quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Os 35 anos da rainha dançante

Há 35 anos, nesta semana de agosto, o ABBA lançava em compacto aquela que seria sua canção mais famosa e emblemática nos quatro cantos do mundo: Dancing Queen.


A música foi apresentada ao público pela primeira vez em junho de 1976, na trasmissão da festa de gala que comemorava o casamento do rei da Suécia,  Carlos XVI Gustavo, com Silvia Sommerlath (cuja mãe era brasileira). A imprensa imediatamente assumiu que Dancing Queen tinha sido feita especialmente para aquela ocasião, um erro comum que até hoje é difundido. Mas Silvia, então com 33 anos de idade, dificilmente poderia ser "young and sweet, only 17" [jovem e doce, com apenas 17 anos], como diz a letra da canção.

O casamento de Silvia e Carlos Gustavo
A verdade é que o ABBA já tinha começado a trabalhar nessa canção 10 meses antes. Outro mito que ronda Dancing Queen é que a canção foi lançada às pressas logo após o casamento. Ledo engano. A música já estava agendada como o próximo compacto do ABBA, a ser lançado em agosto de 1976. A gravação teve início em agosto de 1975, na mesma época de Fernando. No começo de 1976 Stig Anderson e o ABBA tiveram que escolher qual das duas seria lançada primeiro. Fernando foi escolhida por ser uma música lenta, que faria um contraste com o compacto anterior, a animada Mamma Mia. Além disso Dancing Queen já era considerada um grande avanço no som do ABBA.

Pela ordem natural dos fatos é fácil notar que não houve, de forma alguma, oportunismo por parte do ABBA. O convite para apresentar uma canção na festa de casamento do rei e da rainha foi conseqüência do sucesso do grupo, que na época crescia cada vez mais. Por coincidência, a música de trabalho a ser lançada era Dancing Queen e a ocasião caiu como uma luva.

Quando o quarteto visitou a Austrália em março de 1976, os jornais do país anunciaram que enquanto o grupo esteve lá gravando o especial de TV The Best of ABBA (também chamado de ABBA in Australia e ABBA Down Under) filmaram "com total sigilo" uma performance do próximo compacto (Dancing Queen), que só seria lançado em agosto. Os jornalistas descreveram-na como uma "canção influenciada pela disco music", e que era a melhor coisa que o ABBA tinha gravado até então. As previsões de que a música seria sucesso absoluto estavam certas.

O ABBA cantando na festa de casamento do rei da Suécia

Os fãs do ABBA de fora da Suécia ouviram Dancing Queen pela primeira vez no especial da TV alemã The Best Of ABBA (programa diferente do especial australiano de mesmo nome) que foi ao ar em
junho e julho na Europa.

That’s Me, o lado B do compacto Dancing Queen, começou a ser gravada nas primeiras sessões do que se tornaria o álbum Arrival, logo após a visita do ABBA à Austrália. Os vocais principais foram divididos por Agnetha e Frida, e Agnetha já declarou várias vezes que That's Me está entre as suas favoritas. Chegou a ser lançada como lado A de um compacto em 1977, no Japão, onde fez enorme sucesso. Acredita-se que o videoclipe que aparece na coletânea More ABBA Gold (1993) pode ter sido feito para o mercado japonês naquela época mesmo.

Dancing Queen/That’s Me é provavelmente o compacto mais famoso do ABBA. Lançado inicialmente na Inglaterra em 6 de agosto de 1976, seguida pela Autrália (em 9 de agosto) e Suécia (em 16 de agosto), foi para o topo das paradas de praticamente todos os países onde foi lançado, incluindo Austrália, Alemanha, Noruega, Bélgica, Suécia, Suíça, Áustria, Nova Zelândia e o mais importante, os EUA (onde atingiu o primeiro lugar em maio de 1977).

A RCA do Brasil lançou Dancing Queen em compacto no Brasil na mesma época em que a canção ficou em primeiro lugar nos EUA. Mas aqui, além de That's Me, o compacto duplo trazia ainda Dum Dum Diddle e Arrival. (O álbum Arrival também só foi lançado aqui no Brasil em 1977).

Por mais que a imprensa associe Dancing Queen à rainha Silvia, isso não denigre a canção e nem o
ABBA de forma alguma. Silvia - que morou no Brasil durante 10 anos - é culta, elegante, educada e reconhecida pela simplicidade e simpatia extremas. É também admirada não apenas por cumprir suas atribuições, mas pelo engajamento em projetos sociais importantes, como a criação da World Childhood Foundation, em 1999, que promove melhores condições de vida e de defesa ao direito das crianças contra a pobreza e o abuso sexual. Frida até hoje é amiga da rainha Silvia.

A rainha Silvia e Frida em meados dos anos 90
Em um post de 2009 neste mesmo blog, o Adauto já havia contado a história detalhada do nascimento de Dancing Queen. Mesmo assim, não pude deixar de mencioná-la novamente nesse aniversário de 35 anos. Mas o frescor continua o mesmo! Relembre aqui.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

ABBA Back to Black

Todos os 8 álbuns originais de estúdio do ABBA (Ring Ring, Waterloo, ABBA, Arrival, The Album, Voulez-Vous, Super Trouper e The Visitors) serão relançados em vinil pela Universal Music, no próximo dia 8 de agosto. Apesar desse privilégio não se estender ao Brasil (a menos que os interessados comprem os discos pela internet), os fãs brasileiros do ABBA terão a chance de incluir em suas coleções as reproduções das edições originais em vinil dos álbuns Ring Ring (1973), Waterloo (1974) e ABBA (1975), que nunca foram lançados em LP no Brasil. Vale lembrar que o álbum ABBA (1975) foi lançado aqui pela RCA em 1976, com a mesma capa da edição internacional, mas com listagem de músicas e contracapa diferentes da original.

Na verdade, essa volta dos bolachões não deveria ser uma surpresa tão grande, já que os discos de vinil estão novamente na moda, agora como verdadeiros itens de colecionador. Objetos sofisticados e icônicos, os LPs hoje em dia ganham destaque nas prateleiras e vitrines de megastores mundo afora. Todos os artistas cult querem ter seus álbuns (re)lançados em vinil, inclusive grupos e cantores da atualidade.

No final dos anos 90, com o crescimento desenfreado do CD, a produção de discos de vinil foi perdendo a força e os LPs foram descartados sem dó nem piedade, tornando-se ínfimos objetos empoeirados de sebos e vendidos a preço de banana. Tudo porque o CD (compact disc) era o último grito em matéria de tecnologia. 

Com domínio do MP3, do iPod e seus genéricos, o formato físico de armazenar música começou a se tornar obsoleto. Hoje, quem diria, o CD está condenado à morte. Ele ainda existe, claro, mas nem se compara ao número de canções e álbuns baixados na internet. Por outro lado, um movimento aparentemente contraditório ganhou força nos últimos cinco anos: o ressurgimento do vinil.

Curiosamente, em agosto de 1982 a Philips iniciou em Hanover, na Alemanha, a primeira produção dos compact discs. Uma verdadeira revolução no mercado mundial da época. E adivinhe qual foi o primeiro CD lançado no mercado? The Visitors, do ABBA, que tinha sido lançado oficialmente em vinil no ano anterior. Proeza bem moderna para um grupo que, naquela época (começo dos anos 80) chegou a ser tachado de "ultrapassado".

Agora, para comemorar os 60 anos do disco de vinil (completados em 2008), a Universal Music criou a linha Back to Black Vinyl ("de volta ao vinil preto"). Vários grupos e artistas tiveram seus álbuns relançados em vinil. O ABBA - um dos grandes nomes do catálogo da Universal - não poderia ficar de fora e também ganhou destaque na linha de reedições em formato de LP. 

Segundo Fernando Martines, do blog Beerock, em 2008, nos Estados Unidos, a venda de vinis cresceu 89% em relação a 2007 (ano em que o comércio de música nesse formato já havia crescido 36% comparado com 2006) totalizando 1,8 milhões de bolachões vendidos. No Brasil, a volta do vinil também se mostra forte. Prova disso foi o reativamento, no começo de 2010, da Polysom, última fábrica de vinis do País e que havia sido fechada em outubro de 2007.

Para os fãs e colecionadores brasileiros do ABBA que quiserem comprar os LPs, basta entrar no site http://www.backtoblackvinyl.com/ e conferir. Pelo site oficial do ABBA também é possível. Cada LP sai por pouco mais de 31 dólares (50 reais em média), preço um tanto quanto salgado se levarmos em consideração que vários desses LPs estão à venda em sebos modestos pelo Brasil ao preço médio de 15 reais (ou menos). Quer dizer, isso até os donos dos sebos se darem conta de que os LPs estão em alta novamente...
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