terça-feira, 6 de outubro de 2009

Agnetha Fältskog: "Nos bastidores, eu me sentia como uma náufraga"


Este artigo, baseado em citações do livro de Agnetha "As I Am", foi publicado em um guia de TV da Holanda na mesma semana em que um especial foi ao ar na TV holandesa. O especial comemorou os 25 anos de sucesso do ABBA na Holanda com trechos destacados de várias apresentações raras do ABBA e entrevistas para a TV. Assim como em muitos outros países, ABBA passava por outro renascimento em grande escala na Holanda em 1999. Uma coletânea, projetada exclusivamente para a Holanda, alcançou o primeiro lugar e foi um dos álbuns mais vendidos do ano.

Qual cd cruzou mais as caixas registradoras nos últimos dez anos? Seria da Madonna? Seria do Oasis? Ou era das Spice Girls? Não exatamente. Com o ano de 2000 no início, o grande público está voltando aos dias de ouro do ABBA em grande escala. Enquanto isso, não menos que 25 milhões de cópias do cd "ABBA Gold" passaram pelos caixas das lojas. Um sucesso sem precedentes, que deixa os ídolos pop de hoje pálidos. Agnetha Fältskog fala sobre a vida depois da lenda. Quem não a conhece? Agnetha Fältskog, a linda cantora loira que fez o coração de muitos garotos bater mais rápido. Ela agora tem 49 anos, ainda atraente, mas muito mais sofisticada. Na verdade, ela mal começou a envelhecer. Assim como o lendário ABBA. No seu auge os críticos da imprensa zombaram deles, agora eles mesmos estão sendo imortalizados no famoso Nordiska Museum em Estocolmo. Vinte e cinco anos depois de "Waterloo", o ABBA não só é muito respeitado pela sua intrincada estrutura musical, sua contribuição de vanguarda ao espírito dos anos setenta e oitenta está sendo reconhecido em todo o mundo também. Agnetha parece pouco perceber isso. O jeito que ela fala sobre o ABBA, revela uma certa ingenuidade.
Agnetha: "Quando paramos um dia com o ABBA no início dos anos oitenta, eu pensei que seríamos esquecidos após alguns anos. Eu nunca percebi como foi grande o impacto que nosso grupo teve. Mas agora, nos anos noventa, ABBA está de volta como uma desforra. Na minha vida também. Entretanto, o reavivamento se tornou tão forte, que nós não podemos ignorá-lo por mais tempo. Você entende, quando a nossa música durou tanto tempo, e ainda é atraente para tantas pessoas em todo o mundo, então tem que haver algo de especial em nós como um grupo?"

Durante anos, Agnetha não quis nada mais do que estar em casa e levar uma vida particular. Ela não tem nenhuma aspiração pelos holofotes. Muitas vezes foi sugerido que ela está vivendo como uma reclusa, desligada da sociedade. Mas na realidade ela está no centro da vida. Ela comparece regularmente em festas e estréias. Mas ela não se apresenta mais.
Agnetha: "Eu quero mostrar meu talento, o meu objetivo não é tanto ser adorada por multidões. Depois do imenso sucesso do grupo, eu queria provar que eu era mais do que a Agnetha do ABBA. É por isso que eu realizei um sonho antigo quando tive a oportunidade. Eu aceitei um papel em um filme, a fim de testar a mim mesma como atriz também. Depois do meu filme, eu gravei meu primeiro álbum solo internacional, "Wrap Your Arms Around Me", juntamente com Mike Chapman. O fato deste álbum ter vendido 2,5 milhões de cópias, me deu a sensação que eu poderia ser bem sucedida sozinha também. Mas ali então meus filhos já eram a minha prioridade. Os projetos que me deixaram realmente orgulhosa foram os álbuns que gravei com eles. Atualmente, estou me mantendo ocupada com o gerenciamento do meu centro de equitação e com a direção do meu capital. Quem sabe, eu até poderia cantar mais uma vez, uma trilha sonora de filme ou algo parecido. Apenas por diversão."

Dos quatro membros do ABBA, foi especialmente Agnetha quem começou sua carreira solo cheia de ambição. Na verdade, ela já era uma cantora de sucesso na Suécia, antes mesmo do ABBA existir. Com o grande avanço do ABBA e os inúmeros sucessos que se seguiram, a ambição de Agnetha estranhamente diminuiu. Em vez disso o que veio foi o cuidado com seus filhos e os medos incontroláveis. Isto resultou em um dramático divórcio de Björn e vários conflitos no grupo.
Agnetha: "Eu gostava do sucesso, mas tinha a sensação de que estava dividida em duas. Por um lado, eu era uma estrela, e no outro eu era uma mãe. No auge disso, eu desenvolvi um medo enorme de voar, depois de um acidente de avião próximo. Eu tinha medo de que meus filhos fossem deixados para trás sem os pais. Eu sentia falta deles quando estava lá cantando meu enésimo sucesso, longe de casa. Foi por isso que eu quis ficar mais em casa a partir de um determinado ponto. Björn e eu tínhamos muitas discussões sobre isso. Ele achava que eu não poderia deixar certas oportunidades passarem. Mas as crianças eram a minha prioridade. Eu não tinham qualquer problema com apresentações de televisão, porque elas sempre foram breves. Mas eu não estava a fim de turnês que se prolongassem por meses a fio. Após o divórcio, concordei em mais uma turnê mundial. Esta turnê foi muito difícil pra mim. No palco eu estava radiante, mas nos bastidores eu me sentia como uma náufraga."

Apesar disso, o divórcio não significou o fim do ABBA imediatamente. Muitos consideram as gravações após o divórcio como o melhor momento do grupo. As melodias são mais complexas, as letras são menos superficiais e às vezes até pessoalmente dolorosas.
Agnetha: "Em certo momento, Björn e eu apenas tivemos que encarar os fatos. As coisas não estavam indo bem entre nós. Quando finalmente decidimos nos separar, uma enorme pressão desapareceu. Estávamos livres novamente e poderíamos sair com outras pessoas novamente. Isto teve um efeito positivo na atmosfera do grupo. É definitivamente uma verdade que nosso trabalho ficou mais profundo por causa disso. Nós escrevemos músicas melhores, com mais emoções reais e sentimentos puros. Eu ainda considero 'The Winner Takes It All', "One Of The Us" e "The Day Before You Came" como as nossas melhores canções."

Quando o casamento de Benny e Frida chegou ao fim também, devido ao romance que Benny estava tendo, o ABBA estava condenado. Mas nenhum dos membros tem a coragem de romper com a herança do ABBA oficialmente.
Agnetha: "Esta é a coisa estranha de toda a situação. Nenhum de nós realmente sentimos isto há bastante tempo, mas nenhum de nós tem a coragem de dizer: "Eu desisto". Nós havíamos conseguido tudo o que podíamos conseguir, escrevemos boas canções e alcançamos um enorme sucesso, e então chega um momento em que você deseja prosseguir adiante. Em um certo momento, eu disse durante uma entrevista que eu preferia uma carreira solo ao ABBA, e que eu não poderia imaginar em estarmos juntos no palco de novo. Eu dei essa entrevista apenas um ano depois das nossas últimas gravações, mas durante esse curto período de tempo eu havia me tornado tão distante do ABBA que quase não notei que havia posto um fim a uma época dizendo isto. Desde então, decidi levar a minha vida no meu próprio ritmo. Isso me faz muito feliz."



(Mikro Gids, Dezembro de 1999)

1 comments:

dinoraverdade.blogspot.com.br disse...

O ABBA é intransponível, interminável, insuperável, inesquecivel! A sensação ainda hoje é a de que Bjorn e Agnetha, Benny e Anny Frida nasceram um para o outro e isto não terá fim. A insensibilidade dos dois casais em perceber isto não decretou o fim de seus destinos. Eles ainda pertencem um ao outro, respectivamente.

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