lançados. E agora, após um período de quase nove meses - um período de tempo que foi duas vezes mais longo que o período de gravação de todo o álbum “Waterloo” cinco anos antes - eles não tinham sequer um par de faixas para o álbum com que estivessem safisfeitos.

Entretanto, eles sabiam que deveriam lançar um novo single muito em breve. Na verdade, houve mesmo uma meta específica para o seu próximo lançamento. Em 9 de janeiro de 1979, um concerto beneficente muito especial foi programado para ser realizado na Assembléia Geral das Nações Unidas em Nova York. O objetivo do show era levantar dinheiro para a programa mundial contra a fome do UNICEF, e também para marcar o início do Ano Internacional da Criança. Houve também a idéia de que cada um dos artistas participantes deveriam contribuir com uma canção especial e doar os direitos para o UNICEF. Todo o projeto havia sido sonhado pelos Bee Gees, o seu empresário Robert Stigwood e a personalidade televisiva David Frost. ABBA deveria participar, e os outros artistas eram os Bee Gees, Andy Gibb, Olivia Newton-John, John Denver, Donna Summer, Rita Coolidge, Kris Kristofferson, Rod Stewart e a banda Earth Wind and Fire. Os Bee Gees, por exemplo, lançaram a sua contribuição, "Too Much Heaven", como single em novembro - atingindo um esmagador sucesso mundial - e ABBA planejava lançar sua canção em janeiro. No início de dezembro, parecia que o novo single seria "If It Wasn’t For The Nights", uma música bem dançante e uma das poucas gravações dos últimos meses com que eles estavam felizes.


O conto de Rosalita

Ainda assim, o trabalho em cima do novo álbum deveria continuar, e em 4 de dezembro, Björn, Benny e seus músicos confiáveis se reuniram no estúdio para a gravação de uma nova canção. Neste momento, ela foi adornada com um título de trabalho um pouco grotesco, "Kålsupare" (traduzido livremente como "farinha do mesmo saco"), que não tinha absolutamente nada a ver com a verdadeira música. A faixa de apoio foi aperfeiçoada, Björn surgiu com uma idéia para as letras em que o protagonista dirige-se a uma antiga amante dizendo que agora prefere outra mulher. O título desta nova canção se tornou "In The Arms Of Rosalita". Agnetha e Frida gravaram seus vocais, dando voltas para cantar os versos de modo que ambas atuassem no trecho da mulher desprezada.

Mas embora esta gravação fosse atraente o suficiente, o grupo sentiu que algo não estava muito bem com ela. O apoio estava mais lento e mais pesado do que eles queriam, e a gravação não atingia o potencial inerente à melodia. A continuação dos trabalhos na faixa foi interrompida no momento, e enquanto ABBA estudava algumas questões, em 6 de dezembro eles foram para Londres, Inglaterra, para algumas aparições na televisão. Mais especialmente eles apareceram no especial de Natal do programa The Mike Yarwood (exibido no dia de Natal, 25 de dezembro), apresentando o que então seria seu próximo single: "If It Wasn’t For The Nights".

Two wise guys (Dois caras sábios)

Ao retornarem para a Suécia, Björn e Benny solicitaram novamente uma sessão com os músicos para uma reformulação na faixa de apoio de "In The Arms Of Rosalita". A data era 13 de dezembro de 1978, e quem estava contribuindo eram alguns dos dos seus colaboradores mais confiáveis: Ola Brunkert na bateria, Rutger Gunnarsson no baixo e Lasse Wellander na guitarra. Esta segunda tentativa para uma faixa de apoio foi adornada com o título de trabalho "Kålsupare II", posteriormente alterado para "Three Wise Guys". Trabalhando fora do novo arranjo, muitas características da primeira versão foram mantidas. Por exemplo, a introdução com guitarra acústica de Lasse Wellander estava lá desde o início, apesar de ter sido expandida um pouco para a nova versão. Mas os compositores também achavam que queriam salientar o sentimento latino-americano da melodia, e nos tapes da sessão eles podem ser ouvidos discutindo "El Condor Pasa" (que se tornou famosa com Simon & Garfunkel), como um ponto de referência adequado.

Outra decisão crucial também foi tomada para a reestruturação da canção: uma ponte no meio da composição - apresentando vocais do grupo na sua interpretação de "In The Arms Of Rosalita"- foi transferida para o final da canção, aliviando-a destes vocais. Na verdade, só a estrutura dos acordes permaneceu nesta seção, e uma melodia instrumental totalmente nova tocada ao piano foi inventada por Benny. A nova faixa de apoio ficou certamente "mais leve" em relação à primeira tentativa, e efetivamente tinha algumas semelhanças com "El Condor Pasa". Para os overdubs (superposições) vocais de Agnetha e Frida, Björn compôs novas letras, a primeira intitulada "Chiquitita Angelina" e depois mais uma vez foi reformulada para se tornar simplesmente 'Chiquitita'. Com Agnetha cantando sozinha a primeira estrofe, acompanhada por Frida no restante da canção, as letras foram agora transformadas em uma mensagem de conforto e encorajamento, onde as cantoras tentam instilar alguma esperança de melhores dias em uma amiga inconsolável. Algumas linhas aqui e ali de "In The Arms Of Rosalita" foram efetivamente mantidas na nova música, ainda que ligeiramente reformuladas, como "enchained by your own sorrow (acorrentada em sua própria tristeza)" e "there is no hope for tomorrow (não há esperança para o amanhã)".

Nações Unidas aplaudem Chiquitita

Com a canção completa, finalizada e mixada, o próprio ABBA e todos à sua volta perceberam que eles tinham uma nova concorrente forte para ser lançada como single. Assim ficou decidido que deixariam "If It Wasn’t For The Nights" ficar como uma faixa do novo álbum, e tornar "'Chiquitita" o novo single e, principalmente, a canção que o grupo iria doar ao UNICEF. Talvez foi considerado que esta balada, com o seu clima de esperança, era mais adequada para uma causa caridosa do que uma faixa dançante como "If It Wasn’t For The Nights". Em todo caso, "Chiquitita" foi primeiramente revelada ao mundo no concerto do UNICEF em 9 de Janeiro de 1979. O show foi então transmitido nos Estados Unidos em 10 de janeiro, com transmissões em sequência por todo o mundo. Depois, em 16 de janeiro, o single "Chiquitita" foi lançado, logo se tornando um grande sucesso e se saindo muito melhor nas paradas do que "Summer Night City" anteriormente, atingindo a primeira posição em pelo menos 10 países e entrando para o “Top Ten” em muitos outros.

Excepcionalmente para o ABBA, mas talvez uma consequência inevitável do fato da canção ter sido lançada apenas um mês após ter sido concluída no estúdio, não foi Lasse Hallström quem dirigiu o clipe promocional da música. Em vez disso, o grupo fez uma apresentação para a BBC em fevereiro, enquanto estavam na Suíça filmando um especial para a televisão (ABBA In Switzerland). Esta apresentação, filmada ao ar livre em frente a um enorme boneco de neve, foi posteriormente utilizada como clipe oficial para a canção e pode ser encontrada em várias compilações em DVD da banda.

Como um sinal de sucesso de "Chiquitita", a música também foi selecionada para ajudar o ABBA a conseguir um avanço na América do Sul, onde não havia obtido muito sucesso até então. Buddy McCluskey, um funcionário da RCA Records na Argentina, colaborou com a sua esposa Mary nas letras em espanhol de "Chiquitita", que foi certamente a melhor canção em tal empreendimento, já que tinha uma atmosfera hispânica tanto nos arranjos quanto no título . A versão espanhola foi lançada como single na Argentina em abril de 1979, alcançando a primeira posição nas paradas. Em alguns meses a versão em espanhol de "Chiquitita" vendeu meio milhão de cópias apenas na Argentina, e já foi dito que é o maior sucesso na América do Sul em 30 anos. Sem dúvida, o sucesso da versão espanhola ajudou "Chiquitita" a tornar-se uma das mais populares canções do ABBA, que casualmente teve mais de um êxito: foi estimado recentemente que "Chiquitita" rendeu ao UNICEF mais de 1 milhão de libras (quase 2 milhões de dólares). Este certamente é um honroso legado para uma canção pop.

Fonte: abbasite

terça-feira, 19 de maio de 2009

Frida abre alma e coração em 1984


"Meus filhos mal conheceram uma vida em família, mas têm uma mãe para conversar, inclusive sobre os seus sentimentos mais íntimos."

Frida fez uma visita à Holanda em 1984 para promover seu álbum "Shine". Durante este tempo, a revista holandesa Libelle publicou esta entrevista muito aberta e sincera com Frida.

Anni-Frid Lyngstad (39) nasceu na aldeia norueguesa de Narvik. Aos dois anos de idade perdeu sua mãe e foi levada por sua avó. Ela encontrou seu pai pela primeira vez há sete anos atrás. "Ele chegou tarde demais para ser um verdadeiro pai para mim", ela diz em uma entrevista que Libelle teve com ela. Ela fala sobre sua infância e sobre seus dois filhos, a quem ela queria dar tudo o que ela própria sentiu falta quando criança, sobre seus dois casamentos e sobre o tempo em que ela viajou pelo mundo com seus filhos e com o ABBA.

Anni-Frid Lyngstad está em Roterdã, no décimo primeiro andar do Hotel Hilton. Lá embaixo os fãs estão esperando pacientemente por um autógrafo. Ela parece extremamente jovem com o seu penteado punk vermelho-púrpura. Educada e muito auto-confiante ela diz: "Eu agradeceria se você não fumasse aqui". Ela ainda não se recuperou da diferença de fuso horário, após uma visita à sua filha em Nova York. Sem café, mas água. Um grosso casaquinho de malha em torno dos seus ombros. "Eu posso ficar gripada", diz ela calmamente. Por um momento ela parece a imagem que muitas pessoas têm dela. Um pouco triste, mulher solitária, e que ainda não encontrou a felicidade, apesar de todo o sucesso mundial. Uma imagem que pode encontrar sua origem na infância e que é mantida viva pelo fato de que ela ainda está sozinha depois de seu divórcio de Benny Andersson. Sua solidão é algo que muitas entrevistas trazem também, tanto que quase se tornou sua marca registrada. Involuntariamente, isto parece tardio.

Frida nasceu há 39 anos no povoado norueguês de Narvik em um tempo em que não se esperava muitas promessas para o futuro. Ela é a filha de um oficial alemão, que retornou ao seu país depois da guerra. Há sete anos atrás ela o encontrou pela primeira vez. "Foi tudo muito estranho. Recebi uma carta de alguém que se dizia ser meu meio-irmão. Ele havia lido uma biografia sobre mim e comparou com algumas coisas que ele também tinha ouvido de seu pai. Como se verificou na verdade era o meu pai. Eu olhei pra ele, sobretudo com curiosidade. Ele chegou tarde demais para ser um verdadeiro pai para mim. Eu era uma mulher crescida. Como uma criança, ele poderia ter algo a dizer para mim, mas agora não mais. Apesar disso o encontro significou muito pra mim e nós mantemos contato desde então. Foi uma emoção muito estranha, quando nos olhamos olho no olho. Você imagina: aquele era o meu pai. Mas todas as emoções que vieram com isso, foram estranhas para mim. Não, eu nunca o culparei por nada. Afinal, ele foi uma vítima das circunstâncias também. Como um oficial alemão ele dificilmente poderia permanecer na Noruega depois da guerra."

Sua mãe morreu quando Frida tinha dois anos, depois disso ela foi levada pela avó. Elas se mudaram para a cidade sueca de Eskilstuna, porque em Narvik sua história estava manchada. "Eu não gosto de falar sobre minha infância", diz Frida. "Não porque seja um período que gostaria de esquecer - haviam momentos muito felizes também - mas isto não se ajusta à minha filosofia de vida. Eu aceito cada dia como ele chega. Essa é a razão pela qual eu não quero olhar muito para o futuro. É louco, mas eu voltei este verão a Eskilstuna. Eu não estive lá desde que a minha avó morreu, infelizmente antes do ABBA decolar. Quando eu dirigi pela cidade, eu não pensava que ela parecia ser nada. O que eu vi foram as memórias, a cidade de minha infância."

Frida tem dois filhos. A filha Lotta tem 18 anos e é estudante em Nova York. O filho Hans tem 21 anos, vive e trabalha em Estocolmo. "Ele escreve músicas, toca em uma banda, produz e arranja e é, bem, muito talentoso. Eu vejo nele muito da mesma pressa que eu tive para entrar na indústria musical. É algo mágico, algo que não pode ser explicado. Eu nunca entendi de onde isto veio, apenas estava ali. Com Hans pode ser mais fácil de compreender, porque ele tem uma mãe na indústria musical. Mas por outro lado, Lotta está encontrando seu próprio caminho também."

Falando sobre seus filhos, Frida lentamente torna-se mais pessoal. Quando falamos sobre criar filhos, ela diz: "Toda mãe quer dar para seus filhos o que ela não teve. Algo que sempre senti falta foi uma mãe para conversar. Apesar de todos os seus esforços, a minha avó nunca foi capaz de cumprir esse papel. Havia muita diferença de idade. Eu sei que meus filhos têm uma mãe assim. Não temos medo de falar uns com os outros, mesmo quando se trata dos sentimentos mais íntimos. Isso é uma coisa boa. Que eles confiem em mim, não tenham medo de vir para mim. Eu os vejo freqüentemente, sim. Algumas vezes por ano eu vôo para Nova York e Estocolmo, e Lotta e Hans também visitam Londres regularmente, onde eu tenho vivido nos últimos dois anos. É claro que é uma pena que moremos tão distante, e às vezes eu sinto muito a falta deles, mas todos assumimos nossas próprias vidas. Eu tentei criá-los assim, como pessoas independentes e responsáveis, que têm os pés no chão, capazes de tomarem suas próprias decisões. Eu acho que consegui. Eu tenho um enorme respeito pela maneira como eles conduzem suas vidas. Eles são capazes de gerir a si mesmos. Isso é um grande alívio, e faz a saudade não ser dolorosa.

Na verdade, é uma boa sensação ser tão jovem e ter filhos já crescidos. Eu cuido para que eles estejam felizes também. Você pode orientar as crianças e torná-los capazes de conduzirem suas vidas. Mas isto não é garantia de felicidade. A felicidade é algo que vem de dentro, não pode ser ensinada. Eles têm que experimentar de tudo na vida deles. Tudo o que posso fazer é estar lá quando eles precisarem de mim, para conversar. Mesmo que eles estejam do outro lado do mundo, eu ainda serei a sua mãe. Eu continuo a sentir a responsabilidade."

"Uma coisa que aprendi comigo é que a comunicação é uma ferramenta importante para a felicidade. A comunicação entre as pessoas é algo difícil. As pessoas raramente conseguem realmente se comunicar. Isso é o que eu disse para meus filhos também. É importante para eles se abrirem, serem amigáveis com as pessoas, e realmente tentarem se conectar. Você pode se livrar de vários problemas fazendo isso. Comunicar-se também significa ouvir muito atentamente, compreender como as pessoas são.

Eu não percebi instantaneamente que eu não era comunicativa, isto exigiu de mim vários anos. Meu divórcio de Benny foi um ponto de virada a esse respeito. Esse é o tempo que eu realmente precisava para ligar-me às outras pessoas, mais do que nunca. Para Benny, mas também para os amigos. Quando nos separamos, eu tinha que tomar uma decisão na vida. Olhei para tudo o que vivi até aquele ponto. Eu queria saber como continuar. Durante esse tempo, comecei a falar. Pela primeira vez eu me abri completamente. Esta foi provavelmente a melhor experiência da minha vida até agora, e isso significou muito para mim. Agora tenho confiança em mim mesma e na vida. Porque eu percebi que estava realmente errada. Eu me conheço muito melhor agora, e isso significa que já não estou com medo, sou muito mais forte e eu posso encontrar pessoas abertas.

O fato de Benny e eu não sermos verdadeiramente comunicativos foi uma razão importante para o nosso divórcio, naturalmente além de algumas outras razões. Foi apenas durante as últimas quatro semanas que ficamos juntos que realmente conversamos. Tive a sensação de que foi a primeira vez. É estranho, mas você vê que acontece mais quando os relacionamentos chegam ao fim. É como se de repente você percebesse que vai perder alguma coisa, e quer colocar as peças no lugar certo no último minuto. Também é importante saber porque isso acontece. De outra forma isto vai se arrastar. Isso significa que os parceiros têm de falar a sua opinião, algo que aparentemente não foi possível durante o relacionamento. Eu às vezes comparo isso com pessoas que estão morrendo. Você ouve muito que elas usam suas últimas horas para mostrarem sinceridade.

Para mim, um divórcio é como morrer um pouco. Talvez por isso é que tivemos boas conversas naquelas últimas semanas. Para ser honesta, foi o melhor período do nosso casamento. Eu não tenho arrependimentos. A decisão continuou a ser a mesma depois dessas quatro semanas. Mas o resultado é que Benny e eu ainda somos bons amigos. Foi um bom divórcio, na medida em que você pode chamar um divórcio assim. A tristeza permanece, mas você pode tornar isto mais fácil em outros aspectos. Fizemos exatamente assim e eu estou feliz por isso. Benny e eu ainda podemos falar sobre coisas íntimas, bons momentos que tivemos juntos.

Essas são emoções que você só partilha um com o outro, algo que você não pode falar com outra pessoa. Se você não pudesse nunca falar sobre isso novamente, se não houvesse amizade ao lado disso tudo, essas coisas pareceriam nunca ter acontecido. Como se nunca houvesse tido um casamento. Depois do meu divórcio de Benny eu tive muito apoio dos amigos. Eles preencheram o vazio e fizeram-me confiante de que eu não deveria caminhar para um novo relacionamento imediatamente. Eu não acho que teria feito isso sem meus amigos. Eu não seria do jeito que sou agora. É por isso que a amizade significa muito pra mim. Claro, quando você ama muito alguém com quem você é capaz de partilhar sua vida, essa é a melhor coisa que existe. Mas relacionamentos como esse são mais raros do que bons amigos. Meus amigos foram sensíveis o suficiente para não ficarem tristes comigo, eles me empurraram para a frente. Eles deram-me a segurança para não desistir. Isto me fez gostar deles mais do que já gostava."

"Eu divorciei-me duas vezes na minha vida, e isso não aconteceu em vão. Isto fez-me pensar. Sobre o mundo à minha volta e sobre eu mesma. De alguma forma acredito em destino, que há um sentido para as coisas que acontecem. Não que você possa sentar em uma cadeira e esperar o que está vindo para você, não, você tem que trabalhar a si mesmo. Tentar criar algo de positivo em vez de negativo. Você tem que lutar por coisas na vida que realmente deseja. O meu objetivo é saber o máximo possível sobre mim, conhecer-me. Saber porque estou aqui. Vou ter de trabalhar a minha vida inteira para chegar lá, e ainda nunca chegarei. Terei morrido antes de chegar a isso. Não, isto não é idealismo. Todo mundo deveria explorar isto, para viver conscientemente. Ser feliz com as pequenas coisas. No momento sou bem sucedida. Eu consegui tudo o que eu sonhava quando criança. Sou uma mulher rica, tenho dinheiro, dois filhos fantásticos e grandes amigos. Quando se trata de coisas grandes eu não tenho críticas. Isso é exatamente o que me faz regressar aos detalhes. Para valorizar as pequenas coisas do jeito que nunca fiz no passado. Isto me dá muito mais na vida. É a hora de conscientização. A principal vantagem de ter dinheiro é que ele me dá tempo para pensar em outras coisas. No passado eu estava ocupada lutando pela minha sobrevivência. Agora não mais. Eu tenho o tempo para aprender sobre mim mesma. No momento este é o principal valor da vida para mim, isto me faz feliz. Na verdade, eu não sou tão solitária como muitas pessoas pensam. Estou sempre dizendo isso, mas as pessoas não ouvem bem o suficiente. Ou talvez elas achem que é mais interessante que eu seja solitária. Nesse caso, eu tenho que decepcioná-las. Acredite ou não, estou realmente muito feliz. É nesse sentido que eu encontro minha existência muito satisfatória no momento.

O verdadeiro sentimento de felicidade é apenas um pequeno momento, uma coisa fugaz. Pode acontecer de forma totalmente inesperada. Você pode de repente ter este sentimento caloroso, que faz você se sentir no topo do mundo. Mas não pode ser mantido. Isso é necessário ou não. Um breve momento é o suficiente, você pode viver com isso por um longo tempo. Sei que para muita gente ser feliz significa ter uma família. Eu vivo sozinha e essa é a razão pela qual as pessoas supõem que sou solitária e infeliz. Para mim é mais importante encontrar harmonia em mim mesma, e que à minha volta existam pessoas que me amem e me entendam. Isso não tem que ser uma família. Eu não tenho medo de viver a minha vida sozinha. É um medo que muitas pessoas têm. A família dá um sentimento de pertencer, algo para se apoiar e que ninguém pode tirar. Infelizmente isto muitas vezes acaba sendo uma ilusão. Eu não tenho essa urgência de me entregar, nunca tive. Se acontecer, pode ser fantástico, mas você não deve correr atrás disso. Eu vivo a minha própria vida e isto me faz feliz. Talvez tenha a ver com o fato de que eu nunca tive a minha própria família, e tive pouco disso com os meus filhos também.

Quando eu me divorciei do meu primeiro marido, as crianças tiveram que ficar com ele, porque eu não podia ir pra qualquer lugar. Quando Benny e eu estávamos juntos, nunca chegamos a ter uma família. Evidentemente meus filhos vinham visitar-me, mas foi no início do ABBA. O início de um circo que nos levou pelo mundo todo. Lotta e Hans viajavam conosco ocasionalmente, mas você não poderia chamar isto uma vida familiar normal. Uma família onde a mãe deixa o jantar pronto à noite, quando o pai chega em casa do trabalho. Eu nunca conheci esse tipo de vida, e não creio que eu pudesse vivê-la. Meus filhos não poderiam também. Não importa o quão estranha a vida com o ABBA foi, eles a aproveitaram. Eles viveram entre pessoas que cuidavam umas das outras, que foram amigáveis e os tratavam como adultos, não como crianças. Foi uma grande família. No total ela durou dez anos, e nenhum de nós iria querer sentir saudades dela, incluindo Lotta e Hans. Nós nos sentimos afortunados por termos podido experimentar isso."


(Fonte: ABBA Articles - Publicado na revista holandesa Libelle em 1984)
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...