quarta-feira, 26 de maio de 2010

Pop Foto, 1977: Anni-Frid quando descobriu que seu pai ainda estava vivo - "Eu chorei como uma criança"

Um artigo da revista holandesa Pop Foto sobre o encontro em 1977 de Frida com o seu pai há muito tempo desaparecido, graças a um artigo sobre o ABBA que foi publicado na revista alemã Bravo.

Ela parou na soleira da porta iluminada, marcada como uma imagem escura, e por alguns instantes ele pensou que estava de volta a uma época diferente, uma época cheia de medo, desespero e violência. Por um momento empolgante ele pensou ter visto alguém na luz fraca da noite, aquele amor há tempos perdido... Então a mulher no limiar estendeu seus braços e o reflexo da lâmpada bateu no cabelo castanho-avermelhado, a testa alta e os olhos quase familiares. Ele hesitou e depois propositalmente deu um passo à frente. Abraçados fortemente um ao outro, eles apenas ficaram ali parados por um tempo... Anni-Frid Lyngstad havia encontrado o seu pai depois de trinta e dois anos!

Foi assim o primeiro encontro entre Anni-Frid Lyngstad, de trinta e um anos de idade, mãe de dois filhos e mundialmente famosa como cantora no grupo sueco ABBA, e seu pai supostamente falecido, de cinquenta e oito anos de idade, Alfred Haase, assessor de uma fábrica especializada em equipamentos para padarias. Pai de uma filha de trinta e cinco anos de idade, um filho de trinta anos e avô nada menos do que duas vezes! Por alguns minutos no final, eles ficaram abraçados um ao outro na brisa da noite e não sabiam o que dizer, porque ele não fala sueco e ela não fala alemão!

Era sexta-feira, dia 9 de setembro, e Alfred Haase de Karlsruhe fez uma longa viagem da Alemanha para a mansão de Anni-Frid, próxima a Estocolmo, e de 1977 para 1945! Às 17:05h o avião decolou de Frankfurt e após uma escala em Hamburgo desembarcou no aeroporto de Estocolmo às 20:10h. Durante três horas Alfred remexeu-se em seu assento, dificilmente ousando fechar seus olhos, porque então ele podia ver aquele rosto, com lágrimas nos olhos escuros, que o perseguia desde fevereiro de 1945... o rosto da então com dezenove anos Synni Lyngstad.

Quando ele finalmente parou no hall de entrada, um homem aparentemente calmo com cabelos grisalhos ondulados, barbudo e barrigudo, foi abordado por dois rapazes que o escoltaram até uma Mercedes preta, na qual Benny Andersson e uma senhora de aproximadamente cinquenta anos estavam esperando por ele. Dentro de uma hora, ele estava de pé na semi-escuridão em frente à porta da luxuosa mansão e viu a porta aberta, uma mulher escovando nervosamente seu cabelo na frente do rosto... Anni-Frid, a mulher que deveria ser sua filha. A filha de Synni! Ao fundo Benny e a tia de Anni-Frid, uma irmã de Synni Lyngstad, engoliram em seco. Em seguida Anni-Frid disse "Wilkommen..." (bem vindo em sueco) e o gelo foi quebrado! Recentemente Alfred Haase soube que era o pai de Anni-Frid Lyngstad, a mulher que sabe cantar "Fernando", a sua canção do ABBA favorita, de uma forma que lhe dava uma sensação de melancolia.

A essa altura sua irmã por acaso viu uma conhecida revista alemã de sua filha de quinze anos, Andrea Buchinger, casualmente leu um artigo sobre o ABBA e quase ficou sem ar quando viu que Anni-Frid afirmava que ela era filha de um soldado alemão afogado, Alfred Haase, o seu próprio irmão! A família inteira foi convocada e Peter, filho de Alfred, surpreendeu seu pai com a pergunta: "Quem foi Synni Lyngstad, pai?" e o artigo sobre a descendência de Anni-Frid! Quando ele recuperou-se da surpresa e da emoção, ele teve que assumir que Anni-Frid era sua filha. Mas só agora, quando ele a ouve falar, vê seu rosto e seus olhos, segue seus movimentos e de repente agarra a sua mão quando ela lhe serve o café, ele tem a certeza. Anni-Frid é a sua criança, a sua filha, que nasceu do amor no norte frio da Noruega. Naquela noite, Alfred Haase teve dificuldade para dormir no quarto especial na casa de Anni-Frid e Benny que estaria sempre pronto para ele a partir de agora...

Benny: "Ela não acreditava nisso. Ela não acreditava que seu pai ainda estava vivo na Alemanha. Ela não queria ver ou ouvir, nem mesmo falar sobre ele! Liguei para Alfred Haase e lhe fiz perguntas que só ele poderia responder se realmente fosse o seu pai. Sobre a mãe de Anni-Frid, a pequena cabana onde ele viveu por alguns meses e sobre a aldeia de Balangen... Ele sabia sobre tudo, muito mais do que eu perguentei. Então nós tivemos certeza e Anni-Frid ficou completamente confusa por alguns dias. Nós conversamos por noites a fio e pouco a pouco ela se acalmou..."

Alfred Haase: "Uma filha de trinta e dois anos! Imagine isso. Eu nunca soube dessa garota especial na Noruega, minha Synni, que nunca respondeu às minhas cartas quando voltei para a Alemanha, deu à luz a minha filha! A primeira coisa que pensei quando percebi que isto era verdade foi: 'Como a vida pode ser cruel.' Porque a mãe de Anni-Frid, Synni, deve ter sido extremamente infeliz. E solitária, quando morreu..."

Anni-Frid: "Quando você sempre pensa que é um órfão, você começa a sonhar com seus pais. Você tenta imaginar como eles teriam sido. Eu tenho algumas fotografias da minha mãe, mas eu realmente não me refiro a elas. E sobre o meu pai eu só sabia que ele era um soldado alemão, que morreu afogado quando seu navio foi torpedeado perto da Dinamarca. Agora que conheci Alfred Haase, e sei que só ele pode ser meu pai, eu não poderia estar mais feliz. Porque eu não poderia ter desejado um pai melhor!"

A trágica história de Synni Lyngstad

Na verdade, a história de amor de Alfred Haase, oficial na ocupação do exército alemão, e Synni Lyngstad, uma inocente garota da aldeia, é a clássica história de duas pessoas que não terminam juntas. Porque havia uma guerra acontecendo, e ele era um ocupante alemão e ela ainda era quase uma estudante.

Ela tinha 19 anos, com cabelos escuros e esguia, quando eles se encontraram pela primeira vez, e ele tinha 26 anos, um rapaz loiro com bigode e um senso de humor. Quando se inscreveu para o serviço militar no exército alemão de ocupação, Alfred Haase era empregado como padeiro, casado com Anna Farbe e pai de uma filha de dois anos, Karin. Synni não conhecia mais do mundo a não ser o seu lugar do nascimento, Balangen, e a cidade de Narvik, cinquenta quilômetros mais adiante.

Era junho de 1944, os alemães haviam ocupado a Noruega com uma violência horrível e um jovem oficial alemão estava estacionado em uma casa de campo perto da vila de Balangen. Todas as manhãs, o sargento Haase ia até a aldeia e todas as manhãs, sempre coincidentemente quando ele passava via uma garota cuidando da horta de seus pais. Após os primeiros tímidos sorrisos, o soldado bigodudo criou coragem e começou uma conversa. Não levaria muito tempo para os corretos cidadãos de Balangen vê-los juntos muito frequentemente. As pessoas balançavam a cabeça e avisavam a Synni Lyngstad: "Nada de bom pode vir disso, ele é um ocupante alemão!" Mas Synni sorria, sacudia os cabelos muito escuros e caminhava até a casa fora da aldeia com um ramo de flores no dia seguinte. No decorrer desse verão, seu alemão melhorou, e suas visitas à solitária casa de campo tornaram-se mais frequentes...

Eles atravessavam as vastas florestas juntos, mergulhavam em lagos isolados e ficaram loucamente apaixonados um pelo outro. Esqueceram-se da guerra com toda a sua crueldade, mas não seria por muito tempo antes que a guerra mudasse suas vidas... Em outubro de 1944, Alfred Haase foi transferido para Narvik, a cinquenta quilômetros de Synni! Escureceu a fria Noruega, a guerra endureceu e Synni e Alfred não mais se viam tanto um ao outro. De repente, em janeiro de 1945, boatos perturbadores se espalharam entre os ocupantes alemães: eles iriam embora já na manhã seguinte, no barco de sete horas! Que noite, Alfred tomou emprestada uma bicicleta, ele tinha que ver Synni mais uma vez. A dez quilômetros de Narvik, o pneu quebrou! Alfred tropeçou de volta à cidade, tomou uma outra bicicleta, que quebrou também, e então ele tropeçou até Balangen. Synni estava lá esperando por ele. Os dois amantes não falaram muito naquela noite e na manhã seguinte Synni viu Alfred voltar para Narvik, com lágrimas nos olhos. Eles nunca mais se veriam outra vez...

Alfred chegou em Narvik a tempo de escrever uma carta para a Dinamarca, na qual ele colocou o seu último dinheiro norueguês. Nessa mesma época, Synni recebeu uma mensagem de que ele havia se afogado em algum lugar perto da costa norueguesa. De acordo com Alfred Haase, ele nunca poderia ter imaginado que Synni daria à luz uma filha em novembro de 1945, que se chamaria Anni-Frid. Ele também nunca soube que Synni morreu de insuficiência renal, dois anos depois de Anni-Frid nascer, solitária e desprezada pela vizinhança, enquanto o pai de sua filha começava uma vida nova na Alemanha...

Notas laterais da revista:

"Tyksbarn" era como as pessoas na aldeia de Balangen chamavam a filha de olhos escuros de Synni Lyngstad, que significa algo como "filha do amor alemão". Após a morte da filha, a avó Lyngstad estava farta de ser uma pária no bairro. Ela levou Anni-Frid aos dois anos de idade para a Suécia, onde ninguém sabia de sua descendência.

"Um repórter de Hamburgo me chamou e disse: 'Você ainda trabalha? E quanto aos milhões que você recebe da sua filha mundialmente famosa?!' Outro disse quando eu atendi o telefone: 'É o famoso senhor Haase?' Algumas vezes você pode ser aborrecido por algumas pessoas...", de acordo com Alfred Haase.

(Fonte: Abbaarticles)

2 comments:

Guilherme Daniel disse...

Muito Bom Post

Anônimo disse...

eu amo o grupo por favor mande o endereco do grupo abba

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