Um templo grandioso com cores, brilhos e
músicas inteiramente dedicado ao ABBA. Sim, a partir de amanhã, 7 de maio de
2013, o sonho de milhões de fãs ao redor do mundo se torna realidade. O museu
do ABBA, na Suécia, abre suas portas após anos de expectativa, especulações,
planos e trabalho árduo. Um local único, onde será possível passar pelos
estúdios da Polar Music, os camarins dos shows, os parques suecos, os cenários
das fotos e muito mais. O museu vai exibir reproduções fiéis desses lugares
todos, além de peças 100% originais, da época do ABBA (roupas, acessórios, objetos
etc.).
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Ilustração de como será o museu |
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Personal stylist do ABBA enquanto o grupo esteve ativo, Ingmarie Halling é a curadora do museu |
Além disso, apresentações interativas
completam a euforia: você pode se “mesclar” ao ABBA, sentir-se um dos membros do
grupo e cantar junto com eles no palco, em pleno show. “Vamos entrar em um lugar onde cada um dos visitantes poderá, por alguns instantes, se tornar o quinto integrante do ABBA”, explica Mattias Hansson, diretor executivo do museu, para a BBC. Um verdadeiro túnel do
tempo que recria toda a magia de um tempo em que o quarteto sueco reinava nas
paradas de sucesso mundo afora e vendia discos feito água.
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Ingmarie Halling e Mattias Hansson, diretor executivo do museu |
ABBA The Museum fica na ilha de
Djurgården, situada ao leste de Estocolmo, capital sueca. Björn, juntamente com
Benny e Frida, estarão lá amanhã para cortar a fita inaugural. Agnetha não vai
estar presente, pois se encontra em Londres divulgando seu novo CD, A. Novamente a loura do ABBA é motivo de
controvérsia. Teria sido essa ‘ausência’ uma estratégia para não aparecer junto
aos outros ex-membros do grupo? Ou apenas mera coincidência? As opiniões entre
os fãs ficam divididas.
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Agnetha posa para foto de divulgação de seu novo CD solo (maio de 2013) |
Apesar de se mostrar cada vez mais à
vontade com a mídia, concordando em ser entrevistada por jornais, revistas,
aparecer em programas de TV e até mesmo em sair da Suécia só para promover seu
novo álbum, Agnetha ainda parece relutante quando se trata de juntar-se aos
antigos colegas do grupo. Mas nem isso é capaz de arranhar o brilho dessa
inauguração. Fãs de várias partes do mundo são esperados no evento, que vai
recontar com detahes toda a trajetória do ABBA, desde a vitória no Eurovision
Song Contest em 1974 até o fim da banda, nove anos depois.
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ABBA após a vitória no Eurovision (1974) |
O museu conta com o apoio total dos ex-membros do ABBA. Björn gerencia diariamente as dezenas de funcionários envolvidos nos últimos preparativos para a grande inauguração. Nada ficou de fora do acervo, nem mesmo
as famosas botas-plataforma, tantas vezes usadas pelo ABBA. Um detalhe
interessante: como Björn era o mais baixo dos quatro, suas botas eram sempre as
de salto mais alto. E assim como a sensacional guitarra em forma de estrela,
usada na noite do Eurovision, suas roupas eram sempre as mais extravagantes.
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ABBA em 1975 |
“Sim, eu usava as roupas mais
engraçadas, mas a culpa era minha mesmo. Acho que todos queriam um look bem radical, chamativo. No meu
caso, creio que eu queria mais do que os outros”, conta ele ao jornal inglês
Daily Mail do último dia 3 de maio, em entrevista concedida à jornalista Jan Moir. “Talvez eu tivesse menos autoconfiança que
os outros e tentasse balancear isso com aquelas roupas engraçadas”.
Aos 68 de idade, Björn conserva-se tão
em forma quanto antigamente. “Experimentei um dos meus macacões antigos do ABBA
há uns dois anos. Serviu direitinho, sem problema. E eu fiquei ridículo, claro”,
diverte-se ele. “Björn me disse que, com o passar do tempo, tem sido mais fácil olhar para o passado. Tanto para as lembranças boas quanto para os momentos difíceis”, revela Mattias Hansson.
Sobre a recorrente pergunta a respeito
de uma possível volta do ABBA, mais uma vez ele é categórico: “Juro pra você
que o ABBA nunca vai se juntar novamente – eu não suportaria o estresse de desapontar
a todos”, revela. “E quando você escuta nossas músicas, não acha gostoso ter na
mente a imagem de quatro jovens cheios de energia? Muito melhor do que quatro
velhotes, sem dúvida”.
Björn posa para as câmeras do Daily
Mail, sentado no banco de praça montado em um dos cenários do museu. O mesmo
banco que aparece na foto da capa do LP Greatest
Hits (1976), bem atrás dele – uma das primeiras fotos publicitárias do
ABBA. Hoje ele se parece exatamente com o que de fato ele é: um abastado
empresário e investidor sueco, alguém com “vários interesses comerciais”. Tanto
que ele é o maior investidor do museu, que conta ainda com um hotel de 50
dormitórios.
Sob circunstâncias normais, Björn
Ulvaeus nunca se envolveria no projeto de um museu dedicado ao ABBA. Não é do
seu feitio (ou de qualquer outro ex-membro do ABBA) ficar alardeando sobre o incrível
sucesso do grupo. A natureza dos suecos não deixa espaço para estrelismos nem deslumbramentos.
“É meio estranho”, ele conta. “Mas o museu vai estar aqui na minha cidade, bem na
minha porta. Vou ser constantemente lembrado de que ele existe. Eu não
conseguiria conviver com as pessoas passando por ele e dizendo ‘bem, humm, é mais
ou menos, Björn, podia ser melhorzinho’, sabendo que eu poderia ter ajudado a
fazer algo bacana e melhor”.
E é exatamente o que ele está fazendo
com o novo empreendimento em sua cidade – que por sinal já tem 70 museus (provavelmente
mais museus por quilômetro quadrado do que qualquer outro lugar do mundo). Em
se tratando de Estocolmo, o passado nunca está muito distante.
Apesar das perguntas dos jornalistas
serem sempre semelhantes, assim como muitas das respostas, nem tudo já foi dito
e feito. “Será que a esta altura já revelei tudo?”, questiona-se Björn. “Creio
ter sido muito aberto sobre mim mesmo em entrevistas e programas, mas ainda há
muito lá no fundo. Existem segredos. As pessoas se surpreenderiam comigo, mas
nunca contarei por quê”, diz ele, mantendo a privacidade.
Björn ainda lida com o desafio emocional
de caminhar em um museu dedicado ao trabalho de toda a sua vida – o tipo de
homenagem que geralmente é prestada às pessoas depois de mortas. “Eu sei”, concorda
ele, “mas a sensação é mais ou menos essa mesmo. Estamos contando a história de
quatro outras pessoas. Não sou quem eu era. Olho pra mim naquela época e mal
reconheço quem é aquele rapaz. Mas não cheguei a esquecer completamente”.
Que conselho ele daria para aquele Björn
da juventude? “Eu diria e ele, olhe para o que é importante de verdade e
descarte o resto. Essa é a dificuldade, uma vez que você se encontra no meio de
algo tão grande. Muita gente quer um pedaço de você. E você acaba querendo agradar
a todos, o que é impossível”.
No auge da fama, por vezes hordas de fãs
forçavam o grupo a se trancar em quartos de hotel durante as turnês. Ainda bem
que a Suécia estava sempre ali para quando eles voltassem para casa. “Podíamos
andar por Estocolmo e as pessoas sabiam que ali estavam Björn e Agnetha, mas ninguém
nos incomodava. Algumas pessoas precisam de paredes em volta de si, segurança.
Acreditam que têm que sobreviver a algum tipo de mito. Mas nós decidimos que
não, que isso não era para nós”.
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Benny e Frida: em 1976 e em 2010 |
O peso de fazer parte do ABBA foi demais
para os dois casais. As mudanças ocorridas dentro do grupo após os divórcios se
refletiram nas músicas. Um dos grandes paradoxos do ABBA era o fato de uma fina
camada de melancolia se manter logo abaixo da superfície de canções alegres. “Muitas
das canções são melancólicas, lentas, algumas até com letras mais profundas.
Mas de alguma forma os arranjos e a voz das garotas iam contra isso totalmente,
dando um ar radiante às músicas. Mesmo quando eram canções mais tristes”.
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Lena e Björn |
Casado com a jornalista sueca Lena Källersjö
desde 1981, com quem permanece até hoje, Björn leva uma vida simples, à moda
dos suecos. A riqueza nunca o distanciou de seus prazeres domésticos. Ele passeia em seu barco, corre na esteira de
sua academia e se diverte viajando com a família – seus quatro filhos e cinco
netos, além da esposa. “Alugamos uma casa bem grande e o vovô aqui aproveita
para brincar com os netos na piscina”, conta. Recentemente ele aceitou a
velhice. “O que eu mais sinto falta é daquele futuro sem limites que eu
vislumbrava. Quando o horizonte parecia tão distante. De repente você se dá
conta de que esse não é mais o caso. A vida não continua para sempre e você vê
que já realizou a maioria das coisas com as quais sonhou. É uma situação
completamente diferente”.
O ABBA é, sem dúvida, merecedor de um
museu. Durante os nove anos em que o grupo esteve ativo, vendeu mais de 400
milhões de álbuns e compactos. ABBA Gold
é o terceiro álbum mais vendido de todos os tempos – e continua vendendo
milhões de discos a cada ano. Nada mais justo do que um museu que terá a honra
de ser visitado por seus próprios homenageados.
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