sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Especial Agnetha 2004

Este documentário de 2004 sobre Agnetha Fältskog foi feito para promover seu álbum "My Colouring Book" e ela fala sobre sua vida dentro e fora dos palcos; sobre ABBA, a turnê mundial e a histeria em torno da banda, mas o programa também mostra trechos de sua intimidade.

A entrevistadora foi Lotta Brome (escolhida pela própria Agnetha). O programa foi dirigido por pelo Magnus Skogsberg Tear e produzido por Ola Johansson. Gravado em Estocolmo, foi exibido em 2004.

Lotta Brome: Descreva-me.
Agnetha Fältskog: Descrever você?

L: Vá em frente. Descreva-me. Vamos inverter os papéis.
A: Descrever você? Uau, eu não estava esperando essa pergunta. Uma palavra que a descreva... curiosa.

L: Como você descreveria você mesma, então?
A: Cautelosa. Em algumas situações.

L: Olá, eu sou Lotta.
A: Olá, eu sou Agnetha.

L: Você sentia falta da sua própria voz?
A: Da minha própria voz? Não, mas eu sentia falta de cantar. Foi isto o que aconteceu. E pensei: talvez eu realmente não esteja muito velha, talvez eu possa gravar algo novamente. Mas havia também outra questão: a voz ainda estaria lá? Isso é uma coisa que você não sabe. Então levou algum tempo antes que eu "afinasse", se assim posso dizer.

L: Não era possível que você tentasse em casa?
A: Sim, você pode, mas isso não é a mesma coisa de quando se está no estúdio na frente do microfone, então as coisas começam a acontecer e é onde você realmente começar a ver se realmente está bem o suficiente. Mas não é o que acontece quando você passa 17 anos sem cantar e praticar todos os dias, no caso houve um descanso.

L: A jovem de Småland chega a Estocolmo com seu pai.
A: Sim, foi emocionante. Isso foi fantástico.

L: Quem era você então?
A: Eu era então uma jovem, inexperiente, uma menina ingênua que irradiava felicidade ao ir até Estocolmo e gravar com Little Gerhard para a gravadora Cupol. Meu pai me acompanhou e fomos a Estocolmo de trem. Ficamos na casa da minha tia. E depois fomos para o primeiro dia de gravação no Philips Studio, e era a minha própria música, então ouvi os acordes sendo tocados: Oh, Deus! Essa é a minha canção. Foi realmente uma experiência incrível.

L: O que você estava fazendo no ônibus da turnê de Sten e Stanley?
A: Na verdade, tanto eles quanto eu e Björn Ulvaeus excursionamos bastante antes do ABBA nos folkparks, de norte a sul.

L: Quando você se tornou uma cantora na sua primeira banda em Jönköping, qual era o nome da banda?
A: Bernt Enghardts.

L: Então eles já tinham uma cantora chamada Agnetha antes de você?
A: Sim, exatamente.

L: Os cartazes estavam prontos?
A: Eu não sei exatamente como tudo aconteceu, mas ela não podia ir em frente com a orquestra e eles já tinham cartazes impressos com o texto "AGNETHA", depois ela saiu do grupo, e eles estavam procurando alguém que se chamasse Agnetha e eu achei adequado e fui até eles.

L: Quais eram os seus sonhos?
A: O sonho que eu tinha era de tornar-me uma cantora como meus ídolos da época. Connie Francis, Petula Clark, Sandie Shaw, Sylvie Vartan, Rita Pavone - haviam vários deles. Isso era quase a única coisa que eu fazia - sentar-me em frente ao gramofone e fazer mímicas cantando suas músicas.

L: Como era esse sonho? Ser famosa? Como foi isso? O que significou para você?
A: Eu não acho que estava pensando tanto em tornar-me famosa, ou que isso fosse a ambição dos meus sonhos. O mais importante era ser capaz de ir a um estúdio e cantar - e cantar minhas próprias canções.

L: Eu não sou loira, por isso eu não seria Agnetha durante o “Klassens timma” (parte do calendário das escolas suecas, quando os alunos cantam etc.).
A: Você poderia ser a Frida, eu acho.

L: Sim, ou Björn porque eu acho muito legal ter uma guitarra como ele tinha naquela época.
A: (risos)

L: Mas se você fosse capaz de escolher, quem você seria no ABBA?
A: Bem... Talvez Frida.

L: Por quê?
A: Sim, porque ela era engraçada de se ver no palco e, quando se tratavam das vozes creio que foram bastante iguais e igualmente importantes, porque se completavam umas às outras de modo extremamente bom. Mas quando se tratava dos movimentos no palco eu achava que a Frida ficava muito mais à vontade, mais confortável e descontraída. Então eu queria ser provavelmente a Frida lá.

L: Mas foi o seu bumbum que foi escolhido como o mais bonito, não foi?
A: Sim, isso mesmo. Talvez eu tenha contribuído com alguma coisa. (risos)

L: Explique-me o fato de você nunca ter feito uma turnê mundial – por quê?
A: É uma grande coisa fazer uma turnê mundial, com aspectos positivos e negativos. É divertido também, mas não é nada do que eu faria hoje. E a histeria que presenciamos na Austrália chegou à fronteira do assustador. Eu ficava muitas vezes com medo quando estávamos no carro indo para o estádio de que alguém fosse asfixiado ou atropelado porque havia muitas pessoas batendo no carro, e havia guardas em todos os lugares. Foi uma sensação assustadora.

L: Você teve um período em que esteve completamente tranquila?
A: Ah, absolutamente. Um longo período depois que paramos com o ABBA, então eu não ouvia música, eu não ouvia ABBA ou qualquer outra coisa. E eu prefiro muita calma em volta de mim - eu não posso suportar muitos ruídos e sons ao mesmo tempo, como o barulho de um avião voando acima, ou se há alguma máquina em casa e sons misturados. Isso me deixa estressada. Mas posso ouvir sons altos nos fones quando estou cantando, e quando eu estou ouvindo música quero que ela às vezes seja um pouco alta, mas sons diferentes ao mesmo tempo podem me estressar.

L: Quanto tempo durou este período tranquilo?
A: Foi um bom tempo após pararmos com o ABBA. Talvez cinco a seis anos, ou até mesmo dez anos. Não que eu estivesse morta ou quieta o tempo todo em casa, mas eu não queria ouvir ABBA ou qualquer outra coisa. Eu não queria ouvir porque aquilo estava o tempo todo comigo. Durante todo esse tempo e ainda hoje eu sinto isso... Não há um dia sem pensar em ABBA ou sem sonhar com ABBA. Eu sonho com cada um deles, com Frida, Björn, Benny ou eu mesma em situações diferentes. Isto está comigo o tempo todo, e tem um significado enorme para mim.

L: Antes do ABBA você lançou seis álbuns e está lançando mais um agora. Por que não há nele nenhuma composição sua?
A: Porque já gravei muitas músicas minhas antes. Eu cantava mais músicas inéditas, tanto minhas quanto as do ABBA. Depois gravei outras inéditas, mas não minhas.

L: Bem, uma vez.
A: Sim, eu compus uma canção.

L: "Disillusion"?
A: Sim, "Disillusion". E agora que eu quis gravar um álbum depois de tantos anos, eu pensei... Eu fiz isto porque eu queria cantar mais, senti que não poderia deixar tudo aquilo para trás, tinha que cantar mais um pouco. E o mais difícil foi escolher 13 ou 14 canções que significavam mais para mim. Porque existem muitas.

L: Em seguida apareceu outra pessoa importante, o produtor do ABBA, Tretow.
A: Sim, no início quis fazer por mim mesma, mas depois eu senti que eu realmente queria trabalhar com Micke B. Tretow porque estamos tão habituados a trabalhar em conjunto. Ele foi, bem, ele é como um apoio e sabe exatamente quando eu fico presa quando estou cantando, o que acontece às vezes. Ele percebe e diz: "Não leve isto tão a sério". Ele sabe exatamente como me fazer sair dessa situação. Então nós trabalhamos durante algum tempo no álbum, mas infelizmente Micke adoeceu, mas ele está melhorando agora, as coisas estão caminhando na direção certa, para que ele fique bem. Mas foi duro quando ele não pôde continuar a trabalhar no álbum. Mas em seguida Anders Neglin e Dan Strömkvist juntaram-se a mim e acho que as coisas têm ido muito bem. Sinto com se nos conhecêssemos há longo, longo tempo. Nós nos completamos uns aos outros e acho que produzir assim é interessante. E nos completamos porque eu não sou exatamente uma produtora técnica. Não sei muito sobre os controles, tenho mais uma imagem dentro da minha cabeça e eu sei exatamente como eu quero que saia o som, o que deve aparecer em determinadas partes das músicas, o que deve estar ali em vez disso, se deverá ser colocado junto ou em separado. Um trecho termina e ao mesmo tempo começa outro. Tenho muitas dessas idéias dentro da minha cabeça. E eu já passei por isso, quando estávamos juntos durante toda a gravação com os músicos e cantores.

L: Você agradece a Demis Roussos. Muitos de nós não compreendemos a sua grandeza.
A: Não. Eu ouvi a voz dele quando eu estava na cidade, ouvi sua música saindo de uma loja. Foi “Goodbye, my love, goodbye”, ou talvez outra canção. Eu pensei "De quem é esta grande voz?". Então eu realmente fiquei lá ouvindo. Era Demis Roussos. Foi fantástico. Adoro esse tipo de canção.

L: “Past, Present And Future” é uma canção interessante do álbum. É realmente triste.
A: Sim, é. A letra é realmente triste. Mas eu tenho uma queda para as canções tristes, tenho. E não sei o por quê. Provavelmente porque elas são muito dramáticas.

L: Você está cantando esta agora. Shangri-Las a cantou antes.
A: Sim, um grupo de garotas. É uma daquelas canções que eu tinha esquecido, mas quando comecei a procurar em casas especializadas neste tipo de música de repente eu encontrei essa.

L: Que casas? Onde você encontrou?
A: Na minha casa. (sorrisos) Não, eu fui a uma loja de discos onde eles tinham vários álbuns deste período. E eu comprei muitos deles. Em seguida, encontrei vários cd’s de grupos formados por garotas. E esta estava no meio de todas as outras entre as que eu lembrava. E eu senti que essa música era tão profunda dentro de mim que achei que deveria entrar no álbum. Pensei que seria de certa forma mais original falar do que cantar nesta canção.

L: Se você cantar estes tipos de canções, você não precisa saber sobre o que está cantando a fim de se tornar mais convincente?
A: Sim, quando se canta é muito importante que você sinta o que se quer dizer com a letra da canção. E é muito fácil para mim interpretar canções especialmente tristes, que fala de amores infelizes e assim por diante.

L: Em outras palavras, você se sente triste.
A: Sim, absolutamente. Eu me sinto muito triste, muitas vezes. Mas eu não estou triste sempre.

L: Você pode ler partituras?
A: Oh sim, eu posso ouvir música e ler. Mas eu não escrevo.

L: Mas como você escreve quando compõe suas próprias músicas?
A: De uma forma muito especial. É muito estranho, eu mal posso explicar isso. Escrevo palavras, às vezes em uma língua estranha, mas a maioria em Inglês. Eu escrevo as letras e depois escrevo as notas acima e em seguida os acordes ao lado. Eu sempre tenho feito dessa maneira. E eu sou provavelmente a única que pode interpretar isso. E às vezes quando eu escrevo canções e letras, eu penso em alguma coisa quando estou prestes a ir para a cama, quando estou quase dormindo, "uau, esta é uma boa melodia". Então eu quase não tenho forças para me levantar e anotá-la. Mas é nestas horas que isto vem a mim. Acho que muitas vezes chega quando relaxo. E isto foi tão forte que comecei bem cedo, sentindo que poderia compôr. Eu estava com apenas 5 ou 6 anos quando percebi isso. Era muito cedo para isso. Descobri as teclas do piano, as notas que estavam lá, e percebi muito cedo que eu podia fazer a minha própria música. Então eu comecei a escrever canções e a primeira foi “Två små troll” ou alguma outra canção.

L: Como era?
A: “Två små troll träffades en dag
Två små troll lekte med varann
Kom sa den ena
Kom sa den andra
Kom ska vi leka med varann”

("Dois duendes conheci um dia
Dois duendes brincando com os outros
Venha disse um deles
Venha disse o outro
Venha, vamos brincar juntos ")

Não havia nada de especial nisso.

(Enquanto isso um pato se aproxima de Agnetha e Lotta)
A: Ele está vindo para cá agora.
L: A música está funcionando. Två små änder (Dois pequenos patos).
A: Sim, exatamente.

L: Qual a diferença entre a Agnetha que estava no ABBA e a Agnetha que está sentada aqui agora? O que mudou em você?
A: Eu sou provavelmente a mesma pessoa, mas estou muito mais segura hoje. Durante o período no ABBA tudo era muito confuso, mais ou menos caótico, ser capaz de lidar com esse trabalho e, em seguida, ter que cuidar dos filhos em casa e um monte de outras tarefas cotidianas. Quando éramos mais agitados com o ABBA, os nossos filhos eram muito pequenos, e tanto a mãe como o pai saíam com muita freqüência. Eu tinha constantemente a consciência pesada. E ainda por cima eram filhos do divórcio, então eles eram muito vulneráveis. E é desse jeito que muitas pessoas têm uma carreira e filhos ao mesmo tempo com 20 ou 30 anos. É um pouco difícil isso, mas você tem que fazer da melhor forma que puder. E você pode pedir ajuda das pessoas à sua volta se precisar. Eu tive que apostar porque era o que eu tinha, eu sentia que era aquilo o que eu queria fazer.

L: Você tem sido uma boa mãe?
A: Eu tenho tentado ser uma boa mãe. Penso ter sido. Mas é claro que não perfeita, mas espero que eu tenha passado para meus filhos alguns valores fundamentais.

L: Quais são estes valores fundamentais?
A: Bem, que eles se sintam seguros, para que possam aproveitar a vida, que se atrevam a fazer coisas. Não quero que os meus problemas afetem a eles. (risos) Quero que eles tenham uma vida em que se sintam bem.

L: Eu não tenho a impressão de que você é uma covarde.
A: Não, provavelmente não sou. Gosto de desafios.

L: Mas há talvez uma diferença entre ser covarde e ter medo.
A: Sim, acho que existe. Você pode respeitar, por exemplo, o meu medo de voar. Fico muito fascinada com os aviões que decolando no céu sabendo o quanto eles pesam. Como é que funciona com todos os parafusos e assim por diante? Tenho muito medo de que aconteça acidentes. Não me sinto bem quando minha família está voando. Tenho medo apesar de saber que é seguro. É assim que eu sou.

L: Eu encontrei um antigo vídeo em que você está andando com belos rapazes com uniformes de piloto e você canta "Opp, opp, opp". E chegam a um desses aviões Draken (avião militar). Não é irônico isto?
A: Sim, mas eu não tinha medo então. (risos)

L: Se você olhar para trás em sua vida, lembra de ter feito algo que fez você pensar "Uau, isso foi realmente corajoso da minha parte"?
A: Hmm. Eu não sou o tipo de pessoa corajosa que anda pulando de pára-quedas. (risos) Quem me dera fosse uma pessoa que pudesse dizer que começou mergulhando em alto mar, mas mas eu não sou assim. Eu não sou aventureira dessa forma. Eu acho que é corajoso não ter medo de mostrar seus sentimentos, atrever-se a expressá-los. Porque eu sou realmente uma pessoa sensível. Eu choro fácil e tenho os meus altos e baixos. Eu não sou uma pessoa que calcula seus passos, como muitas vezes li que devem ser as pessoas que trabalham nisso. Mas não creio que fui assim. Talvez possa ficar desse jeito. Ainda mais.

L: Mas você conseguiria ainda mais?
A: Não, talvez não.

L: Uma das músicas mais reveladoras do álbum é “Sometimes When I’m Dreaming”.
A: Sim, é uma das minhas favoritas.

L: Fale-me sobre essa canção.
A: Foi Art Garfunkel quem a cantou e por um longo tempo eu pensei que ele é que a havia escrito. E ela realmente me capturou, em parte pela melodia e em parte pelas letras, que são muito boas. Às vezes, pode ser como que algo está completo, quando a música e as letras andam juntas. É como se fossem escritas simultaneamente. Essa é uma dessas canções. E depois, quando fizemos algumas pesquisas descobrimos que não era ele quem havia escrito, em vez disso foi escrita por um inglês, Mike Batt.

L: Uma canção incrivelmente triste.
A: Sim, mais uma. É do tipo que eu gosto.

L: Eu primeiro me apaixono quando sonho.
A: Sim, exatamente.

LB: Bem...
AF: Bem...

(risos)

L: Existe uma coisa tão feliz quanto o amor?
A: O amor deveria ser feliz, mas infelizmente ele não é. Infelizmente há uma grande parte infeliz no amor. Então a pessoa que encontra sorte e amor é sortuda. E ainda ser capaz de lidar com isso. Mas eu acho que você tem que trabalhar isso.

L: E você pode sentir-se atraída por isto. Você pode sempre sonhar.
A: Sim. Acho que você pode se permitir. E é bom sentir-se atraído.

L: Você consegue?
A: Sim, consigo.

L: Não te interessa o que as pessoas pensam?
A: Isto se torna menos importante com o tempo, eu acho, porque às vezes eu sinto que eu quero apenas ser eu mesma. Eu não quero pensar no que os outros pensam de mim.

L: Você pratica (melhora) a sua autoconfiança?
A: Eu acho que você pode e que você deve fazer isso.

L: Você faz isso? Ou você sempre... Está confiante?
A: Hum, eu ficou ofendida com as críticas muito facilmente, especialmente quando se tratam de críticas injustificadas. Acho que eu sei fazer algo da melhor maneira possível, dentro dos meus limites. Mas eu não sou muito confiante no que toca a mim mesma, quando estou no palco. Sinto-me um pouco insegura quando se trata disto, já que se trata do meu trabalho lá fora.

L: Mas ao mesmo tempo você parece saber muito bem o que quer.
A: Sim, eu sei o que quero, mas é difícil para mim exprimir isso com gestos. Sinto-me bastante tensa.

L: Mas você não pode trabalhar isso?
A: Sim, penso que posso. Se eu me sentasse aqui dando entrevistas todos os dias, então em cerca de uma semana seria muito mais fácil. Eu provavelmente seria realmente divertida então.

(risos)

L: Mas você não é muito engraçada do jeito que você é?
A: Sim, talvez, às vezes.

L: Você gostaria de uma pitada de rapé?
A: (risos) Esta foi provavelmente a entrevista mais engraçada que fiz.

***

O especial "Agnetha" foi exibido em 2004 na Alemanha, Finlândia, Suécia, Dinamarca, Holanda, Estônia e Polônia.

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