sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Agnetha, aos 5 anos: "Eu serei mundialmente famosa!"

A vida de Agnetha Fältskog é como um conto de fadas. Neste artigo, ela diz ao repórter do Allers como tudo começou e como as coisas aconteceram, de uma maneira pessoal. A história de uma delicada, sensível e humilde personalidade sobre seu caminho até a fama mundial.

Em um dia da primavera de 1955 em Jönköping, uma linda menina loira, vestida em um vestido azul claro, subiu as escadas de um prédio em Tegelbruksgatan 8A e bateu na porta da família Andersson. Era onde Enid e Sigvard Andersson viviam. Ele era um professor de música, hoje em dia um músico regional e eles haviam acabado de comprar um piano. Ele foi colocado na sala evidentemente e Sigvard estava sentado tocando nele.

Já que a casa não era à prova de som, todos os sons podiam ser ouvidos no apartamento de baixo, onde Birgit e Ingvar Fältskog viviam com sua filha Agnetha.

Foram as notas do piano que capturaram o interesse de Agnetha. Soavam bonitas e emocionantes. Alguma coisa tinha estava acontecendo lá em cima. Já que Agnetha era uma criança curiosa, ela subiu as escadas para dar uma olhada. Os Anderssons e os Fältskogs viveram muito tempo juntos por muitos anos, tanto na cidade quanto no interior. Enid e Sigvard conheciam Agnetha desde que ela nasceu em um dia de Abril, em 1950. Ela se tornou uma filha no lar de Andersson e ia e vinha como bem entendesse.

Agnetha estava ainda de pé na porta da sala. Foi como se toda a sala explodisse em notas quando Sigvard riu e tocou. Ele levantou a menina e a colocou sobre a cadeira do piano. Cautelosamente, um pouco atrapalhada, Agnetha levantou o dedo indicador direito e apertou uma tecla do piano: Pling! Seu rosto se iluminou com um sorriso feliz e apertou a tecla para baixo com o dedo mais uma vez: Pling! Seus olhos brilharam. Ela gostava do som: Pling! Sem perceber, ela estava recebendo de repente a alegria em suas mãos: a música.

Quando ela acordou na manhã seguinte, estava muito ansiosa para ir à casa dos Anderssons e tocar piano. Ela foi. Levantou a cadeira do piano. Sentou confortavelmente e começou a imitar o tio Sigge, que era como ela o chamava. Bong! Com toda a força, ela apertou as teclas do piano. Usando todos os dedos, ou melhor, as duas mãos. Ela voltou no dia seguinte e dia após dia depois disso. A família Andersson de repente se tornou muito importante em sua jovem vida. Lá havia o piano. Dificilmente um dia se passava sem que Agnetha sentasse ao piano de Andersson.

Em linhas gerais esse é o pano de fundo para Agnetha Fältskog, seis semanas mais tarde, como uma pianista razoavelmente autoconfiante e segura aos 5 anos de idade, tomasse duas decisões importantes e vitais: se tornar uma cantora e se tornar mundialmente famosa. Eu não vou muito longe ao dizer que foram Enid e Sigvard Andersson que descobriram essa famosa estrela mundial, mas eles pelo menos foram os primeiros que ouviram Agnetha tocar piano. De certa forma os Anderssons se tornaram uma espécie de motor de partida para a carreira musical de Agnetha.

- Ela era uma criança inteligente, diz hoje Sigvard "Sigge" para Allers. Não foi muito difícil perceber que ela era uma menina talentosa, acrescenta.

Como ela era quando criança? Ela era incontrolável, do tipo travessa, você se lembra de algum episódio engraçado com ela?

- Agnetha era como qualquer outra criança. Ela era muito gentil e doce e capaz de ser muito, muito ambiciosa, diz Enid.

- No ano passado eu a encontrei no elevador e nós nos abraçamos, diz Sigge. E eu quero dizer que Agnetha ainda é a mesma pessoa agradável hoje como era quando deixou Jönköping. O sucesso não a mudou. Ela não tem essa postura, ela não é uma diva. Simplificando, ela é Agnetha.

- Quando aquele tilintar do piano começou, logo percebi que a música estava em seu sangue, diz Sigge. Mas eu não lembro se ela cantava enquanto estava lá sentada tocando piano, como as crianças costumam fazer. Deixe-me perguntar a Enid. Ela cantava?

- Oh sim, ela cantava, diz Enid. Ela cantava em voz alta e eu achava muito divertido. Que criança! Ela era tão linda.

Sigvard Andersson fez arranjos para que Agnetha pudesse começar a estudar na escola de música aos 7 anos e sua primeira professora musical foi Miss Frick. Sua carreira estava prestes a começar. Descobriu-se que era muito fácil para ela. Seus 7 anos de idade foi cheio de música, que se manifestou em várias composições próprias.

- Eu ainda tenho algumas delas hoje, diz Agnetha.

Cerca de dez anos atrás eu a encontrei depois de uma apresentação solo no Malmö Folkets Park. Eu estava lá com o repórter do Expressen Inger-Marie Opperud, cuja tarefa era escrever sobre o seu desempenho. Depois fomos para o bar Savoy. Agnetha continuou falando sobre música, como é difícil e como ela é importante. Eu lembro que ela tinha um charme acolhedor e simpático. Você espontaneamente gosta dela. Quando ela está falando, sempre diz alguma coisa. Não há conversa vazia.

No dia seguinte no Expressen ela recebeu boas críticas por sua apresentação. Uma artista fazendo progressos. Agora, mais de dez anos depois, em um belo dia de começo do verão, a fotógrafa Alice Stridh e eu sentamos no Hamngatan 11 em Estocolmo - no topo da sala de música de Benny e Björn, onde muitas músicas belas foram criadas - esperando por ela. Ela chega 14 minutos atrasada.

A primeira coisa que você nota é o seu caminhar ritmado e leve - quase oriental. A segunda é que ela é tímida, completamente natural. A terceira é que o charme que vimos em Savoy é exatamente o mesmo. Ela senta no sofá.

- Há alguma coisa que não foi escrita sobre você ainda, eu pergunto.

- Sim, minha verdadeira vida privada...

Sua resposta vem suave e rápida como o seu verdadeiro e contagiante sorriso. Ela está vestida com um corsário apertado como calças, verde-claro com pequenos pontos pretos. Um pullover lilás, com vidros rosas levemente coloridos e casaco de camurça colorida. Em suma, é uma bela mulher sentada no sofá. Às vezes ela cora levemente. Seus olhos são azuis esverdeados e muito amigáveis. Ela está usando apenas alguma maquiagem.

- Minhas primeiras lembranças da infância são de cerca de cinco anos de idade, ela diz. Foi quando eu decidi me tornar uma cantora, uma pessoa mundialmente famosa. O piano dos Anderssons me animou e minha vontade e determinação só cresceram.

- Também lembro como eu mesma tentei tocar os tons e aprender as notas. Era incrivelmente excitante. Na época eu tinha uma irmã ainda bebê também, Mona. Foi um ano muito agitado, o meu quinto.

- Dois anos mais tarde, algo incrível aconteceu. Eu ganhei o meu próprio piano. Minha mãe e meu pai haviam comprado um.

Para acabar com todas as especulações de que ela era uma criança prodígio, eu fiz uma checagem de rotina com o tio Sigge. Ele diz:

- Uma criança prodígio não, ela não era uma delas. Mas havia muito talento e música nela. Agnetha realmente não teve que pedir para conseguir o seu próprio piano. Bastava o fato dela subir diariamente para os Anderssons.

- Fiquei tão feliz quando compramos o nosso próprio piano, diz Agnetha. Eu fiquei grudada nele o dia todo. Eu nunca vou esquecer isso.

Durante esta entrevista, o telefone toca e Agnetha recebe a notícia de que seu novo LP (Wrap Your Arms Around Me), que estava disponível nas lojas há 48 horas havia vendido 100.000 cópias - isso significa que é um disco de diamante.

- Uau, ela diz, nada mal!

No dia seguinte em um artigo do Expressen a manchete diz "Agnetha-diamante". Os comentários do novo LP têm sido fantásticos. Ela é elogiada como uma grande cantora, uma pessoa emotiva com um alcance incrivelmente vasto. Então você pode dizer que o ABBA trabalha em separado, com elementos independentes.

Tegelbruksgatan foi onde tudo começou. Pouco depois Agnetha, com 5 anos, decidiu se tornar uma cantora mundialmente famosa, ela fez sua estréia como compositora e letrista. A peça se chamava "Två små troll". A melodia era semelhante a "Blinka lilla stjärna". Agnetha sorri.

- Eu acho que ainda tenho isso, diz ela.

Seu pai Ingvar significou muito para Agnetha como uma fonte de inspiração. Ele era um ator amador, o rei dos shows de variedades da área. Ele cantou e tocou e isso teve naturalmente uma influência sobre sua filha. Agnetha foi crescendo, se desenvolvendo e se aperfeiçoando no assunto da música. Quando ela tinha 13 anos, seu último professor de piano disse:

- Bem, Agnetha, temo que não tenho mais nada para lhe ensinar.

- Isso me deixou muito orgulhosa, diz Agnetha.

Assim como outros amadores, Agnetha Fältskog também enviou cassetes do seu repertório e dos seus amigos para a Radio Sveriges e editoras musicais para ser descoberta, mas ninguém estava interessado.

- Quando eu tinha 13 anos tocava complicadas fugues de Bach em Kristina kyrka em Jönköping, diz ela. Elas não eram peças exatamente corretas. O nível de ambição era elevado. Ao mesmo tempo eu era membro do coro da igreja e cantávamos juntos muitas vezes e de bom grado. Um bom coro.


Ela também cantou juntamente com duas outras garotas que assim como Agnetha sonhavam com a fama e o sucesso. Agnetha agora era uma adolescente. Sua voz tinha amadurecido. Seu talento estava começando a florescer. Durante o dia ela trabalhava como telefonista na empresa de automóveis Atteviks. No seu tempo livre ela cantava com a orquestra de Bernt Enghardt em Husqvarna - uma banda de dança popular.

- Nos apresentávamos toda quarta, sexta, sábado e domingo. Era duro. Muitas vezes chegávamos em casa tarde da noite (ou no início da manhã). Depois de apenas algumas horas de descanso eu tinha que levantar para ir ao trabalho. Um dia eu não pude levar isso por mais tempo. Desmaiei devido à exaustão. Então eu decidi que iria parar com o meu trabalho como telefonista e me dedicar completamente a uma carreira na música e no canto.

Agnetha estava agora com 16 anos e era uma celebridade local em muitas partes de Småland. Todo mundo gostava da sua voz. Ela era bonita e atraía o público. E ela continuou a escrever as suas próprias canções. Uma fita foi enviada para a gravadora Cupol em Estocolmo, onde "Little Gerhard" (Karl-Gerhard Lundkvist) era um diretor de produção. Ele ouviu e disse:

- Ela tem talento, nós a queremos!

Little Gerhard se tornou o verdadeiro descobridor de Agnetha. O que a Sveriges Radio e outras editoras de música haviam perdido, Little Gerhard encontrou. Em novembro de 1967 anúncios e pequenos artigos na imprensa apareceram sobre uma adolescente de dezessete anos de Jönköping, cujo nome era Agnetha Fältskog, e que fez sua estréia com o seu single chamado "Jag var så kär" (Eu estava tão apaixonada). No selo da gravadora dizia: "Letra e música: Agnetha Fältskog".

- Faz muito tempo que tivemos uma estréia tão promissora, disse o gerente da CUPOL. Nós vamos tentar torná-la um sucesso na Alemanha Ocidental.

O gelo havia sido quebrado. Agnetha estava começando a se tornar grande na pequena Suécia. Mas havia ainda havia um longo caminho para as estrelas. Quando ela fez 18 anos se mudou para Estocolmo, ainda com a ambição de se tornar mundialmente famosa. Ela vivia em condições bastante modestas e alugou um quarto de uma família em Danderyd por dois anos.

- Na verdade, é por causa da minha infância segura que eu tenho muito a agradecer, diz Agnetha. Esta educação segura me tornou forte como adulta. A segurança consistia em, por exemplo, que a minha mãe estava sempre em casa e que tínhamos rotinas e horários a serem seguidos. Quando eu chegava da escola a minha mãe estava lá e todos os dias, dez minutos antes, meu pai chegava em casa do trabalho. Então eu ia para a cama em determinada hora e me levantava na hora certa.

- Meus pais foram e são pessoas maravilhosas. Coisas como essas são importantes quando você tem seus próprios filhos.

Entre 1968 e 1971 Agnetha Fältskog trabalhou regularmente na Alemanha Ocidental, principalmente em Berlim. Foi um período gratificante.

- Mas a competição era dura. Eu fiz muito bem, embora não houve um grande avanço.

- Eu acho que gravei seis singles em Berlim. Um grande mercado que muitos tentaram conseguir, mas poucos conseguiram. É claro que aqueles trabalhos na Alemanha significaram muito para o meu futuro desenvolvimento como artista, diz Agnetha.

Agora - 13 anos depois - ela é uma das superstars na Europa, amada e louvada também na Alemanha Ocidental, onde seu novo LP teve uma recepção eufórica.

Depois vieram ABBA e Stikkan Anderson. A definitiva revelação internacional. Uma onda gigante sueca lavou o cosmopolita mundo pop - leste ou oeste, não fez diferença. O ABBA derrubou todos os muros. Os discos do ABBA chegaram ao fim do mundo, em Pockra no Nepal, no sopé dos Himalaias. Uma estação final para os escaladores de montanha, na fronteira do Tibete. Se as pessoas que ali vivem descobrirem que você é sueco quando você chegar lá, eles vão pegar um disco e tocar Waterloo para você.

Em menos de 10 anos que se seguiram à revelação com Waterloo, no Eurovision Song Contest, Agnetha Fältskog conseguiu:

Tornar-se uma artista mundialmente famosa
Casar-se
Dar à luz dois filhos, Linda e Christian, hoje com 10 e 5 anos de idade.
Divorciar-se

Agora ela está sentada aqui na sala de música em Hamngatan 11 e pensando em sua nova carreira - o filme. A estréia acontece com "Raskenstam". É claro que é a "mesma Agnetha", como o tio "Sigge" diz, mas também é uma Agnetha Fältskog que se desenvolveu muito como pessoa e como artista e que quer continuar a crescer. Também é típico dela não olhar para trás nas coisas, em vez olhar para a frente.

- Eu ficaria louca se olhasse para trás o tempo todo, diz ela. Você não pode fazer isso. Seu próprio desenvolvimento é muito importante e isto está à frente de você.

Como foram as filmagens?

- Eu vi o filme e acho que estou muito bem, mas eu não acho que estou apta para fazer um julgamento justo sobre isso. É difícil para mim dizer.

Agnetha Fältskog estava muito nervosa quando fez suas primeiras cenas. Halvar Björk, que tem um dos papéis principais, disse:

- Essa menina tem talento.

Agnetha:

- A coisa mais difícil era quando a cena estava sendo filmada, entrar na vida de outra pessoa por alguns minutos e tentar colocar isso pra fora. Estou agora interessada em filmar e já existem alguns projetos novos que estão sendo discutidos, mas não posso falar sobre eles. O diretor Gunnar Hellström (um dos diretores da popular série de TV Dallas) tem algumas sugestões.

Então de agora em diante Agnetha Fältskog trabalhará parcialmente com o ABBA, em parte como artista solo, em parte como uma atriz - três grandes áreas que demandam tempo e energia. Como vai funcionar isso?

- Eu acho que isto deverá funcionar bem e acho que uma coisa pode ser positiva para os outros, diz ela. Então será divertido e quando é divertido não achamos difícil.

Caminhamos até Berzelii Park. Algumas pessoas se aproximam de nós e pedem o seu autógrafo. Agnetha é amável e gentil.

- Você acredita em Deus, eu pergunto.

A pergunta a surpreende, mas ela não demonstra isso. Ela responde:

- Sim... Deixe-me pensar sobre isso.

- Ou você acredita em Deus ou não, eu digo.

- Eu acredito em Deus, ela diz.

- Você acredita em vida após a morte, eu pergunto.

- Não, ela diz com firmeza. Isso é que é tão injusto, que só temos uma vida, acrescenta ela após uma breve pausa.

Agnetha Fältskog é uma pessoa muito suave e sensível. Às vezes essa sensibilidade vibra pelo ar. É como se ela estivesse sentindo o seu caminho, como se usasse antenas depois de lhe ser feita alguma pergunta, então racionalmente e intelectualmente ela a processa antes de responder. Assim como o rei da Suécia ela evita cuidadosamente as questões políticas, onde ela pessoalmente ou o ABBA possam fazer uso para os mais diversos fins. Ela está sempre preparada. Ela tem que ser. Ainda assim ela tem sofrido muitos golpes da mídia. A sua vida privada foi virada ao avesso, transformada em algo que é irreconhecível para si mesma, para sua família e amigos mais próximos. Sua paciência tem que ser enorme. Ela sorri. No momento ela gosta de cozinhar comida japonesa. Ela está muito interessada nisso e em cozinhar bem. Ela não come qualquer salsicha, mas gosta de saladas e comidas vegetarianas, embora ela não seja vegetariana.

- Meus filhos são como qualquer outra criança, eles acham espaguete com molho de carne o máximo.

- Você deixará a Suécia como Anni-Frid Lyngstad fez?

- Eu realmente amo viver na Suécia, diz Agnetha. Eu nem sequer penso se eu deveria ou não emigrar. Eu admito que não sou tão apaixonada pelo nosso clima durante o inverno e outono. Eu prefiro o tempo quente, diz ela. Veremos o que poderá acontecer no futuro.

Depois dissemos adeus, ela tomou o elevador para o sexto andar, e eu me pergunto se ela é uma futura estrela de cinema a subir. Talvez teremos uma dica sobre isso em 19 de agosto, quando "Raskenstam" estrear em Estocolmo.



(Fonte: Agnethaarchives.com - Publicado na revista Allers Magazine em junho de 1983)

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