quarta-feira, 26 de maio de 2010

Bravo, 1977: Alfred Haase, o pai de Anni-Frid, tem algo a dizer-lhes

Aqui está uma carta de Alfred Haase sobre a experiência do seu primeiro encontro com a sua filha Frida, como publicado na revista alemã Bravo:

Depois de toda a comoção que a minha repentina paternidade de Anni-Frid Lyngstad e as reportagens da revista Bravo causaram, eu gostaria de falar a todos vocês pessoalmente mais uma vez, pelos seguintes motivos: em primeiro lugar, gostaria de agradecer com todo o meu coração à Bravo que pegou a bola e fez o contato com o grupo ABBA e especialmente a Anni-Frid se possível, por publicar um artigo sobre o "desconhecido pai alemão". Em segundo lugar, gostaria de agradecer a vocês, leitores da Bravo, pelo enorme interesse e algumas vezes comovente participação em toda a história.

Desde que voltei de Estocolmo, onde tive meu primeiro encontro com Anni-Frid, o telefone não parou de tocar. Quase incessantemente recebo telefonemas de leitores da Bravo, principalmente das garotas. Eles me felicitam e me bombardeiam de perguntas, sobre como foi a minha visita de três dias a Anni-Frid e Benny, eles querem saber todos os detalhes. Vocês certamente compreendem que não posso compartilhar cada detalhe. Afinal, eu fico no meu trabalho o dia inteiro e à noite, especialmente à noite, eu preciso de alguma paz e sossego. É por isso que eu estou disposto a contar a vocês as coisas mais importantes dessa maneira, as coisas que vocês ainda não puderam ler na Bravo.

Primeiro, vocês devem imaginar que a casa em que Anni-Frid e Benny estão vivendo é como um castelo. Quando eu cheguei ali pela primeira vez, na sexta-feira dia 9 de setembro, na parte inferior da escada maravilhosa, com um buquê de rosas vermelhas na mão, e vi a minha "nova" filha famosa de pé no topo da escada, eu pensei que estava sonhando. Nós nos aproximamos um do outro e nos abraçamos. Naqueles primeiros momentos nós dois não dissemos uma palavra. Nós apenas sabíamos e sentíamos que não havia nenhuma dúvidas sobre a nossa consanguinidade. Eu nunca esquecerei daquele momento em que nos olhamos nos olhos pela primeira vez. Depois disso, ocorreu-me que ela tinha a testa alta assim como a sua mãe, há também muita semelhança nos olhos.

Afinal Frida lentamente disse, em alemão desajeitado: "Boa noite... bem vindo." Então entramos na casa, junto com Benny e a tia de Anni-Frid, que haviam me buscado no aeroporto. A simpatia e a hospitalidade que me foram conferidas nos próximos três dias foi uma experiência única na vida. Anni-Frid e Benny me disseram que eu deveria me sentir em casa com eles, e isso não foi apenas uma expressão. Eu pude escolher meu próprio quarto, onde eu queria ficar. Mas evidentemente estava tudo bem comigo.

Anni-Frid preparava as nossas refeições e me mimava. A princípio sua tia traduzia tudo o que eles diziam entre si. Benny também fala alemão muito bem. A cada dia que passava Anni-Frid entendia alemão um pouco melhor. Ele me pediu para eu falar bem lentamente. Ela me perguntou se incomodava a mim ela ficar me olhando, porque a coisa toda ainda era como um conto de fadas para ela. Eu disse: "Claro que não, é o mesmo para mim."

Na primeira noite nós nos sentamos juntos até às quatro horas da manhã. Obviamente Anni-Frid queria saber exatamente o que eu lembrava de sua mãe, e eu queria saber todos os detalhes sobre o destino de sua mãe também. Quando eu imagino que ela teve que passar por uma gravidez inteira, pelo nascimento e por todas aquelas preocupações cotidianas como uma menina de dezenove anos de idade sozinha, você certamente pode imaginar o quanto eu me senti triste. E eu não soube nada sobre isso por 32 anos. Como a vida pode ser cruel às vezes! Quando Anni-Frid tinha apenas dois anos de idade, sua mãe morreu aos 21 anos de idade devido a uma insuficiência renal.

Quando Anni-Frid deixou claro para mim no segundo dia que ela queria aprender a falar alemão o mais rapidamente possível, porque havia coisas que ela queria partilhar somente comigo, sem ninguém traduzi-las, então eu desmoronei. Eu sumi para o meu quarto. De repente tudo havia se tornado demasiadamente esmagador. Após alguns minutos, Benny veio até mim e perguntou delicadamente: "Nós fizemos algo de errado?" Eu respondi: "Não, pelo contrário. Eu voltarei até vocês em um minuto."

Para me distrair um pouco, ambos então me mostraram a cidade velha de Estocolmo, eles compraram para minha esposa duas belas velas de porcelana de lembrança. Nós também fomos a um super restaurante para jantar.

Na verdade eu queria voltar para a Alemanha no domingo, mas devido a todo o entusiasmo e a todas as histórias que tínhamos para falar, nenhum dos nós pensou em reservar um voo de volta. Quando isso me surpreendeu na manhã de domingo, todos os voos estavam lotados. É por isso que eu voei de volta na segunda-feira. Anni-Frid acompanhou-me no meu caminho para o aeroporto e prometeu-me que iria ligar o mais breve possível, nesse meio tempo ela tem ligado. Agora ela também quer começar a escrever letras em alemão, de modo que ela vai aprender o meu idioma mais rápido.

Leitores da Bravo, agora vocês podem imaginar o que significa de repente ser o pai de Anni-Frid Lyngstad. Obviamente, este raio fantástico na minha vida tem o seu lado negativo também. Por exemplo, você pode imaginar como me senti mal quando um repórter de um jornal de Hamburgo me ligou depois que a história tinha aparecido na Bravo e perguntou: "Você vai parar de trabalhar agora? O que você vai fazer com todos aqueles milhões de sua filha?" Um repórter de Colônia me ligou e perguntou: "Você é o famoso senhor Haase?" Eu disse: "Não, eu não sou o famoso senhor Haase. Meu nome é simplesmente Haase, e deve permanecer dessa maneira." Ainda que a ideia de agora ter uma filha como Anni-Frid me faça muito feliz.

(Fonte: Abbaarticles)

4 comments:

Rodolfo disse...

Adauto, como aconteceu a "separação" entre o pai e a mãe da Frida? Ele a largou?

Interessante história, aliás. Parabéns.

ABBA Voyager disse...

Caro Rodolfo,
Os detalhes da história encontram-se na postagem recente, mais acima. Quando você comentou aqui eu ainda não havia postado...rs;
Obrigado pela visita!!

Anônimo disse...

Essa foi incrível, pois desde garotinho eu escuto ABBA...e gosto das musicas ate hoje e tb
gosto de Historia segunda guerra, leio e pesquiso muito sobre o assunto. Como foi a vida do Sr. haase apos o final da guerra ? - Recuperar a moral ? - Ter novos objetivos ? - E
para Anni, será que ela sabia deste pai ? ou ninguem falou pra ela ?

Marcio Souza disse...

Quando eu li há uns 10 anos, aqui na internet, que o pai da Frida era um alemão que só pensou em entrar em contato com ela depois do sucesso do ABBA, pensei apenas se tratar de um oportunista como tantos que existem por aí. Mas eu não tinha idéia de que se tratava de um sargento nazista que havia se relacionado com uma nativa durante a ocupação da Noruega na II Guerra Mundial!

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