terça-feira, 31 de março de 2009

Agnetha comparece a show de Billy Paul em Estocolmo

Notícia um pouco atrasada, mas quando se trata de uma das raras aparições de Agnetha Fältskog sempre será uma grata surpresa.








O show de Billy Paul aconteceu na badalada e elegante casa noturna Berns em Estocolmo, que faz parte do tradicional complexo Berns Salonger (inaugurado em 1863) no dia 07 de Março.









Após a apresentação, o astro foi surpreendido pela visita da loira, demonstrando desenvoltura e exibindo novo visual, com madeixas mais curtas. Uma linda (como sempre) jovem senhora...










sábado, 28 de março de 2009

Just Like That - A história de uma canção que virou mito

Os compositores do ABBA Benny Andersson e Björn Ulvaeus escreveram "Just Like That" em algum dia na primavera de 1982, e o grupo iniciou as sessões de gravações com esta e um punhado de outras novas músicas no início de maio do mesmo ano. Entretanto os compositores perderam o interesse na faixa depois de várias tentativas de gravação, e decidiram no início de Junho deixar os tapes de "Just Like That" de lado.

Jornalistas visitaram ABBA no seu estúdio durante essas sessões para escreverem sobre o novo material, e os fãs assim ouvirem músicas novas do ABBA. Dois títulos foram mencionados: "Just Like That" e "I Am The City". Just Like That também foi mencionada oficialmente na imprensa pela Polar Music no Verão de 1982. Afirmaram que a canção havia sido concluída e seria lançada no próximo álbum de estúdio que seria lançado em 1983. No entanto, o resultado destas últimas sessões de gravações durante os meses de Verão de 1982 foi lançado em dois singles em agosto e novembro de 1982, respectivamente: "The Day Before You Came"/"Cassandra", e "Under Attack"/"You Owe Me One". Os lados-A foram incluídos no novo lançamento do ABBA The Singles: The First Ten Years, um LP duplo comemotativo com os singles de 1973 até 1982. Embora os quatro tenham afirmado que o grupo iria continuar os trabalhos em 1983, isto acabou não acontecendo.

De alguma maneira, versões pirata de algumas demos inéditas começaram a circular entre os fãs durante a década de 1980, e tem havido um interesse crescente para o seu lançamento oficial. Benny e Björn liberaram um trecho de "Just Like That", lançado em uma faixa "medley" no box lançado em 1994: Thank You For The Music, mas isso se tornou nada mais que um problema para os ávidos fãs do ABBA. O fragmento de "Just Like That" lançado em 1994 revelou somente o coro da faixa, e não só incluiu uma impecável partilha de vocais de Agnetha e Anni-Frid, mas também um solo de saxofone de Raphael Ravenscroft, que trabalhou no sucesso de Gerry Rafferty "Baker Street" em 1978 (uma das poucas vezes que o ABBA utilizou um músico fora do seu círculo habitual).

Em Junho de 1982 a canção foi arquivada, mas depois da separação do ABBA, Benny e Björn olharam para a canção novamente, e em 1984 decidiram reformular a composição e as letras e acabaram com duas novas músicas. A primeira, que manteve o coro original de "Just Like That", foi gravada pela dupla sueca Gemini quando Björn e Benny escreveram canções e produziram seu primeiro álbum em 1985. "Just Like That" foi ainda lançada por Gemini como single no Reino Unido. A outra parte da canção, composta em torno dos versos originais de "Just Like That", tinha o título demo "When the Waves Roll out to Sea" e como tal foi uma das músicas já testadas (por Elaine Paige e Tommy Körberg) durante as sessões de trabalho de Benny e Björn com Tim Rice para o musical Chess, mas foi novamente posta de lado (ela também tem um outro título de trabalho e outro conjunto de letras: "With the Stars up in the Sky").

A versão do ABBA, com a sua composição de verso e refrão, ficou insatisfatória para Björn e Benny, em Junho de 1982. Eles afirmaram que esta primeira versão soava "errada": verso e coro não se encaixavam, e foi por isso que foi abandonada, e os dois admitem que isso acontece regularmente na sua maneira de compôr música, uma canção medíocre pode se tornar uma ponte ou uma parte de outra canção, e um boa melodia pode girar em volta durante anos antes de se encaixar na superfície de uma composição.

"When the Waves Roll out to Sea" veio á tona quando Benny estava trabalhando nos ensaios de Chess - Chess På Svenska - em 2002, como o musical de 1984 agora tinha um novo libreto (texto de ópera), novo material era necessário.

Os versos para a antiga "Just Like That" foram adicionados para um novo coro em 1984, e agora ela encontrou o seu lugar em Chess - quase 20 anos mais tarde - como o número "Glöm Mig Om Du Kan", uma balada cantada pelo personagem russo Molokov, com letras em sueco de Björn.

Existem pelo menos duas versões piratas demo conhecidas da versão original do ABBA de "Just Like That". A primeira tentativa de gravar a canção tornou-se conhecida como a "slow (lenta)" versão, ou “dream (sonho)” versão. Esta versão tem uma simples melodia instrumental, entre os versos e os coros. Também são aparentes acordes de guitarra que afinal fizeram parte da melodia do último single oficial do ABBA lançado, "Under Attack" ("Don't know how to take it/don't know where to go/my resistance's running low...").

A segunda versão da canção é conhecida como a "na na na" (ou "la la la”) versão. A canção é essencialmente a mesma que a primeira, a mesma música de fundo e arranjos, mas desta vez, com Agnetha cantando um sentimental “na na na na” em cima da melodia instrumental.

A versão final e completa da canção se tornou conhecida como “sax (saxofone)” versão. Esta é a oficial "final mix” de "Just Like That". Esta versão é muito diferente das duas primeiras, com um arranjo diferente e uma nova música de fundo. No lugar das anteriores melodias instrumentais /'na na na' overdubs (técnica de gravação que consiste em adicionar novos sons a uma gravação já anteriormente realizada) vocais, há longos trechos de saxofone (cortesia de Raphael Ravenscroft). Esta versão da canção foi a única lançada, embora não na sua totalidade.

Michael B. Tretow, engenheiro de gravação do ABBA durante toda a sua carreira, fez a edição da versão lançada no box em 1994, e fez um excelente trabalho em cortar e colar a faixa, deixando o coro repetindo em um laço (e portanto não "liberando" a melodia nos versos).

Carl Magnus Palm, autor da biografia do ABBA Bright Lights, Dark Shadows em 2001, afirma em seu livro em 1994 ABBA - The Complete Recording Sessions que esta última versão "...é a que teria alcançado os ouvidos dos ouvintes quando foi lançada".

Agnetha disse em 1994: "Eu não a ouvi por vários anos, mas eu lembro dela como uma excelente canção e gravação. É uma das minhas grandes favoritas, e espero seja lançada um dia".

O tema lírico parece ter sido transferido de "Just Like That" em Junho de 1982 para as letras de "The Day Before You Came", que foi gravada em agosto do mesmo ano:

"Until that day/My life had been a river/Following the same/pre-destinated course/Suddenly detouring so unexpectedly/With uncompromising force/My strongholds broke down all too easily/I remember well/How it did embarrass me/I hung on to his every smile/Marveled at his style/ [...] /Just like that.../And once again/the river's flowing slowly/Following the same and uneventful course/Now the tears have dried/it's become a pleasant break/I recall without remorse/But now and then/I wonder where he is/And I will admit/he had something that I miss/I guess he was a rolling stone/The only one I've known..."

De fato, as duas canções poderiam ser tomadas em conjunto, com "Just Like That" sendo "The Day After You Left"...

Uma visão feminista sobre Agnetha e sua carreira












Agnetha Fältskog - quem é ela? Uma forte e independente garota que quer escrever suas próprias canções.

Agnetha mudou-se para sua casa nova. Ela está começando uma "vida nova". Com as crianças e com a sua própria música. A vida nova de Agnetha Fältskog será, evidentemente, para os ABBA-membros "vida nova". Mais cedo ou mais tarde. O que significa que estão começando a ter vidas individuais. Björn e Benny privativamente e Benny e Frida profissionalmente.

- Estamos começando a ver o fim da era ABBA. Mais dois álbuns, e depois... Disse Benny há um ano atrás. Antes do ano sabatical Benny disse também: Björn e eu iremos fazer aquilo que estamos planejando. E Frida e eu iremos fazer isto. Sobre Agnetha não posso dizer nada ainda.

Terá sido um sinal de que essa época já chegou? Algo está para acontecer. Mas isto pode ser facilmente entendido se Benny não sabe dos planosde Agnetha ou não quer falar sobre eles em público. Porque ele é quem sabe o que acontece. Você começa a imaginar. Assim como Stikkan Anderson fez quando começou a pensar por Agnetha sem consultar-lhe antes.

Porque há um lado de Agnetha que o vasto púlbico não conhece. E ela simplesmente não comercializou esta garota, apenas porque tinha que fazer isto.

Diva não

A forte Agnetha. A independente Agnetha. Provavelmente a mais forte dos quatro. Mesmo que ela seja a mais retraída.

Como uma menina: Ela compreende como Frida depende de Benny. Mas você nunca ouviu Agnetha dizer coisas assim com Björn. Tipo Björn superstar.

Mesmo ela fazendo parte de um dos maiores grupos do mundo ela é como uma pequena diva, assim como quando ela veio de Jönköping para Estocolmo há dez anos atrás. Ela é muito calorosa e suave, embora tenha um certo temperamento. Não há nenhuma "meninice" nela. Também não é uma garota sem nexo. Ela não irá morrer se alguma outra garota se sair melhor do que ela. Ela acha que existem coisas mais importantes para pensar do que isso.

Diz um dos poucos que ainda se atrevem a falar sobre ABBA como membro do grupo. Björn e Stikkan Anderson estão ligados há 15 anos agora. Mesmo ele sendo um excelente músico que é, assim como Stig é interessado no lado dos negócios do ABBA. Frida, casada com Benny, é vista pela cidade e nunca é lembrada pelo seu papel no ABBA e tem desfrutado estar em foco. Mesmo porque isto torno-se naturalmente "um pouco demais", mesmo para ela. Benny é estável, muito simpático e músico com "M" maiúsculo e o "motor" por trás do grupo. Mas ele é flexível e assim como Björn bastante frio quanto á ilusão de ser um "ídolo". Eles têm sido assim desde o início. E ambos ficam muito felizes se puderem passar algum tempo no estúdio, longe do mundo por semanas.

Consciência pesada pelas crianças

Onde é o mundo de Agnetha? Quem esteve lá naturalmente desde o início. Mas, as coisas podem se tornar maiores do que você deseja. E você pode ter novos prazeres com o passar dos anos. Os membros são agora também amarrados uns aos outros por laços de lealdade e serão um por um longo tempo. Talvez para o resto das suas vidas. E ninguém sabe como está escrito no contrato -183 pontos em 8 anos talvez. Não, seria estúpido especular sobre a eterna "felicidade" dentro da empresa "ABBA".

Agnetha nunca gostou de muita atenção. E uma vez que ela é uma garota muito direta ela toma as "coisas ruins" para o coração. Coisas que os outros três não têm muito cuidado.

O que é importante para Agnetha hoje? Duas coisas: Ficar com seus filhos, Linda, 6, e Christian quase 1 ano de idade. Ser uma boa mãe para eles, ser capaz de lhes dar amor e segurança. Ela muitas vezes sentiu-se culpada por deixar Linda.

Trabalhar criativamente "na sua". O que muita gente parece ter esquecido é que Agnetha (existe mais alguma?) foi quem lançou álbuns com o seu próprio material antes dos 20 anos de idade. Ela lançou até agora seis álbuns. O último "Elva Kvinnor I Ett Hus" há três anos.

Pressionada pelos rapazes?

Primeiro você se adapta à idéia do ABBA. Então você começa a pensar. Claro, ela poderia ter ficado em casa compondo em cima da mesa e era tudo o que ela queria, e ela fez isso. Mas essa não é a mesma coisa que acontece com o material. Que alguém acredite nele, publicá-lo e lançá-lo. E não importa o quão forte você é, há longo prazo não pode ser bom para a sua auto-confiança ter "gigantes" como Björn e Benny te observando.

Stikkan, Björn e Benny a pressionam? Bem. Eles são os únicos no comando. Tomam a maior parte das decisões. Mas em casa os rapazesnão são opressores. Existe uma mulher nesta terra em que Stikkan Anderson confia 100% - uma mulher. Sua esposa Gudrun. Uma mulher muito doce. Björn era há 15 anos um rapaz simpático que conversava com as meninas. E o fato dele ter ficado amarrado em Agnetha foi porque ela era uma menina com vontade própria e uma mulher forte. Björn foi com tudo. Cozinhou por horas. Melhor do que Agnetha. E deu toda a sua energia para seus filhos.

Mas "ABBA" pressiona um pouco. O que foi feito ou realmente não feito por Lena Andersson é metade de um escândalo. Com Stikkan você tem a impressão de que tudo o que ele faz é calculado, se você quer vencer você quer "vencer". E ele certamente tem "vencido". Porque em se tratado de uma pessoa talentosa e criativa como Agnetha Fältskog nada poderia ser pior, intencional ou ou não.

A mudança de Björn

Para Agnetha com sua necessidade de integridade não é muito surpreendente que ela seja a mais reservada dos quatro. Pode demorar muito tempo. Quando ela noivou com Björn tinha 20 anos. Ela já havia sido noiva e tido uma pequena carreira na Alemanha. Ela havia se estabilizado como artista e já havia assinado o seu primeiro contrato com a Cupol. Björn sempre teve a atitude perante as mulheres de que se elas não fizessem o que ele queria poderiam ir embora. Com Agnetha ele ainda tinha que dizer "desculpe-me" de vez em quando.

Agnetha não ia para turnês se tivesse que ficar sentada o admirando como um ídolo. E Björn aceitava isso, o fato dela precisar de uma tarefa... Ela era exigida, e recebia, em plena igualdade. Ela e Björn viviam intensamente o amor, mas poderiam ter a certeza de uma boa convivência nos primeiros anos. Além disso, Agnetha era romântica e conservadora. Ela queria casar-se, assim houve um casamento. Completamente dirigido por ela. É claro. Ela também foi muito determinada em ter filhos. Quanto mais depressa possível. Björn, cinco anos mais velho, tinha a mesma opinião. Houve uma série de opiniões comprometedoras especialmente no início quando ABBA começou. Björn e Benny assumiram. Agnetha se tornou "silenciosa".

Garota comum

Benny e Björn querem escrever musicais juntos ou separados e eles estão trabalhando em uma viagem para as Bahamas agora. Frida gostaria de permanecer no palco de uma forma ou de outra. E como um grupo poderemos ver e ouvir ABBA por um tempo mais.

A nova vida de Agnetha não vai mudar muito do lado de fora. Ela quer ficar em casa, por um tempo. Quem queria ser mais livre, para sair? Bem. Poderia ser uma coincidência - mas foi Agnetha quem deixou de sair. Não o inverso.

Ela vai fazer seu trabalho perfeitamente no ABBA, e no seu tempo livre ela vai ficar em contato com seus pais e sua irmã. Coisas importantes em sua vida. E sair com seus amigos. Antigos e novos.

Ela irá cortar bonecos de papel com Linda e ensinar Christian a montar no seu triciclo e nos intervalos ela irá compor, compor, compor. E ficar mais ou menos longe do público. A casa para onde ela se mudou é imensa e Agnetha vai poder dizer mais ainda que "a minha casa é o meu castelo". Ela é uma linda garota "comum", e ela nunca alegou qualquer outra coisa. É só quando se trata de talento, musicalmente ela é bem acima da média...

Mas agora ela tem uma enorme segurança na área. Ela tem viajado e representado muito e faz isto com suavidade como uma "marca". Ela tem 28 anos e está solteira novamente, e uma mulher muito bonita. Aqui em casa ela é a "garota vizinha" Agnetha. (E ela não se importa que seja isso). Mas, no exterior, em New York por exemplo, há uma imagem completamente diferente dela. Aqui está um "boato", que é um pouco divertido:

Agnetha é uma grande "femme fatale". Um vulcão escondido por trás de uma loira que seduz os homens interminavelmente. Björn deve ter tido um problema para mantê-la em sua casa à noite. "Não é assim?" Mas você pode dizer, a forma como ela anda, como ela olha pra você segundo disse um rapaz na Austrália. Agnetha! A pequena Agnetha que costumava trabalhar no quadro de distribuição em uma firma de carros em Jönköping. E agora uma "femme fatale" O vulcão de Vättern. Bem, bem, definitivamente uma nova imagem.

Em nome da igualdade tudo o que posso dizer é "continue" para Agnetha! Um telegrama das irmãs. Para a garota que provavelmente com um estalar de dedos poderia destruir o ABBA-império, se ninguém se importa com o que ela quer. Mas eu tenho certeza que eles já sabem.

(Janeiro de 1979 - Lilian Meiland)

quinta-feira, 12 de março de 2009

The Winner Takes It All - A história de uma obra-prima

Muitas vezes citada como uma das mais perfeitas gravações do ABBA, "The Winner Takes It All" foi minuciosamente trabalhada no estúdio - e caracteriza-se por letras pessoais que afetaram as pessoas durante as décadas seguintes.

Inflexível e métrica

Quando Benny Andersson e Björn Ulvaeus trouxeram sua mais recente canção para a Polar Music Studios, em Estocolmo, na Suécia, em 2 de junho de 1980, eles sabiam que tinham uma vencedora em suas mãos. Mesmo quando a estavam escrevendo - apenas eles dois com piano, violão e palavras sem sentido - ambos deram um grande drible na sua nova criação. Ela era, em alguns aspectos, uma composição bastante "simples", com apenas dois versos repetidos em toda a melodia, mas a simplicidade enganadora, também fazia parte da sua força. Até então, porém, os dois compositores não haviam trabalhado bem nela o bastante para gravá-la, e sua letra definitiva ainda não havia sido escrita: nesta fase, a música ainda era adornada com o título de trabalho "The Story of My Life". Além disso, como era geralmente o caso, a melodia que eles trouxessem para o estúdio poderia acabar com qualquer tipo de arranjo, nada foi fixado, nada foi determinado.

Com Benny nos teclados e com a ajuda dos músicos Lasse Wellander (guitarra), Mike Watson (baixo) e Ola Brunkert (bateria), esta primeira tentativa na música deixou-a com os arranjos bastante uptempo (estilo de música com batidas a mais de 120bpm): uma batida insistente, pontuada por batidas das mãos - um pouco "mais densa e métrica", como Benny viria a descrevê-la. Isto efetivamente não era um fundo musical ruim e poderia facilmente ter formado a base para uma excelente música pop no seu gênero. Uma mixagem grosseira desta gravação instrumental foi copiada para uma fita cassete para Björn e Benny.

Uma "chanson" francesa

Como os dois compositores dirigiram de volta para casa no subúrbio de Lidingö, onde ambos moravam na época, tiveram uma nova oportunidade de ouvir a faixa. Eles perceberam que estavam algo sintonizados com esta música, mas concluíram que não haviam capturado o seu pleno potencial. "Sentimos que era uma canção muito importante, e nós queríamos ter certeza de que nós não a 'perderíamos', Björn recordou mais tarde.

Alguma coisa era necessária para desprendê-la, e foi Benny quem encontrou a chave que destravou a canção: uma melodia descendente, tocada ao piano durante a introdução e depois reocorrendo por toda a melodia. Este simples mas eficaz dispositivo alisou as pontas do quadrado, dando á música um fluxo mais suave: saiu o território inflexível e métrico e entrou uma romântica "chanson" de paisagem francesa. Uma nova música de fundo foi gravada quatro dias depois da primeira tentaviva, em 6 de junho, e isto foi certamente um avanço. Os músicos foram os mesmos neste momento, com a adição do percussionista Åke Sundqvist, que sem dúvida contribuiu para a elasticidade rítmica desta segunda versão.

Sob efeito

No momento em que o novo arranjo chegou, a "chanson" sentida na música começou a dar a Björn idéias para a letra. Ele ainda gravou um demo vocal, onde cantou em francês sem sentido. Björn freqüentes vocais principais nos álbuns do ABBA, e não houve sugestões para que ele fosse o vocal principal nesta música."Foi bom não ter sido eu.", determinou ele muitos anos depois. Esta era claramente uma canção que chamava pela experiência de cantar de uma das garotas.

Mas primeiro Björn tinha que escrever a letra final. "The Story of My Life" tinha sido apenas um título preliminar, palavras para cantar a música enquanto estava sendo escrita. Agora era hora dele trazer a fita cassete com a música de fundo de casa, ouví-la mais e mais, e encontrar uma "mensagem" na música - o que ela estava tentando dizer? Como ele mais tarde recordou, ele havia tomado algumas doses de whisky durante o processo de composição: "não uma garrafa inteira, mas definitivamente dava para dois grandes aperitivos!" Embora ele sentisse que geralmente compunha "sob efeito" nunca trabalhou assim - no dia seguinte as letras normalmente eram consideradas inexpressivas - por alguma razão desta vez isto realmente o ajudou. "Não me pergunte por que ou como.", recordou no livro "Mamma Mia! – How Can I Resist You?", "Eu dificilmente tive que mudar alguma palavra, e isto foi fantástico."

Uma pequena obra-prima

As letras finalizadas foram intituladas "The Winner Takes It All" e tinha um toque pessoal, ressonante emocionalmente para Björn. Embora ele tenha salientado que a maior parte da música é pura ficção, ele também admitiu que a sua narrativa - um casal que precisa seguir diferentes caminhos e a mágoa inevitável daí resultante - tinha raízes no seu divórcio com Agnetha, 18 meses antes. Isto quase passou sem ser dito que Agnetha seria a vocalista principal. Como ela e Frida chegaram ao estúdio para acrescentar seus vocais mágicos para a gravação, alguns dos presentes sentiram lágrimas encherem seus olhos. A própria Agnetha muitas vezes apontou "The Winner Takes It All", como a sua favorita dos anos ABBA. "As letras são profundamente pessoais, e a música é insuperável. Cantar em parte era como atuar. Eu não devia deixar que meus sentimentos aflorassem. Foi um pouco mais tarde que eu percebi que nós havíamos criado uma pequena obra-prima."

A gravação foi concluída e mixada em 18 de junho, e algumas semanas depois tarde, em 12 de julho, o grupo novamente vai á cidade de Marstrand, na costa oeste da Suécia, para filmar o clip promocional da canção dirigido por Lasse Hallström. Hallström deliberadamente escolheu mostrar o papel de Agnetha como a solitária, mulher abandonada, como retratado na letra. Isto tornou o clipe muito pungente, com a mensagem parecendo ser: "Isto é o que foi feito do grupo que era formado por dois casais felizes - a ilusão foi desfeita."

Lançada como single em 21 de julho de 1980, "The Winner Takes It All" rapidamente se tornou um grande sucesso, chegando á primeira posição em pelo menos cinco países e entrou no Top Ten em muito outros. Desde o seu lançamento, "The Winner Takes It All" como que tomou quase uma vida própria, oferecendo consolo e catarse para centenas de milhares, senão milhões, de casais que descobriram que já não podiam mais manter relações entre si. A canção tornou-se também o principal número mostrado no musical "Mamma Mia!" - na verdade, a produtora Judy Craymer admitiu que o poder emocional de "The Winner Takes It All" foi o que lhe deu a idéia de mostrá-la primeiramente. Mas, com todo o devido respeito a todos que deram tudo em suas interpretações da música, poucos contestam que a versão original, realizada pelo ABBA, será sempre insuperável.














Fonte: Abbasite

sábado, 7 de março de 2009

Encontro de mulheres de Småland

Astrid Lindgren, uma autora que talvez signifique mais do que ninguém para milhões de crianças com suas histórias sobre "Pippi Långstrump” e "Emil" e "Barnen i Bullerbyn".

Agnetha Fältskog, cantora do grupo ABBA, compositora de suas próprias canções e um ídolo para muitos jovens.

Ambas obtiveram grande sucesso internacional. Ambas admiram-se reciprocamente pos seus talentos e queriam encontrar-se para conversar há bastante tempo. Agora, elas tiveram a oportunidade de fazer isto.

A primeira pergunta: Você pode começar apresentando-se?

Astrid: Já que eu sou mais velha, acho que vou primeiro. Eu não faço nada, mas escrevo livros infantis. Eu faço isso há uns de 35 anos. Escrevi alguns que algumas crianças conhecem: Pippi Långstrump (Pippi Meialonga), Karlsson på taket (Karlsson Sobre o Telhado), Emil i Lönneberga (Emil em Lönneberga). Esta é a minha principal atividade.

Agnetha: Bem, eu estou com 30, vou fazer 31. Eu sou cantora e um membro do grupo ABBA. Eu gravei vários discos e viajei por muitos anos e trabalho nisto desde 68.

Astrid: 68? Quantos anos você tinha então?

Agnetha: Eu tinha 18 anos. Eu trabalhei como artista solo e excursionei em folk parks.

Astrid: Mas e sobre cantar, você faz isso desde que era um bebê?

Agnetha: Sim, quase.

Você tem filhos?

Astrid: Ah sim, tenho dois, mas eles são adultos e crescidos agora. Tenho sete netos, dos quais o mais velho tem 30 anos, então Agnetha poderia realmente ser minha neta.

Cada uma de vocês é de Estocolmo?

Astrid: Não, muito melhor do que isso, nós duas somos de Småland.

Agnetha: Eu sou de Jönköping.

Astrid: Há uma região confusa, na fronteira entre Jönköping e o condado de Kalmar. Eu sou do condado de Kalmar e você é de Jönköping. Nós duas somos de Småland.

Agnetha: É um bom povo.

Astrid: Sim, e muito teimoso.

Agnetha: Ah sim, isso é muito pertinente.

Quais eram seus sonhos quando criança?

Astrid: Não me lembro de nenhum, se você quer dizer o que eu queria fazer quando crescesse. Não, eu percebi sempre que iria ser algo, mas não tinha absolutamente nenhuma idéia do que queria fazer. Eu nunca fiz nada propositadamente. Penso que dessa forma isto foi para mim tudo na minha vida. Isto apenas tinha que acontecer e então aconteceu. Eu fui para Estocolmo estudar como uma secretária. Como autora eu fazia simples relatórios de boletins meteorológicos, eu diria. Saí uma noite quando havia nevado recentemente, caí e tive uma entorse no meu tornozelo e tive que ficar de cama. Visto que sou uma boa taquígrafa escrevi as aventuras de Pippi Långstrump, que eu só havia contado antes para a minha filha. Se não houvesse nevado nesse dia, em março de 1944, eu não estaria sentada aqui agora.

Agnetha: É difícil lembrar, mas uma cantora, que é o que acho que eu sempre quis ser. Meu pai tinha um show de variedades em Småland. Ele tinha o seu próprio ballet e escrevia suas próprias letras para os shows de Ano Novo. Mas nunca fiz parte disso. Ele sempre tocava violão em casa. Eu cresci com a música ao meu redor. Quando eu olho para trás, todos os ídolos que tive... Eu sentava na frente da vitrola, colocava os LP's de Connie Francis e cantava junto. Foi quando eu aprendi a dublar. Naquela época eu não havia estudado inglês ainda.

Astrid: É muito bom quando você sabe o que deseja. Mais ainda quando isto se realiza como aconteceu com você. Algumas pessoas perguntam: se lhe fosse dada uma nova vida, você escolheria a mesma coisa?

Agnetha: O que você diria?

Astrid: Bem, eu diria que certamente faria a mesma coisa. Eu não consigo ver nada mais vantajoso, fascinante e maravilhoso.

Agnetha: Claro que eu iria querer fazer o mesmo tipo de trabalho, mas se eu tivesse a experiência que tenho hoje, não cometeria os mesmos erros. Mas talvez não seria tão divertido. Eu tenho muitos livros que Astrid Lindgren leu para mim durante a minha infância.

Astrid: E as coisas foram bem elaboradas também!

Agnetha: Sim, eu cresci com todos estes livros.

Astrid: Eu li vários quando criança. Mas na minha casa, não tínhamos outros livros senão a Bíblia. E então o vigário nos deu romances religiosos. Meu irmão comprou alguns livros terríveis sobre criminosos de uma editora em Malmö. Mas eu leio todos os tipos de livros. Eu penso que todos eles são muito bons.

Você teve que escrever redações na escola?

Astrid: Sim, foi quando eu experimentei o sucesso pela primeira vez. Elas foram lidas alto. Quando tinha treze anos, eu já tinha uma publicada.

Agnetha: Quando lia os seus livros eu pensava que queria ser capaz de escrever da mesma maneira. Eu particularmente adorei - não "Pippi" e aqueles que foram os mais conhecidos, mas "Barnen på Bråkmakargatan" e "Bullerbyn".

Isto fez você sentir como quando o seu primeiro livro foi publicado?

Astrid: Por um momento pensei que era muito especial, mas não exatamente para pular de alegria.

Como se sentiu quando gravou o seu primeiro disco?

Agnetha: Foi uma grande coisa para mim. Eu estava realmente empenhada nisto. Antes de lançar meu primeiro single eu cantei com uma orquestra de dança em Småland por três anos. Um dia eu enviei uma fita para Little Gerhard - o velho rei do rock. Ele não gostou da orquestra, mas gostou de mim. Foi muito difícil. Eu estava sob contrato com a orquestra e precisei de um modo simpático para tentar dizer-lhes que eu estava desistindo de gravar com eles.

Astrid: Como foi o lançamento, foi um sucesso?

Agnetha: Eu gravei dois singles ao mesmo tempo. Isso era muito incomum, isto prova que eles acreditavam muito em mim.

Você acha que é importante que seus filhos leiam agora?

Agnetha: Sim, Linda pode ler por si mesma, ela tem oito anos. O mais novo, ele tem apenas três anos e eu leio pra ele. Eu sou uma verdadeira mãe super-protetora admito, e provavelmente é verdade, porque me importo muito com meus filhos.

Astrid: Desejo que todas as mães façam o mesmo.

O que você prefere que Linda leia?

Agnetha: Astrid Lindgren... Ela também quer ler os gibis do Kalle Anka (Pato Donald).

O que você pensa sobre isso?

Agnetha: É um pouco triste, eu prefiro ler um livro com ela, Min Skattkammare (Meu Tesouro) é muito bom.

Astrid: Quando eles querem gibis, então eles devem ter alguns. Você não deve dizer aos filhos "os gibis são ruins, você não pode lê-los". Eu não iria dar-lhes qualquer gibi de terror, mas todos os chamados gibis engraçados, ainda que os achemos bobos, eles têm alguma finalidade.

Você está preocupada com o modo como as coisas vão, quando seus filhos se tornarem adolescentes?

Agnetha: Sim, estou muito preocupada. Tudo me preocupa. As escolas e como as coisas se desenvolveram nos últimos anos - uma deterioração eu acho. Eles têm uma falta de respeito. Eu posso ver isso com Linda que está na primeira série. Seu professor tem grandes problemas com alguns alunos.

Astrid: Você não quer uma verdadeira obediência extrema de volta ás escolas. Isto existiu para dar terríveis condições nas escolas antigamente. Havia professores aterrorizando alunos. Isso não é bom. Mas porque é que tem que agitarem assim? Mas há também aqueles que nasceram para ser professores e há aqueles que não são aptos pra isso, mas ainda ensinam. Há aqueles que têm a habilidade de ensinar uma classe para que as crianças gostem de ouvi-los. Eles provavelmente são afetados por todas essas impressões da TV etc. Eles não podem concentrar-se no caminho certo, eles não têm uma paz interior como costumava acontecer. Depois há alguns na classe que podem estragar tudo. Então não é fácil ser um professor. Você tem que admirar aqueles que aturam isso.

Agnetha: Existem outras coisas que me assustam, como por exemplo drogas.

Astrid: Imagine ver crianças de dez, onze, doze anos de idade bêbadas deitadas nos arredores de Hasselbacken. Eu vi isso. Então, estou muito satisfeita que meus filhos estejam crescidos. Mas ainda me preocupo com meus netos.

Agnetha: Freqüentemente me preocupo com o que devo fazer para protegê-los de coisas perigosas. Aparentemente, não faz qualquer diferença que passado eles tiveram. Há crianças que vêm de relacionamentos estáveis, de casamentos que duraram bastante e completamente pacíficos, mas eles ainda assim se envolvem com drogas.

Astrid: Ah sim.

Agnetha: Como posso fazê-los compreender que eles podem sempre confiar em mim, que sempre poderão falar comigo? Não sei como você poderia resolver isso. Só espero que o consumo de drogas diminua. Que isto seja algum tipo de reação, um grito por ajuda da juventude e das crianças.

Astrid: Só se todos os jovens tivessem algo significativo para fazer, se eles tivessem alguma coisa divertida, um maior envolvimento dos adultos, se os adultos pudessem sentir-se como se fossem os pais de todas as crianças e se empenhassem verdadeiramente. Eu fico tão triste quando vejo certas coisas, você sabe que eles têm apenas uma vida e então você vê como eles intencionalmente fazem todo o possível para estragá-la. Deve ser porque eles não sabem o que estão fazendo. Eles não sabem que têm esse lindo, maravilhoso e precioso corpo, que supostamente deve funcionar por toda a sua vida, e então eles começam a arruiná-lo. Eles não entendem que eles terão esse mesmo corpo quando ficarem velhos.

Agnetha: Foi exatamente como quando veio o punk rock - eu nunca entendi. Penso que parece ser como um grito por ajuda - o que é isto, apenas para serem grosseiros?

Astrid, você ficava preocupada quando seus filhos estavam crescendo, você também enfrentou problemas?

Astrid: Eu não era muito preocupada, não era assim... Você deve saber que eu tive meus filhos no início da década de 1930. Nunca houve qualquer pergunta sobre... nunca foi, como: Mãe, agora eu vou fazer o que eu quero, em vez disso se eu lhe pedisse algo, eles faziam... Não, não havia nada com que eu tivesse que me preocupar sobre ser dessa maneira. Posso garantir-lhe isso.

Você era uma boa mãe?

Astrid: Eu brincava com meus filhos e nos divertíamos bastante. Isso é algo que só as crianças sabem, se um adulto gosta de estar com eles, se eles se divertem estando com eles. Você não pode fingir, "agora vamos ter um bom momento". Tem que vir de dentro de você. Nem todo mundo gosta de passar tempo com seus filhos.

Agnetha: Não, isso me assusta.

Como você acha que seus netos estão indo, eles parecem estar felizes?

Astrid: Eu não sei muito sobre eles. Parece que eles estão indo bem. Mas eu não posso ver isso por dentro deles e saber o que realmente é. Você pode na verdade apenas conhecer a sua própria infância e a minha foi maravilhosa. Mas creio que muitas crianças, assim como você disse, gritam por ajuda.

Agnetha: E provavelmente muitos pais também. Estou certa de que existem muitos que perderam seus filhos. Mas novamente, existem muitos pais que têm apoiado os seus filhos.

Astrid: Quando ando na rua eu observo todas as pessoas intensamente. Eu vi uma mãe e um rapaz e pensei em como este rapaz é sortudo. Eles estavam calmos, ambos relaxados, segurando as mãos um do outro e seguiam concentrados nos seus próprios pensamentos, mas eles passavam afinidade e confiança. Eu senti vontade de ir até eles e dizer: Ah, como são boas as coisas entre você e sua mãe. Mas você vê outros "venha aqui"...

Agnetha: Eu também me sinto mal vendo isso. Me sinto mal quando ouço crianças gritarem, mesmo que os meus próprios filhos gritem. Eu nem quero ver quem está gritando, eu olho ao redor, eu só quero fugir dali o mais rápido possível.

Você é uma boa mãe, Agnetha?

Agnetha: Sim, mas eu tenho algumas regras. Eles devem tentar manter os seus quartos limpos, eles têm que ir para a cama em determinada hora, eles não podem assistir muito a TV, especialmente alguns programas não.

Astrid: Ah, então você é boa nisso, não creio que muitos pais consigam isso hoje.

Agnetha: Mas às vezes eles fazem uma cena. Recentemente Linda teve um período de rebeldia. E o mais novo (Christian) me mantém muito ocupada. Mas eu amo meus filhos. É importante que eles estejam bem.

O que eles dizem quando ficam furiosos com você?

Agnetha: Bem, geralmente é mãe cruel...

Astrid: Você não pode castigar crianças por liberarem a sua agressividade. Elas têm o direito de fazê-lo.

Agnetha: Linda normalmente corre pro quarto dela e bate a porta. Mas então eu a deixo lá em cima até que fique calma. Então quando ela desce é uma pessoa diferente. Ela então me compreende.

Já reparou se os seus filhos herdaram qualquer um dos seus talentos artísticos?

Agnetha: Sim, tanto Linda quanto Christian são muito musicais.

Astrid: E devem ser.

Agnetha: Sim, o mais novo, ele dança. Linda e eu gravamos um LP natalino no Natal passado, mas nunca foi lançado devido à falta de tempo, mas será lançado no próximo Natal. Ela se saiu bem e foi muito divertido para guardar como lembrança.

Astrid: Sim, mesmo que nunca fosse lançado é divertido ter isso.

O que Linda têm a dizer sobre ter uma mãe famosa?

Agnetha: Bem, ela tem que lidar com isso na escola, mas ela não é deslumbrada. Ela não acha que existe alguma coisa especial nisso, mas se alguém é injusto, ela defende o ABBA. Se alguém diz, "Eu não gosto de ABBA", então ela responde "Você não deveria dizer isso, você deveria ir para casa e realmente ver como é bom ouvi-los". Tanto sua mãe quanto seu pai estão no grupo e eu acho que ela é um pouco orgulhosa disso.

Astrid: Ela deve ser.

Seus filhos têm algum talento artístico, Astrid?

Astrid: Eu não sei. Minha filha escreveu antes de eu começar a escrever. Ela escreveu suas memórias quando tinha cinco anos de idade. Ela não podia ler, mas podia escrever. Ela foi constantemente ativa durante o seu crescimento e quando ela cresceu, disse que ficaria gorda e escreveria livros. E isso foi antes de eu escrever um único livro. Mas ela não quer se tornar uma dessas coisas. Ela é um tradutora. Meu filho está interessado em assuntos técnicos. Talvez eles não queiram ficar na mesma área de trabalho porque sua mãe é uma escritora.

Em quantos países seus livros são vendidos?

Astrid: Bem, eu acho que eles já foram traduzidos para 54 línguas.

Agnetha: Você sabe como as traduções foram feitas?

Astrid: Eu gostaria de saber. Posso dizer que não sei muito bem o chinês. Para "Lotta på Bråkmakargatan" me foi dada uma amostra da América. Depois que eu li imediatamente enviei um telegrama: parem e corrijam isto. Um tradutor pode, com apenas uma palavra... Lotta fica no topo do monte de esterco porque ela já ouviu falar que as coisas crescem bem com esterco e chuva e ela quer crescer e tornar-se tão alta como seus irmãos. Mas, na tradução diz assim: "Lotta subiu ao topo de um monte de folhas caídas" - porque não poderia ser estrume. Então eu escrevi e perguntei se as crianças americanas não sabem que há coisas melhores do que folhas caídas para fazer as coisas crescerem. Se não, eu não estou impressionada com a agricultura americana! Mais tarde eles corrigiram isto.

Você já teve muita influência sobre os filmes e séries de TV?

Astrid: Bem, eu acho que já tive. Eu não tinha muita influência sobre os primeiros filmes já que não me preocupava com eles. Mas depois eu escrevi a maior parte dos roteiros para o cinema.

Agnetha: A música nestes filmes tem sido muito boa.

Astrid: Sim, foram diferentes compositores. Georg Riedel compôs a música para os filmes da Pippi. Para Lejonhjärta acho que foi alguém chamado Isfeldt, penso eu.

Agnetha: Eu acho que elas são ótimas. Existem algumas canções muito boas.

Você está insatisfeita com qualquer um destes filmes?

Astrid: Sim, eu não fiquei muito satisfeita com os primeiros. Mas... Cinema é uma arte da possibilidade. Tem a ver com orçamentos e coisas desse tipo. Mas todos estes filmes têm sido populares. Eu poderia ter uma imagem disto em mim: esta é a forma como se supõe ser, e então você verá outra, uma imagem do filme. Mas as coisas vêm juntas, e de repente você pensa: bem, é isso. Eu tenho colaborado muito de perto desde a década de 1950 com aqueles que fizeram os filmes.

Agnetha: Eles têm que ficar muito bons, eu acho.

Você tem pesadelos às vezes antes de subir ao palco?

Agnetha: Sim, tenho. É como o que você está dizendo, antes de ir para o palco. É sempre assim. E às vezes acontece de eu esquecer a letra. Você está ali e de repente a sua mente dá um branco. As letras desaparecem completamente. Você continua pensando e pensando e chegam palavras estranhas e em seguida, de repente você está de volta à canção novamente.

Astrid: Mas você tem que saber a letra de cor?

Agnetha: Ah, sim, temos que saber. No nosso último show cantamos quase vinte canções. Mas as letras estão ali. Uma linha segue a outra. É a lógica do percurso, quando você começa.

O que você acha do filme que você fez, há muitos cortes nele, o que você acha sobre isso quando você vê-lo?

Agnetha: Bem...

Astrid: Você provavelmente pensa que mulher é esta, como Greta Garbo costumava pensar quando ela assistia seus filmes.

Agnetha: Sempre achei difícil gostar do trabalho que fazemos no palco. Eu sempre sinto que não quero ver o trabalho que fazemos no palco.

Astrid: Não, não quero ouvir isso.

Agnetha: Sim, eu quero ouvir. A nossa força são as gravações, o trabalho em estúdio, quando as músicas são criadas, quando os rapazes as compõem e nós as construímos.

Astrid: É ainda como na Polônia, onde eles derrubam paredes para obter um porão para uma gravação? Eu vou para a Polônia em Maio. Talvez eu traga uma gravação, e então eu serei popular.

Em quantos países vocês vendem discos?

Agnetha: Eu não sei. A maioria deles eu acho. Eu li em algum lugar, ou foi o Stikkan quem disse isto, incluindo a China. Mesmo na Rússia.

Astrid: Isso é inacreditável.

Agnetha: Sim, realmente é. Como é que conseguimos ser tão bem-sucedidos em todos os lugares?

Astrid, porque você acha que os adultos gostam dos seus livros tanto quanto as crianças?

Astrid: Quando se trata de um livro infantil, os adultos têm de ser capazes de organizar isso para lê-lo. Se assim não for, não é bom. Se você perguntar-me: Como deve ser um bom livro para crianças, então eu respondo: Ele deve ser bom! Porque você nunca pergunta como uma boa coleção de poemas ou um bom romance devem ser assim. Não há realmente nenhuma boa maneira de julgar a literatura infantil, de qualquer outro modo que não seja a literatura. Você tem que ter as mesmas exigências, na arte, na veracidade, uma boa linguagem e assim por diante. Você não pode simplesmente sentar-se e dizer: bem, esta é a forma como um bom livro para crianças deve ser.

Agnetha: É como se eles fossem nos perguntar, especialmente os rapazes, como é que você compõe um sucesso, que você acha que já estamos compondo um sucesso? Eles não. Você não trabalha dessa maneira. Como você sabe?

Você imagina algum tipo especial de criança na sua frente quando escreve um livro infantil?

Astrid: Não, eu escrevo para a criança que ainda está dentro de mim. Eu nunca acho que haverá crianças lendo meus livros. Nunca. Eu escrevo só para me divertir. É tão divertido escrever livros, assim como lê-los. Desde sempre eu leio livros, como uma criança, e eu continuo a fazer, eu posso sentir quando escrevo que esta é a maneira que eu quero. Eu entro nisso de alguma forma. Não, eu nunca penso em qualquer outra criança. Não importa o que eles acham... Eu não posso deixar isto. É bom que eles sejam tão infantis como eu sou.

Agnetha: Eles são.

O que você diria se Linda chegasse em casa cheirando a cigarro?

Agnetha: Bem, o que fazer? Eu não sei. Eu estou instilando isso nela agora que ela está crescendo, que ela não deve fumar. Isso é ruim para o seu corpo. Não excessivamente, mas de alguma forma fazê-la entender que isto não é bom. Porque se você começa a fumar, então é difícil pensar nisso. Uma vez fumante - sempre um fumante. Eu mesmo parei de fumar por dois anos e eu tinha certeza disso, mas depois, tudo me levava para um cigarro, e lá estava eu fumando novamente.

Astrid: Eu acho que você deveria dizer-lhe isto: que ela tem um organismo excepcionalmente ótimo, como uma máquina, com o trabalho dos pulmões, coração e todos os membros, estômago. Você voluntariamente iria fornecer-lhe alguma coisa que sabe que iria estragá-lo...?

Agnetha: O primeiro cigarro não é bom. Eu me lembro muito bem, como que me forcei a fumar, senti-me doente.

Alguma vez você já fumou, Astrid?

Astrid: Sim, fumei, quando eu era uma adolescente. Eu ficava atrás de uma estaca de madeira e fumando astutamente porque eu teria um monte de problemas se alguém me descobrisse. Foi um não-não. Mas quando eu vim aqui para Estocolmo me senti convicta. Mas eu nunca inalei então eu acho que isto não faz de mim uma fumante. Então foi muito fácil para mim sair disso e eu não posso dizer se é difícil ou não sair. Porque existe muita diferença. A melhor coisa a fazer é nunca começar a fumar. Se você pudesse apenas fazer as crianças perceberem isso. Eu vejo crianças na rua e eu me sinto como caminhando até eles e dizendo: Meu querido, por favor pare por mim.

Agnetha: Eu tenho certeza que não é bom falar muito sobre isso. Eles começam a ficar curiosos. É a mesma coisa com o álcool. Por um tempo eu pensei porque não o vendem em todas estas lojas, totalmente, como fazem em alguns países, em muitos países. Talvez isto seja estúpido e duro de dizer. Haveriam então pessoas que não poderiam lidar com isso, por muitos anos, ao mesmo tempo eles sabem o que estão fazendo, o quanto isto é perigoso. Talvez então você se livre dessa curiosidade.

Astrid: Eu realmente não acredito nisso. Acho que a coisa mais estúpida que fizemos foi quando liberamos o racionamento. Eu sabia disto antes e agora eu estou dizendo isso. Tornou-se muito mais fácil para as mulheres se ligarem ao álcool. Elas nunca conseguiam nada do racionamento dos seus maridos, ou muito pouco. Você pode dizer que era injusto, mas talvez seja justo se você se tornar um alcoólatra...

Agnetha: Eu não acho que um racionamento daria certo hoje.

Astrid: Talvez não agora. Mas pelo menos já funcionou. E não havia tanto alcoolismo entre as mulheres e mais do que tudo isso as crianças não começariam a beber como fazem agora.

Agnetha: Mas por outro lado, se eles têm álcool em casa e não te vêem abusando dele, então isto não deve ser um grande negócio.

Astrid: Isto é uma desgraça agora. Quando eles chegam à sétima série começam a beber, porque todos bebem cerveja. E é legal beber aos sábados. Caso contrário, não é divertido. Observando os seus pais, eles sempre vêem que quando você quer ter uma diversão, quando você está em uma festa, o vinho deve fazer parte dela.

Acha que isto está começando a mudar, está se tornando legal ficar sóbrio, em comparação com quatro, cinco anos atrás...?

Astrid: Sim, provavelmente está mudando.

Agnetha: Sim, é isso o que eu espero.

Astrid: Mas os pais precisam se disciplinarem. Se eles fumam e bebem, e depois dizem pra você que não se pode fazer isso, então isso não vai funcionar.

Agnetha: Não, temos que dar um bom exemplo.

Astrid: Se você puder apenas fazer com que os jovens percebam, que não comecem a fumar ou beber, se houvesse uma maneira de fazê-los pensar que: não, papai e mamãe podem fumar e beber. Eu tenho mais bom-senso do que eles.

Por que você começou a fumar, Agnetha?

Agnetha: Bem, eu acho que foi porque eu queria ser legal, assim como os outros. Eu tinha quinze anos. Fiquei ainda mais jovem quando dei minha primeira tragada.

Astrid: Minha filha também fumava quando era muito jovem e tinha um pai que pensava: bem, se ela vai fumar, ela deve fumar corretamente, então ele veio para casa e deu a ela uma caixa cheia de cigarros. E ela fumou, até que desmaiou. Ela estava tentando pôr um vestido e de repente desmaiou. Então ela começou a sentir que devia parar. Ela apenas não podia tolerar isto, por isso parou.

Agnetha: Eu acho que é muito difícil parar a não ser que você esteja sofrendo com isso. Se nada está errado. Não me sinto bem quando fumo. Eu fumo muito pouco agora. Eu sinto como se eu fosse ter palpitações no coração. E não consigo entender como alguém pode começar seu dia com um cigarro, a primeira coisa que eles fazem. Isso realmente faz minha cabeça girar.

Astrid: Conheci um jornalista. Ele tinha parado de fumar, e eu sabia que ele já havia fumado muito. Por que você parou, eu perguntei. Bem, ele disse, ele tinha ido a Thoraxkliniken em Karolinska (um hospital) para escrever um artigo sobre uma cirurgia. Ele já estava lá no dia anterior e estava em pé na cantina. Próximo a ele, havia um homem que também estava esperando algo para comer. Eles começaram a conversar. O homem vinha de Norrland (parte norte da Suécia), um homem bastante jovem com uma mulher e três filhos. No dia seguinte, quando o jornalista retorna é o mesmo homem que está lá na mesa de operações. Ele estava negro como o azeviche por dentro. Não havia nada que pudesse fazer e eles o costuraram. Ele estava morrendo. Nesse ponto o jornalista decidiu parar de fumar.

Agnetha: Eu acho que você precisa ver essas coisas terríveis a fim de compreender.

Astrid: Mas se você quer influenciar jovens não pretenda trazer uma história como essa, você deve querer que seja algo mais positivo: Para nunca começarem a fumar. Eles terão uma vida melhor se nunca começarem.

A Nonsmoking Generation, 1980













Quem é Astrid Lindgren



Astrid Anna Emilia Lindgren, ex-Ericsson, (14 de novembro de 1907—28 de janeiro de 2002) foi uma autora sueca de literatura infantil, com livros traduzidos em 85 idiomas em mais de 100 países.

Astrid Lindgren cresceu numa fazenda em Småland na Suécia e muitos de seus livros são baseados em sua família e memórias de infância. Todavia, Píppi Meialonga, sua personagem mais famosa, foi inventada originalmente para entreter sua filha Karin, que estava acamada.

Em 1944, ela tirou o segundo lugar numa competição organizada pela recém-fundada editora Rabén & Sjögren com seu romance denominado Britt-Marie lättar sitt hjärta (Britt-Marie desafoga seu coração). Um ano mais tarde, ela ganhou o primeiro prêmio na mesma competição com o livro infantil Pippi Långstrump (Píppi Meialonga), o qual desde então transformou-se num dos mais amados livros infantis de todo o mundo. Ela havia anteriormente enviado o livro para a editora Bonniers, que o rejeitou. Embora Lindgren tenha se tornado quase imediatamente uma escritora grandemente apreciada, sua atitude irreverente perante a autoridade dos adultos, que é uma característica marcante de muitos de seus personagens, atraiu ocasionalmente a ira de alguns conservadores.

A revista feminina Damernas Värld enviou Lindgren aos Estados Unidos em 1948 para escrever crônicas. Quando de sua chegada, diz-se ter ela se surpreendido pela discriminação contra os afro-americanos. Alguns anos mais tarde, ela publicou o livro Kati in America, uma coleção de crônicas baseadas em sua viagem.

Em 3 de março de 1976, sentindo-se prejudicada pela altíssima carga tributária sueca, ela publicou uma crônica intitulada "Pomperipossa in Monismania" no jornal Expressen. O texto provocou um acirrado debate durante a eleição parlamentar no mesmo ano e acarretou a queda do governo social-democrata pela primeira vez em 40 anos.

Astrid Lindgren também tornou-se conhecida por seu apoio aos direitos das crianças e dos animais e por sua oposição à punição corporal. Em 1958, ela tornou-se a segunda ganhadora do Prêmio Hans Christian Andersen, um galardão internacional da literatura infanto-juvenil. Em 1993, ela recebeu o Right Livelihood Award (também conhecido como "Prêmio Nobel Alternativo"), "...por sua dedicação à justiça. não-violência e compreensão das minorias, bem como seu amor e cuidado pela natureza". Em seu 90º aniversário, ela foi proclamada "Personalidade do Ano" na Suécia, por um programa de rádio.

Após sua morte em 2002, aos 94 anos de idade, o governo sueco instituiu o Prêmio Astrid Lindgren em sua memória. O prêmio é a maior recompensa financeira em todo mundo para livros de literatura infanto-juvenil, num montante de cinco milhões de coroas (cerca de R$ 1,5 milhão).

O nome do micro-satélite sueco Astrid 1, lançado em 24 de janeiro de 1995, foi originalmente escolhido como um nome feminino sueco comum, mas em pouco tempo, ficou decidido que os instrumentos seriam batizados com nomes de personagens dos livros de Astrid Lindgren: PIPPI (Prelude in Planetary Particle Imaging), EMIL (Electron Measurements - In-situ and Lightweight) e MIO (Miniature Imaging Optics). Fazendo um trocadilho, Astrid teria dito que as pessoas poderiam chamar o satélite de Astreoid Lindgren.

A coleção dos manuscritos originais de Astrid Lindgren na Kungliga Biblioteket, em Estocolmo, foi adicionada à lista de herança cultural da UNESCO em 2005.





Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...