quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Dança das coletâneas

Em meados dos anos 90, as coletâneas oficiais ABBA Gold e More ABBA Gold já haviam se espalhado, com grande sucesso, pelo mundo. Com o interesse pelo ABBA ressurgindo, as gravadoras trataram de lançar coletâneas secundárias a torto e a direito, a maioria delas em um espaço de tempo muito curto. Para quem estava descobrindo o ABBA, esses CDs se mostravam até interessantes. Mas para os antigos fãs que já conheciam o trabalho do grupo, essas compilações eram apenas mais do mesmo.



Saindo das coletâneas oficiais, logo após a 'febre Gold', o selo Spectrum (parte da PolyGram) lançou ABBA - The Music Still Goes On, em 1996. Os responsáveis pelo CD parecem ter evitado as escolhas óbvias de hits - até porque praticamente todos já haviam figurado em Gold e More Gold. Com exceção das duas primeiras faixas (Does Your Mother Know e Ring Ring), as outras são menos conhecidas do público em geral. O resultado foi uma coletânea bem irregular, que vale para quem já teve um primeiro contato com as canções mais batidas. Para os menos familiarizados com o trabalho do ABBA, no entanto, essa coletânea não é das mais eficientes.




Também em 1996, a Polydor lançou ABBA Master Series. Repetindo algumas faixas de The Music Still Goes On, esta coletânea misturou canções bem batidas como Fernando e The Winner Takes It All a outras menos conhecidas, como My Love, My Life e Andante, Andante. Em 1998, o CD ganhou uma reedição com capa diferente. Novamente, em 2003, uma outra edição, com nova capa.


ABBA Master Series (1996)
ABBA Master Series (1998)
ABBA Master Series (2003)
Em 1998, mais um lançamento da Polydor: ABBA - Love Stories. Pelo nome, supõe-se que seja uma seleção de canções românticas, mas trata-se de uma coletânea extremamente irregular. Mistura faixas muito conhecidas (Fernando, Chiquitita, The Winner Takes It All, I Have a Dream) com outras desconhecidas do grande público (Like An Angel Passing Through My Room, I Let The Music Speak, I Wonder). E nem todas as canções são românticas, como faz parecer o nome do CD. No Brasil, teve também uma edição dentro da série Millenium Internacional - O Som do Século XX.





Passamos para 1999 e nos deparamos com o lançamento europeu de outra seleção de hits: Classic ABBA. Posteriormente, foi lançada em outros países com nomes diferentes. Na Alemanha, Classic ABBA fez parte da série Millennium Collection (relançada, em 2002, sob o título Popstars Of The 20th Century). Na França, foi lançada apenas como ABBA. Na Itália, se chamou Super Stars ABBA. Na África do Sul, o nome dado foi An Evening With ABBA. No Brasil, Classic ABBA foi lançada como parte da coleção Millenium Internacional - O Som do Século XX. A lista de músicas é muito parecida com a de ABBA Master Series (1996). 


Classic ABBA (1999)
Variações do mesmo tema: algumas das muitas 'caras' de Classic ABBA
Classic ABBA (versão 2009)
Edição brasileira de Classic ABBA - Millenium Internacional - O Som do Século XX

Entramos no século 21 e o musical Mamma Mia! fez com que o ABBA se tornasse, de uma vez por todas, reconhecido no mundo não apenas pelo visual extravagante como também pelo talento e pela qualidade de suas composições. Enquanto as coletâneas oficias (lançadas pela Polar Music) ofereciam sempre uma ou duas faixas inéditas em CD ou não lançadas anteriormente, as coletâneas secundárias, sempre muito parecidas entre si, não se intimidaram. Em 2000, foi a vez de The Best Of ABBA - The Millennium Collection - 20th Century Masters, espécie de "mini-ABBA Gold". O estranho foi o CD ter apenas 11 faixas.



A confusão não para por aqui: também em 2000 saiu o CD ABBA - Millennium, coletânea idêntica à Master Series (1996), com exceção da última faixa, que era Andante, Andante e neste foi substituída por Happy New Year.


ABBA Millennium Edition (2000, idêntica à Classic ABBA)
A Spectrum lançou, em 2002, a coletânea The Name of The Game. Novamente, a aposta foi misturar faixas de sucesso como Waterloo, Gimme! Gimme! Gimme! e S.O.S com outras de menor destaque. Entre as nem tão conhecidas, estão Love Isn't Easy, Gonna Sing You My Lovesong e Hole In Your Soul.



Para confundir um pouco mais as coisas, em 2005 foi lançada outra coletânea Classic ABBA, na série The Universal Masters Collection. Apesar do nome, este CD tem lista de faixas diferentes da coletânea Classic ABBA de 1999. Trata-se, na verdade, da coletânea The Name of The Game (2002), com nome e capa diferentes. A lista de faixas e até a ordem são as mesmas.





Como deu para perceber, o mundo das coletâneas pode ser atraente para fãs e colecionadores. Mas se você não é daquelas pessoas que colecionam TUDO, é bom ter atenção na hora de adquirir certas coletâneas. Muitas são repetições requentadas, com apenas a capa diferente. 

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Coletâneas brasileiras do ABBA


Coletâneas sempre estiveram nos tópicos mais discutidos entre os fãs de um grupo musical ou cantor(a). Para quem apenas aprecia uma banda, a coletânea é mais do que suficiente. Para os fãs e colecionadores, ela pode representar um pouco mais do que apenas um apanhado de hits.


A começar pelo questionamento do que seja um hit (sucesso): para fãs apaixonados, o conceito de hit é bem diferente do que seria para alguém que simplesmente gosta de determinado artista, mas não é necessariamente fã nem colecionador.

No caso do ABBA, o grupo explodiu em 1974, com a vitória de Waterloo no Eurovision Song Contest. No Brasil, o nome do ABBA só começou a aparecer nas paradas de sucesso e nas lojas de discos a partir de 1976, quando Fernando estourou mundialmente e ganhou até versão em português da cantora paraguaia Perla.

À direita, Fernando do ABBA e, à esquerda, Fernando da Perla, compactos de 1976
Tanto que o primeiro álbum do ABBA lançado no Brasil foi uma coletânea "disfarçada". Como os dois primeiros - Ring Ring (1973) e Waterloo (1974) - não haviam sido lançados aqui, a RCA reuniu os hits desses dois LPs e juntou com outros hits pescados do terceiro LP, ABBA (1975), usando a arte gráfica do último disco. E assim surgiu o álbum ABBA no Brasil, em 1976, bem no auge do sucesso de Fernando (faixa que também foi incluída na edição brasilera, mas que não faz parte do álbum original). 


A lista de canções era a mesma da coletânea Greatest Hits (1976), lançada no resto do mundo, com exceção de He Is Your Brother, que não entrou no LP brasileiro. [Para mais detalhes sobre a edição brasileira do álbum ABBA (1975), leia aqui o post que fiz há alguns anos].



A primeira coletânea "de verdade" do ABBA no Brasil foi Disco de Ouro, lançada pela RCA em 1978. A faixa Watch Out, que fazia parte do álbum Waterloo, mas que não havia sido lançada em nenhum LP do ABBA no Brasil, foi incluída no Disco de Ouro, apesar de não ter sido um hit. A canção tinha aparecido pela primeira vez aqui em 1977, na coletânea (também da RCA) Discoteca Tropicana, um apanhado de músicas que faziam sucesso nas pistas de dança brasileiras da época. Talvez uma aposta da RCA, quando o ABBA ainda buscava uma identidade entre o rock e pop, pouco antes de se firmar como grupo genuinamente pop.


Em 1980, a RCA lançou no Brasil o LP Greatest Hits, que na verdade era uma versão adaptada de Greatest Hits Vol. 2 (1979), com lista de músicas diferente do resto do mundo, incluindo algumas e suprimindo outras. (Detalhes também no post mencionado acima.) 

A Som Livre se antecipou em 1981 e lançou a coletânea ABBA 10 Anos, pegando carona no enorme sucesso que o ABBA fazia no Brasil (àquela altura, o grupo já era bem popular no mundo todo). No entanto, para que as 14 faixas coubessem no LP, algumas foram editadas. (Alguns fãs abominam, outros consideram uma "exclusividade".)



Em 1983, novamente a Som Livre lançou outra coletânea, Golden Hits, desta vez com uma seleção de faixas bem menos famosas que as da coletânea anterior, que ainda era muito recente. Músicas do começo da carreira do ABBA, como Ring Ring, Dance (While The Music Still Goes On) e So Long foram colocadas junto com as últimas canções do grupo, como Under Attack e The Day Before You Came. A mistura ficou um pouco heterogênea demais, mas ao menos foi a primeira vez que Rock Me fez parte de um LP do ABBA no Brasil (antes ela só havia aparecido aqui em um compacto duplo de 1975).



Ainda em 1983, a RCA lançou sua última coletânea brasileira do ABBA: Super Três - Disco de Ouro. O nome fazia parte da coleção Super Três: Talento - Produto - Qualidade, que incluía coletâneas de artistas brasileiros e seleções de hits internacionais. O mais estranho é que naquele mesmo ano a RCA já havia lançado a edição brasileira da coletânea dupla The Singles - The First Ten Years, que trazia todos os grandes hits do ABBA. Ou seja: qual o propósito de lançar o ABBA na Super Três também? De qualquer forma, este LP é hoje a coletânea brasileira do ABBA mais rara, bem difícil de ser encontrada, o que faz dela um item de colecionador.



Com isso, houve um espaço de cinco anos até que outra coletânea brasileira do grupo fosse lançada: ABBA - Os Grandes Sucessos (1988), da Som Livre. Foi a última coletânea brasileira do ABBA, lançada numa época em que o grupo já era considerado 'coisa do passado'. 



Ainda levaria mais cinco anos até que o Brasil visse outra coletânea do grupo, a mundialmente famosa ABBA Gold, que a Globo/Polydor lançou no mercado brasileiro em 1993. O resto é história: o ABBA voltou às paradas de sucesso do mundo inteiro e passou a ser reverenciado por uma nova geração de fãs e artistas. E teve início uma onda de coletâneas "caça-níqueis", que serão o assunto do próximo post.

sexta-feira, 10 de julho de 2015

ABBA nas coleções do Reader's Digest

A revista americana Reader's Digest (no Brasil, Seleções), publicada em 35 línguas e distribuída em 120 países, foi, durante décadas, muito popular no mundo todo. Até hoje ela sobrevive bravamente nas bancas, com seus artigos, relatos, piadas e histórias. As variadas coleções de produtos lançados pela revista (romances, enciclopédias e discos) marcaram época. O ABBA não ficou de fora. 



Nos anos 80 e 90, o quarteto teve álbuns lançados sob o selo da Reader's Digest. Pelo menos duas caixas, lançadas na Europa, ficaram famosas: The Best Of ABBA - Reader's Digest (com 4 LPs, 1982), em Portugal, e uma versão maior, com 5 LPs, lançada na Grã-Bretanha. Eram vendidas em condições especiais para assinantes da revista e são, hoje, itens raros de colecionador. Anos depois, variações em K-7 e CD foram lançadas, além de outras coletâneas menores.

A versão portuguesa (4 LPs) e a versão britânica (5 LPs)
Em termos de novidade musical, as caixas do ABBA lançadas pela Reader's Digest não trouxeram nada de diferente. A vasta lista de músicas incluiu tanto os grandes sucessos quanto faixas menos conhecidas do grande público. Mas a embalagem era caprichada, sofisticada e bonita, bem ao estilo das coleções de LPs da revista.

Já no final dos anos 80 e começo dos 90, quando o compact disc chegou com tudo, a Reader's Digest lançou outras compilações do ABBA em CD. Muitos podem se questionar sobre o motivo de oferecer coletâneas tão parecidas em um espaço de tempo relativamente curto.

As razões variam bastante. Algumas vezes isso se dá por questões contratuais, outras por senso de oportunidade, como quando um selo adquire os direitos de lançamento de determinado catálogo musical. Outras vezes pode ser a tentativa de pegar carona em uma fase boa do artista, ou então o contrário, o cantor/grupo está meio sumido e a gravadora quer fazer um revival etc. Mas existe a velha razão, com a qual o mercado de discos ainda conta: muitos fãs se sentem tentados a comprar todas as coletâneas que aparecem, mesmo que elas não tragam nenhuma música inédita. Seja pelo layout da capa, pelo encarte, por uma faixa editada ou por alguma outra peculiaridade que represente um atrativo para um fã. Isso acaba gerando burburinho e estimulando o "colecionismo" entre eles.

Na seção "Discografia selecionada", do livro Mamma Mia!, questiono brevemente essa necessidade constante de novas coletâneas quando falo de ABBA - The Definitive Collection (2001):

Os nomes de coletâneas sempre falam em superlativos: "Greatest", "Best", "Very Best". Mas é um tanto quanto difícil justificar o lançamento de mais esta coletânea depois do sucesso esmagador de ABBA Gold e More ABBA Gold. (Mamma Mia!, Panda Books, 2011).

As pomposas coletâneas da Reader's Digest são apenas um exemplo desse nicho de mercado, por vezes repetitivo. Na história de sucesso do ABBA, existem vários outros exemplos de compilações com hits do grupo, mesmo que em muitos casos os álbuns misturem meia dúzia de sucessos com uma dezena de faixas menos expressivas. Para agradar ao fã, os organizadores de coletâneas buscam incluir ao menos uma ou duas canções "diferentes". Pode ser uma versão ao vivo, estendida, remixada ou até em outra língua. Qualquer dessas opções é válida para dar um certo ar de "novidade". Mas este é um assunto para os próximos posts.

Algumas das caixas e coletâneas famosas da Reader's Digest:

The Best of ABBA (Portugal, 1982)


The Best of ABBA (UK, 1982)



Versão em K-7 de The Best of ABBA (UK, 1982)

The Very Best of ABBA (UK, 1989)





The ABBA Collection (França, 1992)
The ABBA Collection (Alermanha, 1992)
The Ultimate Collection (UK, 2003)

The ABBA Collection (Canadá, 1992)
The ABBA Collection em K-7 (Austrália, 1993)


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