sábado, 9 de abril de 2011

A História do ABBA - Parte 6


Até agora Muziek Parade já publicou cinco partes completas da história do ABBA em que os membros do grupo foram analisados amplamente. Nós falamos sobre seus altos e baixos, seu sucesso e seus problemas. Os difíceis primeiros anos, a oposição da imprensa sueca. Mas MP também relatou extensivamente sobre a vitória em Brighton e suas consequências. O final desta história está se aproximando. Não é o fim do ABBA, porque nos atrevemos a prever que eles estarão presentes no topo do show business internacional por anos e anos pela frente, pois o sucesso do ABBA é baseado na ligação mútua estreita entre Stig, Agnetha, Anni-Frid, Benny e Björn. Essa intensa colaboração é ainda mais poderosa devido à enorme inventividade musical do quinteto e do seu faro para saber o que o público quer. E o ABBA conhece o gosto do público completamente, sem para isso ter de fazer quaisquer concessões.

Lenta mas seguramente o ABBA conseguiu passar a imprensa sueca para trás. Por exemplo, o Expressen escreveu sobre o "Mr. Biz" Stig Anderson: "Não existem muitas pessoas que conhecem o verdadeiro Stig, que examinam o seu coração. Ele saltou da Suécia para o centro da atenção internacional. Ele deu à Suécia os meios que ela precisava e ainda precisa, Stig é uma espécie de campeão mundial. Ele tem uma quantidade enorme de ambição e energia, ele é dono de gravadoras e editoras musicais. Ele está orgulhoso de seus sucessos, e pra ele isso não é permitido? Stig acredita em si mesmo. Não há nenhuma falsa modéstia. Ele é um projétil musical talentoso. Ele trouxe a morta indústria musical sueca de volta à vida e nós percebemos que é muito tarde e que devemos ter vergonha disso."

Essa é uma afirmação clara. Entretanto o ABBA mal teve apoio da empresa de televisão sueca. Eles achavam que a sua música era muito comercial e que estavam apenas reforçando as contas bancárias do grupo e de Stig, em vez de atender aos anseios da população sueca. Por isso o grupo decidiu realizar um concerto em seu país de origem em janeiro de 1975, no Concert Hall em Estocolmo. O ABBA estava tão nervoso quanto esteve em Brighton. O grupo tinha se distanciado por muito tempo e eles sentiram o quanto estavam afastados dos seus próprios fãs. O nervosismo não era necessário, este show transformou-se em um verdadeiro triunfo para o ABBA. Eles terminaram a sua apresentação com "Waterloo" e parecia que o local tinha sido virado de cabeça para baixo. Garotas desmaiaram e muitos lutaram para contar as lágrimas. O jornal sueco Aftonbladet, que não tinha sido muito gentil com o ABBA no passado, noticiou no dia seguinte: "Esses são os ídolos em ação, apoiados por pelo menos 2.000 fãs entusiasmados. O ABBA está de volta à Suécia, vamos tentar mantê-lo aqui porque o ABBA está melhor do que nunca."

O conhecido empresário americano Sid Bernstein - que havia organizado um concerto dos Beatles - estava na sala de concertos também e falou à imprensa: "O ABBA agora faz parte do maior carrossel de artistas que é conhecido como show business." Ele - que já tinha visto tantos artistas se apresentando - ficou muito impressionado com a apresentação do ABBA. "Que show!", ele exclamou. Por exatos noventa minutos - parecia um jogo de futebol - o ABBA passou por seu repertório e eles foram crescendo e crescendo. Bernstein ficou muito entusiasmado com as roupas do grupo. A bata branca de Anni-Frid com a capa verde, Agnetha em uma roupa apertada também. E também a minissaia com as botas brancas.

Após esta apresentação, Anni-Frid gravou um álbum solo que foi intitulado "Ensam", que tornou-se um grande sucesso vendendo mais de 100 mil cópias. O pânico instalou-se devido a este sucesso. Frida iria deixar o ABBA agora? Será que ela vai continuar por conta própria? Os convites para apresentações solo vieram, mas Stikkan Anderson pôs fim a tudo dizendo: "Frida queria realizar um sonho antigo, ela conseguiu. Bom para ela e para todos que compraram o álbum, mas Frida não irá se apresentar por conta própria em programas de televisão ou em concertos. Ela é muito importante para o grupo."

Frida: "No início eu fiquei desapontada pelo veto de Stig, mas depois entendi. Ele quer nos impedir de crescer separadamente, para evitar que o público fique confuso com o que está acontecendo com o ABBA". Um dos aspectos do contrato do grupo com Stig é que ele pode impedir certas mudanças em suas carreiras sempre que ele sentir que estas podem prejudicar o ABBA. No caso de Frida ele apenas interferiu.

Após esta ocorrência houve um outro momento importante na carreira do ABBA: as amígdalas de Agnetha. Ela quase teve que pular Brighton porque suas amígdalas estavam inchadas e a incomodavam. Devido a isso Agnetha lutou contra um resfriado e não foi capaz de atingir certas notas por algum tempo. As amígdalas são tão importantes para um cantor como um menisco o é para um jogador de futebol.

Agnetha fala sobre isso agora: "Em consulta com Stig e com os outros, foi decidido que as minhas amígdalas deveriam ser removidas. Eu estava muito preocupada com isso e em um estado como esse a gente trabalha mal. Eu tinha uma narcose local e pude acompanhar todo o tratamento. Mais tarde eu me arrependi de ter ido adiante com a operação. Eu me sentia horrível e mal podia falar, muito menos cantar. Seria preciso algumas semanas antes que eu pudesse proferir algumas palavras. Eu fiquei realmente com medo de ter perdido a minha voz. Cuidadosamente eu comecei a falar de novo e após algumas semanas chegou a hora do teste final: cantar." Agnetha foi levada ao estúdio, estava tudo preparado e... Agnetha cantou como um pássaro. Que alívio, não havia problemas e a sua voz estava melhor do que nunca.

Daquele momento em diante o sucesso seria inevitável. Era como se um carregamento de discos de ouro e platina estivesse flutuando para Estocolmo. Não parecia não ter fim e parecia que o ABBA iria superar o grande sucesso dos Beatles. O ABBA estava sendo chamado de banda de um único sucesso na Suécia. Os pessimistas afirmavam: "Após dois singles não ouviremos mais este grupo." Eles provaram que estavam errados. Depois de "Waterloo" veio "Ring Ring", "I Do, I Do, I Do, I Do, I Do", "Mamma Mia", "Fernando", "Dancing Queen", "SOS", "Honey, Honey" e "Money, Money, Money".

Stig Anderson disse à repórter da MP Cees van Leyde durante uma entrevista em Estocolmo: "Na Holanda foi Eddy Becker quem reconheceu imediatamente as qualidades do ABBA. Enquanto outros produtores ainda estavam hesitantes ele me fez uma oferta de imediato, é por isso que Becker tem um lugar especial em nossos corações." Um grande elogio para Eddy Becker, que pode ser visto raramente em nossas telas de televisão. Mais algumas estatísticas, sempre divertidas: o ABBA teve cinco singles número um na Inglaterra, cinco na Alemanha, três na França. Existe um álbum do ABBA na casa de quase todas as famílias australianas. Na Austrália nada menos do que 1 milhão de cópias do álbum "The Best of ABBA" foram vendidas e este recorde foi quebrado depois com "Arrival". Na Austrália - 13 milhões de pessoas vivem lá - o ABBA é maior do que os Beatles nunca foram. Na primeira semana de lançamento, 700 mil cópias do álbum "Arrival" foram vendidas. Quando analisamos que para um artista receber um disco de ouro tem de vender 25 mil cópias, podemos imaginar quanto ouro foi atingido pelo ABBA.

Stig Anderson: "Eu acredito que somos maiores em Benelux (Bélgica, Holanda e Luxemburgo) do que qualquer outro grupo na história." Isso é típico de Anderson: não ficar constrangido por uma declaração como essa. Ele sabe exatamente o que ele é e onde ele está. Tomemos a América como exemplo: "Waterloo" foi um Top 10 e os contratos e telexes choveram. Mas o ABBA disse simplesmente: "Nós não temos muito tempo no momento." Uma resposta incompreensível para um americano, acostumado a atacar o ferro enquanto ele está quente. Quando "SOS" vendeu mais de 1 milhão de cópias o grupo voou. Não fariam shows, mas concederiam algumas entrevistas de costa a costa. Eles se apresentaram em três programas de televisão que estavam sendo assistidos por mais de 100 milhões de pessoas: The Merv Griffin Show, The Dinah Shore Show e The Jack Paar Show (alguém como Willem Duys). Sid Bernstein tinha feito os preparativos corretamente e foi assim que essas apresentações tiveram o mesmo resultado que uma turnê pesada de 30 dias teria.

The Merv Griffin Show foi transmitido a partir de Las Vegas. Finalmente Vegas, foi o que o grupo pensou, mas isso acabou de forma diferente. Quase não houve tempo para fazer qualquer turismo nesta peculiar cidade no deserto e sempre que o ABBA saía do Caesar's Palace por algum tempo o grupo era atacado por fãs animados que os consideravam como novos ídolos. Björn teve tempo para comprar uma guitarra nova, mas Agnetha tinha de ficar dentro do hotel por causa de Linda. A pequena garota foi afetada pela enorme diferença de fuso horário. Nas horas em que ela deveria dormir ficava andando e falando e nas horas em que deveria brincar ela dormia bastante. Uma questão muito complicada que tirou o sono de Agnetha por várias noites.

No The Dinah Shore Show Benny e Frida tiveram de enfrentar outro problema. A sra. Shore perguntou se eles se amavam. "Sim", eles assentiram. Se eles queriam se casar. "Sim", eles assentiram. Não tiveram tempo ainda? "Com certeza", eles assentiram. "Bem," disse Shore, "vocês podem se casar aqui em dois minutos. Agora vocês não podem dizer que não têm tempo." Benny e Frida foram colocados contra a parede. O que eles diriam, como eles sairiam daquela situação. Mas Benny trouxe a solução com um sorriso descontraído: "Frida e eu estamos noivos, queremos nos conhecer um pouco mais e depois vamos nos casar. E nós mesmos queremos escolher o local onde isso irá acontecer." E todos ficaram satisfeitos.

Qual é a coisa mais maravilhosa segundo Stig Anderson, agora que praticamente todo o sucesso foi conquistado? "Eu tenho viajado pelo mundo", diz Stig, "Eu ainda acho que a coisa mais maravilhosa é sempre que uma música do ABBA está sendo tocada nas rádios. Eu estive no Quênia há algum tempo, no meu quarto de hotel liguei o rádio e... uma música do ABBA estava sendo tocada. Eu acho isso maravilhoso. As pessoas me dizem quantos discos o ABBA vendeu no mundo. A cada minuto pelo menos três discos do ABBA estão sendo tocados pelo mundo. Eu acho isso simplesmente incrível e não somente porque faço algum dinheiro disso."

Qual país está mais próximo do coração do ABBA? Stig: "Você quer que eu seja honesto, não é? É a Austrália. Eu tenho respeito pelas pessoas que trabalham lá. Todos eles deixaram o seu país para construir um novo futuro. Eu respeito isso, você não vira as costas para o seu país natal facilmente. Além disso, a popularidade do grupo é enorme por lá e está sendo expressada muito maravilhosamente, eu mal posso descrever isso. Um exemplo: quando o ABBA chega ao país é como se um chefe de Estado estivesse chegando, uma semana antes já existe um burburinho nervoso. As pessoas são retiradas para fora do pavilhão. Medidas especiais são tomadas para que nada aconteça com o grupo, mas as pessoas ainda são capazes de ver alguma coisa. Nunca experimentamos algo parecido antes. Maravilhoso. Na Austrália também somos os primeiros nas paradas dos melhores programas de televisão. Um recorde, a propósito, que partilhamos com Frank Sinatra. Eu diria que não é uma má companhia."

Stig esqueceu de mencionar que ele fez algo muito especial na Austrália. O ABBA iria se apresentar em Sydney no Estádio Showground, um local que pode caber cerca de 40.000 pessoas. Os ingressos poderiam ser vendidos facilmente, então Stig decidiu vender somente 20.000 ingressos e apresentou dois concertos. Ele fez do estádio um pouco menor para torná-lo mais agradável e... para dar ao povo o valor do seu dinheiro. Após alguma hesitação, Stig diz: "Comercialmente falando, é claro que é melhor tocar duas vezes para 40.000 pessoas do que duas vezes para 20.000, mas ainda assim eu escolhi a segunda opção. Eu não quero dar a impressão de que estou aqui para fazer baldes de dinheiro, o ABBA fez um preço bom e as pessoas terão um show excelente."

Esta decisão virou manchete nos jornais e fez de Stig Anderson pelo menos tão popular quanto os membros do grupo. A desvantagem do seu surpreendente sucesso australiano são os "discos brancos". Os álbuns do ABBA tem sido copiado por milhares, reproduzidos nas fábricas ilegais de discos e lançados no mercado por um preço menor. Isso causou uma revolta. A polícia conseguiu apreender milhares de discos e evitar que coisas piores acontecessem. Posteriormente esses discos ilegais também foram feitos em Singapura, Itália e Hong Kong. Em Taiwan foi descoberta uma fábrica de discos a tempo.

Boas lembranças? "Milhares delas", diz Stig Anderson. "Eu vou escrever um livro sobre isso no futuro. Tenho lembranças maravilhosas do lançamento do álbum 'Arrival' em Londres. Nós pousamos lá em helicópteros durante uma recepção, as pessoas adoraram isso. Ah, bem, realmente é divertido em todo lugar lançar um álbum e receber discos de ouro. É como fazer aniversário todo dia e quem não fica feliz no seu aniversário. Rostos felizes em todo lugar."

Um momento menos agradável foi a sua apresentação no Top of the Pops. De acordo com a lei trabalhista britânica uma orquestra inglesa teve de ser utilizada. Não é fácil - nem mesmo para os melhores músicos do mundo - aprender a tocar os complexos arranjos do ABBA com seus efeitos especiais dentro de algumas horas. Essa apresentação no Top of the Pops transformou-se em um fiasco e os sindicatos não permitiram que eles usassem as suas próprias músicas de fundo. E é assim que eles desvalorizam os interesses de milhões de telespectadores.

No início deste ano, em janeiro, o ABBA viajou pelo Reino Unido e eles queriam ser pagos em marcos alemães ou francos suíços, duas moedas fortes. O organizador Danny Betesh repassou isso para a mídia, que aproveitou a oportunidade para escrever reportagens desagradáveis. Um acontecimento agradável: o convite do presidente alemão Walter Scheel para eles se apresentarem durante a visita do presidente americano Gerald Ford. Sabe-se que a Ford é um super fã do ABBA, mas eles tiveram de cancelar devido a compromissos em outro lugar.

Sabe-se que o ABBA segue uma estratégia inteligente quando se trata de uma sessão fotográfica. Somente os melhores fotógrafos estão autorizados a tirar fotos do ABBA. Como as sessões de fotos para a Muziek Parade, por Wolfgang Heilemann ou as sessões de fotos programadas, por Barry Levine. Apenas as melhores são aproveitadas. Mesmo estes fotógrafos - que são amplamente conhecidos - têm de entregar um plano de ação que estabeleça claramente o que vai ser fotografado e como, e também em quais roupas.

Os fotógrafos têm de ficar a uma boa distância para encontrar bons ângulos, belas cores e ajustamentos especiais. Normalmente as sessões de fotos duram cerca de sete dias, porque tudo é discutido pelo grupo. Há sempre alguns ajustes ou observações a serem feitas. Mas quando a sessão de fotos finalmente está concluída, uma exclusiva série de fotos vêm à luz do dia. Muitas delas não são autorizadas para publicação pelo crítico grupo. Então Stig põe o seu veto. Apesar de todas estas precauções, de todas as discussões e de todas as decisões, algumas fotos que o ABBA preferia continuassem inéditas foram postas em circulação. Por isto a MP publica aqui uma dessas fotos. O ABBA nu embrulhado em papel alumínio. O ABBA lamenta o fato das fotos dessa sessão terem vazado. Imagens como essa danificam a imagem do ABBA, é o que eles pensam. É por isso que fotos picantes como essa nunca mais serão feitas e/ou publicadas novamente. Stig tem certeza disso.

Fonte: abbaarticles (artigo original publicado na revista Muziek Parade em 1977)

2 comments:

Willy Maas disse...

Parabéns, é muito bom saber sobre o ABBA.

Kalypso disse...

Olá, nesta endereço já está na parte 8.
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http://abbaarticles.blogspot.com/search?q=muziek+parade&max-results=20
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Abraços!

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